postado em 04/08/2019 04:10
Mais do que gastar calorias ou hipertrofiar músculos, pais fazem exercício físico com os filhos para estreitar ainda mais o vínculo com eles e, de quebra, incentivá-los a ter um estilo de vida saudável e movimentado. Em um país em que 13% dos meninos e 10% das meninas entre 5 e 19 anos têm sobrepeso ou são obesos, segundo dados do Ministério da Saúde, a iniciativa é louvável.
Henrique Fernandes Ferreira, 36, servidor público, sempre adorou esportes. Os radicais e os mais calmos. Pratica regularmente squash e futevôlei. Sempre que pode, vai ao lago fazer wakeboard e wakesurf. ;Meu pai sempre estimulou muito isso em mim. Lá em casa, não tinha videogame, por exemplo;, relembra. E ele tenta exercer a mesma influência sobre a filha Beatriz, de 2 anos e meio. E em breve, também sobre o mais novo, Henrique, de apenas um mês. ;Eu acho que o esporte ensina disciplina, valores, dá autoestima;, opina.
Bia faz natação toda semana e ainda acompanha o pai nas pedaladas, no squash e até nas aventuras ocasionais, como na travessia da ponte Golden Gate, em São Francisco, até a cidade vizinha de Sausalito, de bike. Outra atividade inusitada feita pela menina foi snowboard, na Califórnia, com apenas 1 ano e 11 meses, toda empacotada para não sentir frio. ;Eu queria muito que ela fizesse aula, mas era para crianças a partir de 3 anos. Alugamos a menor bota, colocamos papel dentro para preencher e ela foi em algumas descidas pequenas. Disseram que nunca tinham visto alguém tão pequeno;, relembra Henrique.
Mas as viagens não se restringem ao exterior. No Brasil, foram a Bonito, no Mato Grosso do Sul, onde fizeram várias trilhas. O casal ainda flutuou no rio, enquanto Bia navegava em um barco, entrando na água com os pais algumas vezes. A família também foi à Chapada dos Veadeiros. Nessa, o pequeno Henrique também estava incluso, na barriga da mãe, enquanto Beatriz revezava entre o chão e as costas do pai. ;Procuramos fazer trilhas mais tranquilas;, diz.
O esporte já é um estilo de vida para Beatriz, já que ela tem pouco acesso a tecnologias como tablet, celular e televisão. O quarto da pequena é um verdadeiro parque: com trepa-trepa, argolas para se pendurar, escorregador. O pai já comprou também agarras para escalada, só falta instalar. Agora, como ele a mulher já aprenderam a mergulhar com cilindro, ele sonha em fazer isso também com a filha. Uma coisa garante: ;Tanto o Henrique quanto a Bia devem estar sempre matriculados em algum esporte. Não importa qual, o importante é se exercitar;.
Afeto e vínculo
Miguel, 3 anos, nada desde os 6 meses. Os pais achavam importante o menino adquirir essa habilidade, acima de tudo, por sobrevivência, em caso de acidente. O filho entrava na piscina com o pai, Antônio Mário Marciano, 36, servidor público, já que ambos ficam juntos todas as manhãs ; o que o pai considera um privilégio. ;Eu tenho muita sorte. Não são todos que têm essa oportunidade;, afirma.
Há três meses, no entanto, a academia considerou que Miguel estava pronto para mudar de turma. Criou independência suficiente para não precisar mais do papai na piscina e, agora, entra só com os professores. Como um peixe, mergulha, pula, se diverte e aprende os movimentos. Tudo ao mesmo tempo.
Em uma academia que, além da natação para crianças, tem musculação para os adultos, Antônio passou a malhar durante a aula do filho. O tempo foi bastante otimizado, mas o pai sente falta e não desapega. ;Eu corro um pouco, venho espiar ele nadando. Faço um aparelho, e venho. O afeto que trocávamos durante a aula de natação, e o vínculo desenvolvido é muito especial;, garante Antônio.
O pai sente falta até de situações pouco confortáveis, mas que garantiam proximidade entre os dois: ;Até os quatro meses, ele tinha refluxo, e, mesmo com todas as medidas para evitar que tivesse no berço e engasgasse, eu tinha medo. Então, dormia sentado, com ele no meu ombro. Quando ele sarou, senti saudade;. Antônio recomenda a experiência a todos os pais. ;Nem precisa saber nadar;, confidencia.
Além de incentivar o exercício físico, os pais de Miguel estimulam uma alimentação saudável e variada. Em casa, seguem uma dieta que assegura que o menino tenha contato com o máximo de alimentos possíveis durante toda a semana. ;Graças a ele, a minha alimentação e da minha mulher também melhorou;, confidencia.