Ana Flávia Castro *
postado em 14/07/2019 07:00
Assim como os seres humanos, não é difícil perceber a mudança de comportamento do animal durante os diferentes períodos da vida. A temida adolescência ; fase marcada pela vontade de descobrir o novo, pela rebeldia e também pelos hormônios a mil ; é crucial para definir como o filhote reagirá às situações enquanto adulto.
Durante o período, que vai dos 6 aos 18 meses de vida, os bichinhos certamente apresentarão algum sinal. Porém, cada um tem suas particularidades. Entre os machos, por exemplo, a vontade de desbravar o mundo e se afirmar como macho-alfa é notável. Eles fazem mais xixi para marcar território, podem querer fugir de casa o tempo todo e ficam brigões durante os passeios.
Para elas, com a maturidade hormonal atingida, é durante a adolescência que ocorre o primeiro cio. As fêmeas também disputam seu espaço e tendem a ser mais possessivas.
É durante essa fase que o pet estará mais ativo e curioso. Os animais adolescentes querem brincar, correr e bagunçar mais. É importante ajudar o bichinho a gastar energia, levando-o para passear e correr. Porém, todo esse vigor precisa ser controlado com seriedade pelo tutor: mostrar a ele que existem limites e regras é indispensável.
Como explica a veterinária Bruna Rezende, o filhote precisa saber que não é ele quem manda, porque é na adolescência que o cachorro define seus comportamentos para o resto da vida. ;O animal precisa entender qual é o seu papel na casa.; Para isso, ela recomenda também o auxílio de um veterinário comportamentalista, responsável por treinar o adolescente.
Fase de mudanças
Durante a transição para a vida adulta, a socialização tende a ser um pouco mais complexa porque os bichinhos estão cheios de energia e doidos para se estabelecer como dominantes. Porém, ela é muito importante. Caso contrário, o filhote pode se tornar um adulto intolerante e ciumento ; com os brinquedos e com o próprio tutor. ;Ele precisa se adaptar ao diferente, aos outros animais e a outras pessoas;, descreve a veterinária.
Mas, antes de incentivar o contato com outros bichos, é preciso que o pet esteja com a saúde em dia. Ele precisa ter tomado todas as vacinas e vermífugos e manter sob controle o risco de pulgas e carrapatos, aconselha Bruna.
Quanto à alimentação, o que muda é que a quantidade necessária de proteínas diminui. Mas, isso é facilmente controlado com a alteração do tipo de ração de filhotes para a de adultos. Caso o animal siga uma dieta natural, é fundamental o acompanhamento de um veterinário especialista, para que o pet não coma apenas restos, mas, sim, adequadamente.
Período de rebeldia
O cachorro Jack, de 9 meses, está passando pela fase da adolescência a mil. ;Ele é bem desobediente, faz xixi em tudo, dentro de casa, e não podemos deixar nada sem supervisão que ele dá um jeito de destruir;, conta a tutora dele, Priscilla Crepaldi, 20 anos. O cãozinho sem raça definida não gosta nem um pouco de receber ordens. Ele tem vontade de sair por aí sem rumo o tempo todo e só volta quando quer.
Jack, que foi adotado aos 2 meses, nunca teve problema com os dois outros pets da casa ; o pitbull Dradock, 4 anos, e o cãozinho vira-lata Jorge, 1 ano. No entanto, a convivência é pacífica apenas com eles. ;Ele gosta muito de desafiar os outros dois, mas Dradock trata logo de pôr Jack no lugar dele. O problema é quando encontramos outros animais na rua, porque ele é muito mais briguento;, conta Priscilla.
O comportamento desafiador do pet é característico da idade. Para conter os impulsos do cachorro, a família chegou a contratar um veterinário comportamentalista, porém o tratamento foi interrompido. ;Nós estamos esperando essa fase passar;, explica a tutora. A rebeldia também esteve presente no desenvolvimento dos outros dois cães da casa. O pitbull, no entanto, teve treinamento, por isso é mais calmo e dócil.
Além de todo o trabalho, o período da adolescência, no entanto, tem suas vantagens. ;É uma fase muito boa, porque o animal tem muita disposição, quer brincar e já deixou de lado o hábito de ficar mordendo tanto;, afirma a tutora. Com a orientação e o cuidado adequados, o cãozinho se tornará um adulto saudável e mais disciplinado.
Como lidar com a fase
Cleiton Rupolo, veterinário da Nutrire, elenca dicas para tornar o período da adolescência mais saudável e tranquilo, tanto para os cães quanto para os tutores.
Evite deixar a ração o tempo todo na vasilha.
Além de não ser saudável para o pet, vai acostumar o cão a comer na hora que bem entender. Aquele comportamento desagradável do cachorro de ficar pedindo comida na hora do almoço é fruto do manejo alimentar inadequado.
Estipule horários fixos para as refeições do pet e siga rigorosamente as recomendações do veterinário quanto ao tipo e à quantidade que deve ser oferecida diariamente. Divida em duas ou três porções e deixe disponível por 10 minutos, retire o comedouro logo após, mesmo não havendo consumo. Isso fará com que ele compreenda que aquele é o horário de alimentação, e que o líder da matilha é você ; o que tornará muito mais fácil a socialização do cão no novo ambiente. Ignore-o sempre que pedir comida quando a família estiver reunida, pois uma hora ou outra ele vai entender que os pedidos não serão ouvidos. Se o animal não for acostumado a consumir a mesma alimentação dos tutores, possivelmente não vai desejar experimentá-la.
Ensine o pet a fazer as necessidades nos lugares certos.
A primeira dica é sobre a definição do local para o xixi, que deve ser distante de onde ele se alimenta. Seja muito paciente. Esse processo demora bastante a depender da personalidade do animal. Aquela história de gritar e esfregar o nariz do cão no chão não resolve nada.
Depois de escolher um cantinho para as necessidades, crie uma rotina a ser seguida pelo pet e acredite na associação positiva. Fique em silêncio se ele não fizer o xixi no local que você gostaria, mas não poupe elogios quando o pet agir corretamente. No caso de tapetes higiênicos ou jornais, uma boa dica é espalhar alguns pela casa até que ele assimile o processo de aprendizagem. Vá retirando conforme o tempo for passando até que sobre apenas um. Mantenha o local higienizado.
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte