Revista

Relacionamento em (re)construção

Problemas cotidianos costumam desgastar as relações. E uma ajuda especializada pode ser de grande valia nessas horas. Conheça a história de casais que, por meio de terapias diversas, resgataram o amor e o companheirismo

postado em 18/08/2019 04:16
Problemas cotidianos costumam desgastar as relações. E uma ajuda especializada pode ser de grande valia nessas horas. Conheça a história de casais que, por meio de terapias diversas, resgataram o amor e o companheirismo
Diz o clichê que o tempo é capaz de sarar feridas, mas ele também pode transformar o que já foi bom em algo monótono, sem graça. ;O tempo desgasta o relacionamento. A rotina faz parte de qualquer relação, mas, quando a preguiça vem junto, as pessoas se acomodam e não há mais prazer;, acredita a terapeuta de relacionamento Rosangela Matos. Começa-se a comparar o período atual com a época em que os dois estavam se conhecendo e queriam impressionar um ao outro. ;Passam a brigar e a ficar irritados até com a forma de a parceira ou de o parceiro mastigar;, exemplifica.

Quando se percebe que todo dia um dos dois tem alguma crítica a fazer sobre o outro, quando conversar sobre certos assuntos causa brigas ou quando o casal nem sequer conversa, é chegado o momento de apertar o botão vermelho e cuidar da relação. Mas nem sempre é fácil fazer isso sem ajuda. Por isso, diversas ferramentas estão disponíveis para que o casal supere diferenças, crises e períodos em que se sentem desconectados um do outro.

Todo casal tem conflitos. A diferença é a forma como lida com eles. E expor pontos de vista com respeito, sem levantar o tom de voz e sem agredir, nem sempre é instintivo: depende da personalidade de cada um, do humor naquele dia, de outros problemas pelos quais os dois podem estar passando.

Durante as crises, muitos casais acabam se separando sem antes tentar resolver a situação. ;Daí, sentem saudade, voltam e, em três, quatro meses, estão tendo as mesmas brigas. Uma pessoa de fora pode ensiná-los a terem boas brigas. O casal esquece que não são iguais. Cada um traz uma bagagem, e eles precisam começar a escutar o outro e a falar sem atacar;, explica Rosangela.

Segundo Cristiane Sousa, treinadora e master coach da Federação Brasileira de Coaching Integral Sistêmico (Febracis), a maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma noção do quanto estão fazendo para contribuir com a crise no casamento. ;Acreditam que a culpa sempre é do outro, e não entendem que a felicidade não pode estar na mudança da outra pessoa. É preciso assumir a responsabilidade pelas mudanças;, afirma. Por isso, pode ser necessária ajuda externa para alinhar expectativas e rever o relacionamento.

Entre as opções, há coaching, terapia com psicólogos, terapia tântrica e, para os mais devotos, até grupos religiosos dentro de igrejas. Os profissionais são unânimes: o mais importante é estar disposto e se esforçar. A Revista conta histórias de quem entrou nessa jornada de recuperar um relacionamento desgastado, mas ainda com muito amor.

Um casal e um mediador

A princípio, a ideia de uma outra pessoa, ainda que especialista, ajudar Polyana Gomes, 35 anos, advogada, e o marido, Alisson Santos, 42, corretor de imóveis, a melhorar o relacionamento do casal não agradava a ele nem um pouco. ;Eu sou desconfiado, cético e achava que as pessoas tinham que resolver os próprios problemas. Além disso, achava que chegaria lá e só levaria bronca, que a psicóloga diria que eu estava errado em tudo;, relembra Alisson.

Com um pé atrás, depois de muita insistência, ele aceitou a sugestão da mulher de fazerem terapia de casal com uma psicóloga indicada por amigos. E ficou absolutamente impressionado com o que acabou vivenciando. ;Ela era imparcial, e foi um processo que nos fez amadurecer muito;, garante o marido. Ainda há brigas, mas, segundo o casal, elas são resolvidas de uma forma muito mais tranquila. ;O diálogo melhorou muito;, atesta Polyana.

Evangélicos, contaram com a ajuda de outra pessoa no processo terapêutico: o pastor que celebrou o casamento deles. Em um determinado momento, Alisson quis conversar com o religioso e se surpreendeu por ele corroborar praticamente tudo que a psicóloga já havia dito. Uma das principais coisas que aprenderam foi a validar o sentimento do outro. ;Muitas vezes, antes, um reclamava de algo e o outro considerava frescura ou exagero. Aprendemos que, se o outro está sofrendo com algo, não importa se não concordamos;, explica a mulher. Ela queria mais atenção, e ele era muito focado no trabalho. Os dois conseguiram equilibrar melhor as duas coisas e chegaram a uma harmonia que lhes deu até coragem de ter uma segunda filha.

Nos fins de semana, quem mandava era a primogênita. O casal só fazia os programas dela. Passou, então, a reservar um tempo também só para os dois. Agora, há o momento de fazer coisas em família e também em casal. ;No início, ele se sentia culpado de se divertir sem ela, mas, com o tempo, isso foi passando;, conta Polyana.

O pé atrás de Alisson deu lugar a um profundo agradecimento, tanto à mulher, por tê-lo incentivado, quanto à psicóloga, pelo apoio e profissionalismo. ;Desde então, já indicamos para um monte de gente. Hoje temos muito mais cumplicidade e mais transparência.;

"Hoje, temos muito mais cumplicidade e mais transparência"
Alisson Santos, corretor de imóveis

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação