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Nem o oceano os separou

postado em 09/06/2019 04:09


Mais de 9 mil quilômetros de distância não foram um problema para Francine Verzeletti Clark, 24 anos, e Ryan Clark, 29. A brasileira e o escocês, que passaram sete anos alternando visitas e conciliando períodos de férias, viram a tecnologia como maior aliada para participarem da vida um do outro. Além de fundamental para a manutenção do relacionamento durante o período separados fisicamente, a internet foi a ferramenta inicial para que eles se conhecessem, graças a um chat on-line.

;Logo que começamos a conversar, ficamos conversando por nove horas seguidas. Ele pediu meu e-mail e nós não queríamos mais deixar de falar um com o outro;, relembra Francine. Três meses depois de se conhecerem, Ryan embarcou rumo ao Brasil, em abril de 2010, e a recepção não poderia ter sido melhor ; a família da dentista ficou encantada com o rapaz.

A melhor alternativa era conciliar as visitas com as férias ; período em que Ryan vinha ficar com Francine e a família. Eles se encontravam de duas a três vezes ao ano e sempre se falavam pelo celular. Manter-se presente na rotina um do outro foi um desafio. ;Isso afetou um pouco a minha vida social. Era difícil adequar o fuso horário e as saídas à noite. Por isso, deixei minhas amigas um pouco de lado;, conta Francine.

A barreira da língua, no entanto, nunca atrapalhou as longas e recorrentes conversas. O sotaque carregado da Escócia dificultava um pouco a compreensão de Francine, e o empresário não falava português. Porém, para tudo se dá um jeito. Após várias visitas ao Brasil e com a ajuda e a atenção da mãe dela, Ryan logo aprendeu algumas palavras na língua da namorada.

Aprendizado
A psicóloga Graziele Machado explica que, para superar barreiras culturais, o mais importante é ter abertura para aprender um com o outro. ;As pessoas se disponibilizam a vivenciar e usufruir dos aprendizados adquiridos com a outra cultura e, em muitos casos, acabam se apaixonando ainda mais por essas características;, destaca a especialista. Quando isso acontece, é um terreno muito fértil para o relacionamento crescer.

O diálogo também é ferramenta importante para diminuir inseguranças. A confiança, assim como em qualquer outro relacionamento, é primordial, garante a psicóloga. Não dá para ficar querendo saber sempre onde o outro está, mesmo com a ajuda dos celulares. ;O ciúme, quando unido à saudade, pode desencadear alguns quadros de ansiedade, assim como desgastar a relação;, pondera.

O casal, entretanto, não teve problemas com relação a isso. ;Aprendemos a desenvolver a confiança, porque se não você vive em pé de guerra;, acredita Francine. O maior problema entre eles eram as despedidas e o longo período sem se ver ; que já chegou a durar 10 meses. Quando o momento da separação chegava, além de afetar o psicológico, Ryan também se sentia mal fisicamente.

Em 2015, decidiram dar o próximo passo. O Castelo de Dumbarton, na Escócia, foi cenário para o pedido de casamento, que ocorreu dois anos depois, em Brasília. A dentista, então, carimbou o passaporte e se mudou para a cidade do marido, Glasgow, onde mora há pouco mais de um ano.

;Passamos tanto tempo longe um do outro que a vontade de fazer a distância acabar era maior que qualquer insegurança sobre deixar o meu país. Porém, depois que cheguei aqui, senti muita falta da comida brasileira e da minha família. Cada escolha é uma renúncia, mas eu sou feliz e nunca me arrependi da escolha que fiz;, garante Francine.




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