postado em 02/06/2019 04:29
Apaixonada por cremes cheirosos e perfumes, a engenheira ambiental Lívia Carvalho, 28 anos, é proibida de usá-los. Em contato com a pele dela, provocam uma reação do sistema imunológico que deixa a pele toda inflamada e com coceira. Ela convive com a dermatite atópica desde criança, mas ainda é um sufoco. ;Não posso usar nada de perfume. Hidratante tem que ser um específico, caríssimo;, enumera as dificuldades.
O diagnóstico formal só foi feito quando Lívia tinha 19 anos. Até então, choviam recomendações caseiras de conhecidos e até de estranhos no ônibus. Algumas tinham efeito positivo, outras não adiantavam nada. Desde que descobriu a doença, no entanto, faz o tratamento de forma descontinuada. Isso porque ele se baseia, simplesmente, em manter a pele hidratada, e o único creme que ela pode usar custa R$ 150.
Antigamente, as lesões da engenheira se limitavam aos braços e às pernas, mas, ultimamente, também se espalharam para mãos, dedos e couro cabeludo. As feridas vão e voltam. Lívia já entendeu que o emocional também influencia. ;Agora mesmo, a minha dermatite está bem atacada, e já tenho consulta marcada;, conta. Com uma bebê que nem sempre dorme bem, o cansaço físico e emocional não ajuda a evitar as crises.
Lívia evita banhos quentes, pois sabe que ressecam ainda mais a pele e provocam a dermatite. Ela se lembra de um episódio em Caldas Novas: ;Meu pescoço ficou todo irritado. Foi horrível.;. Agora, ela se preocupa com a filha, que também pode ter o problema e já deu alguns sinais.
A dermatologista Natália Souza Medeiros, do Hospital Santa Lúcia, afirma que o mais comum é a alergia regredir depois da infância. Em todo caso, como é um quadro muito recorrente, o principal tratamento é o cuidado diário com a pele, com bastante hidratação. ;Nos períodos de crise, podemos fazer uso de corticoides tópicos, anti-histamínicos, no caso de pacientes com muito prurido, e até antibiótico, em caso de infecção nas lesões;, explica.
Segundo a médica, hoje em dia, há os imunobiológicos para diversas doenças de pele. ;Mas é o degrau final da escada de tratamento, porque eles têm efeitos colaterais graves, por promoverem a imunodepressão, além de serem muito caros.;
Atópica ou de contato?
A dermatite atópica é um dos tipos mais comuns de alergia cutânea, e é crônica. Já a dermatite de contato só acontece quando o paciente toca algum alérgeno, que pode ser um alimento ou algum produto na pele. ;Em geral, a gente observa se as lesões serão no local do contato;, diferencia a dermatologista Natália Souza Medeiros, do Hospital Santa Lúcia. Já quem tem dermatite atópica apresenta pele seca, erupções que coçam e crostas, principalmente nas dobras dos braços e na parte de trás dos joelhos.
Alguns fatores de risco para as crises de dermatite atópica são aproximação de pólen, mofo, ácaros, pelos de animais; contato com materiais ásperos; exposição a irritantes ambientais, a fragrâncias ou corantes adicionados a loções ou sabonetes, a detergentes e produtos de limpeza em geral; roupas de lã e de tecido sintético; baixa umidade do ar, frio intenso, calor e transpiração; infecções; estresse emocional e certos alimentos.