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Sonhos, gostos e hábitos: pais são inspiração de personalidade para filhos

Confira histórias de pais que dividem preferências e compartilham momentos únicos com os descendentes

Ana Flávia Castro *
postado em 11/08/2019 07:00
Confira histórias de pais que dividem preferências e compartilham momentos únicos com os descendentesMesmo que as personalidades sejam bem diferentes, com certeza algum comportamento do seu pai já serviu de inspiração para você. Um time favorito, uma banda preferida ou até mesmo o modo de falar ou de se vestir são preferências que podem ser transmitidas por gerações. Encontrar gostos em comum ou momentos para compartilhar é uma ótima forma de estreitar laços e melhorar o relacionamento entre pais e filhos.

;Os progenitores passam para a prole valores que julgam importantes e que eles apreciam. Isso aproxima a família, o que causa a percepção e a vivência da união e identidade;, justifica o psicólogo Roberto Debski. A relação vai além da transmissão de 50% da carga genética. ;A convivência familiar e os momentos compartilhados fazem com que os filhos tenham modelos a seguir, que poderão manter ou modificar durante o próprio crescimento e desenvolvimento;, completa o especialista.

Por isso, quando os pais encontram maneiras de conhecer o mundo dos filhos, a relação entre eles pode ser mais compreensiva e próxima, acredita o psicólogo comportamental Vitor Friary.

A fase da vida também influencia no relacionamento familiar. Quando pequenos, os descendentes tendem a se identificar mais com as escolhas dos pais. Na fase da adolescência, tida como de rebeldia, eles sentem a necessidade de se individualizar para, mais tarde, voltarem a se identificar com muitas escolhas e comportamentos paternos.

Confira exemplos de pais e filhos que dividem gostos e compartilham momentos inesquecíveis em família.

Sonhos compartilhados


As primeiras memórias de Rissa Ramos Costa, 30 anos, são sentada em frente ao piano. A empresária conta que desde 1 ano de idade já arriscava brincadeiras com o instrumento. Tudo por influência do pai, Francisco Alberto Costa, 65, que transmitiu o carinho especial pela música para os dois filhos ; Rissa e Persus, 34.

Eles costumam se sentar em volta do instrumento, curtir a música e analisar as harmonias, em família. ;Lá em casa, nós sempre fomos movidos pela música. Meus pais foram a nossa maior referência de vida, e meu pai sempre teve esse lado muito humano por conta das melodias. Nós acreditamos no poder da harmonia musical de mudar o mundo;, conta a empresária.

Alberto, como gosta de ser chamado, aprendeu a tocar piano apenas observando os franciscanos na igreja que frequentava, aos 10 anos, e não parou mais. Funcionário público aposentado, começou a vender instrumentos por paixão. Os negócios deram certo e hoje toda a família trabalha na loja. O filho mais velho é contrabaixista. A filha, pianista e farmacêutica, fez cursos de especialização para cuidar da administração da loja; e a mãe, economista, cuida das finanças.

;Os sonhos dele de mudar o mundo são grandiosos e se tornaram nossos sonhos. Queremos dar continuidade a isso, porque é um gosto em comum que nos uniu como família;, diz Rissa.

Além de vender instrumentos, eles realizam diversas atividades gratuitas na loja em Taguatinga Norte, chamada Alberto Teclados, e também têm um projeto social em parceria com músicos da cidade para levar a melodia aos hospitais de Brasília. ;Eu amo a música, porque ela é harmonia. E todo músico carrega a paixão de um mundo harmônico. Não em desarmonia, como está agora;, afirma Alberto.
Confira histórias de pais que dividem preferências e compartilham momentos únicos com os descendentes

Paixão por sertanejo no DNA


Deitado no tapete da sala enquanto espera o pai chegar, Hilton Emediato de Carvalho, 6 anos, canta e até recita as falas do cantor Xand Avião no DVD da banda Aviões, gravado em Brasília em 2017. Esse foi o primeiro show que o pequeno fã viu de perto. Ele e o pai não dividem só o nome, mas também a paixão pela música, em especial o sertanejo e o forró da banda cearense.

;Nós gostamos muito de ouvir música em casa, e o Hiltinho herdou isso de mim e da mãe dele;, conta Hilton Gonçalves de Carvalho,42. Desde que foi ao primeiro show, a dupla não parou mais. E, todos os anos, comparecem às apresentações da programação sertaneja do evento Na Praia.

De tanto ouvir em casa, o pequeno já sabe todas as músicas de cor. ;É um momento muito nosso, e eu gosto muito de compartilhar isso com ele. Este ano, em especial, que fomos aos shows de Xand e de Gusttavo Lima, a mãe dele não pôde ir, porque está grávida. Fomos só os dois e compartilhamos ótimos momentos juntos;, conta o empresário. Na hora da apresentação, Hiltinho quer ficar bem perto dos cantores, ;colado na grade;, como ele chama. E, como fã que é de verdade, tem foto com o seu ídolo. Ele também já encontrou os cantores no camarim.

Quando questionado sobre os ídolos, o menino não tem dúvidas: ;O cantor que eu mais gosto é o Xand, que eu conheci no palco do Na Praia. Mas eu também gosto do Gusttavo Lima e de Jorge e Mateus. E já vi o show deles bem de perto;, alegra-se o garoto. Sobre o futuro do filho, o empresário responde: ;Ele gosta tanto que pode até virar cantor sertanejo!”, diverte-se.

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Cultivando hábitos


;Quando eu era criança, fiquei muito chateada porque meu pai me levou a um café e não tinha nada de chocolate. Mas provei um pedaço de torta de morango, que conquistou meu coração.; A partir daí, Gabriela Motta, 23 anos, passou a compartilhar com o pai, Pedro Motta, 57, o amor por cafeterias.

O ambiente passou a ser o pano de fundo para estreitar a relação entre pai e filha, e também para a comemoração de momentos especiais. ;Depois que eu fiz a minha prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ele me levou para um café e conversamos sobre como foi o exame;, conta a advogada. E até quando eles não têm tempo de ficar por lá, um dos dois dá um jeito de passar em um café e levar um lanche para casa.

Recentemente, Gabriela está descobrindo o gosto por um hábito do pai: tomar chimarrão. Costume tradicional do Sul do país, local de origem da família do analista de sistemas, eles se reúnem para degustar a bebida e se atualizar ; é um momento especial de união.

;Essas são ocasiões para dar, ouvir conselhos e trocar ideias. O chimarrão é uma extensão do café, e é um momento de prazer e conversas no fim do dia. Nós ficamos todos juntos (com a esposa e o filho mais novo), mas eu tomava chimarrão sozinho. Agora, Gabriela descobriu o gosto e me acompanha;, afirma Pedro.
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte

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