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Prontos para procriarem

Animais que já se conhecem têm mais facilidade na hora do acasalamento. Saiba esse e outros detalhes que merecem atenção antes do cruzamento de animais

postado em 09/06/2019 04:09
Pimpão e Estrella já cruzaram duas vezes: entrosamento antes do ato

Cruzar o pet está longe de ser uma decisão simples. Submeter o bichinho a essa experiência exige conhecimento prévio e preparo. A escolha do parceiro, que deve ser muito bem acertada, faz parte desses cuidados. Quando o casal interage antes da cruza e se tem conhecimento sobre as condições de saúde do pretendente, o acasalamento costuma ser mais fácil. Nesses casos, os animais não se estranham, e as chances da gestação ser tranquila e de nascerem filhotes saudáveis são maiores.

;Fêmea e macho precisam se conhecer antes de acasalar pela primeira vez para que não ocorram brigas nem incompatibilidade de comportamento;, afirma a veterinária Ana Paula Amaral, da Vet Med. Para garantir o bom relacionamento entre os animais, vale apresentá-los aos poucos, colocar fêmea e macho frente a frente para que tenham os primeiros contatos, sempre prestando atenção na reação deles e em possíveis brigas.

Se não estiver no cio, a fêmea pode, sim, recusar o macho, ainda que esteja, aparentemente, tudo certo. A dica é respeitar a natureza dos animais. Nessas horas, nada de querer apressar o contato entre os dois. Até mesmo o ambiente influencia na possibilidade de ela repelir o parceiro, como explica a veterinária Carolina Freitas, da SPet. ;É uma resposta hormonal. Portanto, a fêmea pode não aceitar mesmo na época considerada certa para acasalar. É melhor que as pessoas não fiquem em cima, olhando, durante a tentativa;, orienta. A veterinária também sugere que os futuros papais fiquem juntos por mais ou menos cinco dias antes de cruzarem. Dessa forma, eles se acostumam um com o outro e criam uma amizade.

Cruza planejada
Foi assim que os cachorrinhos Pimpão, 3 anos, e Estrella, 1 ano e meio, tiveram três filhotinhos. A tutora deles, a administradora Nájila Bergman, 48, deu tempo aos bichinhos para se entenderem. O entrosamento do casal de spitz alemão ocorreu aos poucos, e a companhia um do outro por dias antes do cruzamento foi um facilitador.

;Tínhamos Pimpão já havia algum tempo quando trouxemos Estrella para casa. Na primeira semana, os dois se estranharam, mas, com o tempo, ficaram superdóceis um com o outro;, conta Nájila. E importante: a cruza foi pensada e responsável. A tutora, abastecida de dedicação e de recursos para cuidar dos animais no apartamento em que vive, deixou-os livres para se relacionarem.

A cadelinha já passou por duas gestações. O primeiro filhote veio seis meses atrás. E há 30 dias, a família de caninos recebeu mais dois cachorros. Nájila garante que a chegada dos peludinhos provocou uma mudança no comportamento de Pimpão e no entrosamento entre macho e fêmea. ;Ele ficou muito protetor quando Estrella estava grávida, estava bastante ciumento. É curioso ver isso. Agora com os filhotes, tenho a impressão que os dois ficaram mais responsáveis;, acredita.

A exemplo de Pimpão e Estrella, macho e fêmea precisam estar saudáveis para procriar. O pretendente pode apresentar anomalias genéticas e passá-las adiante para o filhote. A veterinária Ludmilla Humig, da Clínica Vida Animal, recomenda, na escolha dos pais, o estudo das gerações anteriores para saber o que as linhagens podem proporcionar aos descendentes. A veterinária aponta que essa é uma maneira de evitar que patologias genéticas sobressaiam no cruzamento.

;Animais com hérnia de umbigo e machos que têm somente um testículo, por exemplo, não são bons candidatos para o cruzamento, porque os filhotes podem ter o mesmo problema;, alerta Carolina. Fêmeas com fratura na pélvis podem ter complicações como futuras mamães e também devem evitar o cruzamento. Ela recomenda: ;E, quando não há o desejo de que o animal dê cria ou não há recursos básicos para cuidar de uma ninhada, a melhor alternativa é a cirurgia de castração;.

Atenção
Toda relação entre pets com alguma semelhança genética é contraindicada. Isso porque a reprodução dos mesmos genes leva a complicações. É o que indica Carolina: ;Quanto maior a semelhança genética, mais chances de desenvolver problemas congênitos na ninhada;.

O tamanho do macho é outro fator relevante. A estatura dele deve ser compatível com o porte da fêmea para, assim, evitar o desenvolvimento de fetos muito grandes. O ideal é que o macho seja até um pouco menor que a parceira. A incompatibilidade de tamanho pode trazer malformação no feto e problemas de saúde para a mãe. Em casos mais graves, pode ser necessária uma cesárea não programada, como acrescenta Ana Paula.

A idade mínima para ter filhotes, para gatos e cachorros, tanto fêmea quanto macho, é de um 1 e meio. Entre os cães, aqueles que já têm de 5 a 6 anos, em geral, não devem procriar. Para os gatos, a idade máxima é de 7 anos. Animais novos demais não são indicados para a cruza, porque ainda não desenvolveram a maturidade sexual, e a mãe, por conta da pouca idade, ainda não apresenta aptidão materna.




Como funciona o cio
Diferentemente das mulheres, cadelas e gatas não têm ciclo menstrual, mas, sim, ciclo estral. As fases iniciais do ciclo, em cadelas, são marcadas por inchaço na vulva e nas mamas. Os vasos ficam dilatados, o que pode provocar sangramento. Essa primeira fase dura, em média, nove dias. Depois, vem o cio, momento em que a fêmea permite a aproximação do macho. A tendência é que a fêmea não aceite acasalar fora desse período.
Nas gatas, o ciclo estral depende, principalmente, de fatores ambientais. Exemplo curioso é que, quando o tempo está quente, o cio é mais longo nas felinas. Além disso, a presença de machos não castrados por perto pode servir de estímulo para o cruzamento. O momento do cio fica evidente na mudança de comportamento, já que as gatinhas tendem a ficar mais carinhosas. ;A gata fica mais calorosa, levanta o rabo ao receber carinho e também mia muito;, explica a veterinária Carolina Freitas.


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