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60 minutos para escapar!

Depois da febre dos jogos de tabuleiro, o brasiliense elegeu o escape room como o queridinho do momento. Que tal aproveitar as férias para se aventurar pelas salas da cidade?

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 14/07/2019 04:30
Os irmãos Felipe e Antonio Barros já zeraram praticamente todas as salas da cidade
É difícil encontrar um fã de jogos de tabuleiro, RPG ou videogame que nunca sonhou em fazer parte daquela história ou que tenha se envolvido tanto na narrativa que se esqueceu do mundo lá fora, desejando poder se transportar para aquele mundo imaginário. É exatamente essa a experiência que os escape rooms procuram proporcionar.

Nessa modalidade de jogo, grupos de pessoas são presos em salas e têm que encontrar pistas para conseguir escapar antes que o tempo se esgote. Os participantes são transportados para cenas de crimes, cofres de bancos, praias desertas e até mesmo para o Velho Oeste e têm, geralmente, 60 minutos para desvendar os desafios e sair da sala vitoriosos.

Em Brasília, os escape games se tornaram febre. Famílias, grupos de amigos, festas de aniversário e até mesmo eventos corporativos lotam as salas da cidade. Há ainda os ;viciados;, que já passaram por quase todas as salas existentes e estão apenas aguardando que as empresas lancem desafios inéditos.

É o caso dos irmãos Antonio e Felipe Barros Coelho, de 13 e 11 anos, que já zeraram quase todas as salas disponíveis em Brasília e estavam só esperando as férias de julho começarem para jogar no úlnico local que ainda não foram.

Um amigo que jogou em São Paulo falou sobre os escapes rooms e os irmãos resolveram pesquisar, descobrindo que o jogo já existia por aqui. A partir daí, os dois, sempre acompanhados dos amigos, começaram uma jornada pelas salas disponíveis.

Sempre desafiados

O fato de não vencerem todas de primeira ; algumas têm o nível de dificuldade alto ; foi mais um estímulo. Eles sempre voltam quando não conseguem escapar e não descansam até solucionar todos os desafios. ;Quando não conseguimos ganhar, voltamos. Ficamos com aquela angústia para saber o que acontece no final;, conta Antonio.

Felipe garante que o que mais gosta é fazer parte da história e que sua sala preferida é uma com a temática de espiões. ;Estar na história e fazer parte é muito legal. Eu adoro detetive, e é como se estivesse jogando na vida real;.

Para os irmãos, e praticamente todos os jogadores com os quais a Revista conversou, o que não pode faltar nunca em um jogo de escape é o trabalho em equipe. ;Tem que ter muita comunicação e falar tudo para os amigos, todos têm que concordar;, explica Antonio.

Eles acrescentam que sempre gostam de jogar com um adulto, geralmente os tios, que também gostam da brincadeira. ;Existem desafios com algumas fórmulas e coisas que ainda não aprendemos na escola; então, é legal ter alguém mais velho para ajudar;, confirma Felipe.

Para a tradutora Beatriz Barros Coelho, 45, mãe dos meninos, o jogo é uma brincadeira que estimula o raciocínio lógico e a união, além de tirar os filhos de dentro de casa e dos jogos eletrônicos e celular, uma vez que, dentro da sala, nenhum dispositivo é permitido.

Calma e atenção

Os professores de educação física e amigos Guilherme Henrique Ramos Lopes, 45 anos, Tatiana Freire Dias Mendes, 40, e Tatiana Santos Biagini, 43, se conhecem há mais de 15 anos e são fãs dos jogos de escape, apesar de só conhecerem uma das empresas de Brasília.

Eles costumam jogar em um escape game que pertence à família de uma amiga próxima. E foi por meio dela que conheceram a modalidade. Guilherme conta que, na primeira vez que jogaram, os amigos estavam com pessoas que não conheciam e que, por mais que a experiência tenha sido positiva, o melhor é jogar com quem você conhece. Isso facilita a conexão.

Por ser extremamente calmo, Guilherme diz que se diverte vendo as reações de quem fica nervoso com o jogo. ;As pessoas vão se revelando e você descobre muito sobre alguém nessas situações.; O professor afirma que, para ele, um dos segredos para conseguir escapar é justamente manter a calma e não se afobar nos momentos em que o jogo fica difícil.

Tatiana Freire, fã de jogos de tabuleiro, brinca e compara os escapes com o filme Jumanji, no qual você ;entra; no tabuleiro e traz a brincadeira para a vida real. Para ela, o maior atrativo é se entreter para desvendar um desafio, esquecendo de tudo e curtindo o momento. ;Tenho planos de trazer meus filhos. É um tipo de jogo que diverte e promove a união e estimula a sintonia.;

Tatiana Santos também acredita que o jogo tem esse poder. Quando jogaram com desconhecidos, apesar de nunca terem se visto, todos entraram em sintonia e conseguiram trabalhar bem juntos. A professora acrescenta que o que mais gosta é a adrenalina que o jogo traz.

Guilherme, diferente das amigas e da maioria dos fãs de escape games, não é muito ligado em videogames e outros jogos. Prefere esportes e, pela realidade e emoção das salas de escape, acabou fascinado pelo entretenimento.

Como surgiram?
Nos anos 2000, jogos chamados ;escape the room; ; ou ;escape do quarto; ; fizeram muito sucesso. Em computadores, videogames ou celulares, o jogador tinha seu personagem preso em uma ou mais salas e precisava encontrar elementos que o ajudasse a sair do local. E foi inspirado nesses jogos que um empresário japonês criou as primeiras escapes rooms, em 2007. Tratam-se de salas temáticas imersivas, cheias de enigmas e desafios palpáveis, onde o jogador é o personagem e precisa escapar em determinado período de tempo. O jogo se tornou real no Japão e, em 2015, a primeira sala foi inaugurada no Brasil.


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