Revista

Uma boa noite de sono desliga o alarme do nosso cérebro

Pesquisadores holandeses demonstraram recentemente que o sono REM, aquele em que acontecem nossos sonhos, precisa estar bem preservado

*Por Dr. Ricardo Teixeira
postado em 30/07/2019 11:24
Pesquisadores holandeses demonstraram recentemente que o sono REM, aquele em que acontecem nossos sonhos, precisa estar bem preservado
Você chega do trabalho inconformado com aquela puxada de tapete ou está preocupado se vai conseguir fechar as contas do mês, ou ambos. Essas situações desagradáveis e apreensivas disparam o alarme do cérebro, que é o sistema límbico, especialmente as amígdalas. Para o cérebro continuar a funcionar bem, esse alarme deve ser desativado, e dormir pode ser um santo remédio. Pesquisadores holandeses demonstraram recentemente que o sono REM, aquele em que acontecem nossos sonhos, precisa estar bem preservado.

Durante o sono REM nosso cérebro é, de certa forma, desconectado do corpo para que a gente não encene nossos sonhos. Muitas doenças psiquiátricas estão associadas a um sono REM desajustado e agitado, e estudos mostram que isso influencia negativamente a neuroplasticidade. Há pessoas que têm esse mecanismo de desconexão ainda mais ineficiente e podem chegar a agredir quem dorme ao lado, se o sonho for de uma luta, por exemplo. Nesse recente estudo, os pesquisadores apontaram que as pessoas portadoras de transtornos do sono REM têm ainda uma incapacidade de desligar o alarme do sistema límbico, e isso implica na dificuldade do cérebro em se adaptar e se recuperar de eventos estressantes com o simples ato de dormir. Já aqueles que tinham o sono REM eficiente tinham os benefícios da desconexão límbica noite após noite, mesmo que o estímulo desagradável fosse mantido.

Os achados foram publicados na prestigiada revista Current Biology e podem ser de grande utilidade para a maioria das pessoas que sofrem de algum transtorno mental e que também apresentam transtorno do sono REM. Melhorar o sono REM pode ajudar a desligar o alarme límbico e a processar melhor as memórias com conteúdo emocional.


*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação