Revista

A cidade como inspiração

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 25/08/2019 04:10
Sandra Lima, Lurdinha Danezy e Eunice Pinheiro não deixam de dar os créditos para o trabalho que desenvolvem a Brasília, cidade que as inspira e na qual enxergam a mentalidade do design em suas diversas formas. Para Eunice, o design está no sangue de Brasília e isso pode ser visto tanto na geração delas quanto nos criadores mais jovens. ;É uma cidade inspiradora.;

Sandra ressalta que, apesar das dificuldades enfrentadas, como a falta de mão de obra, a capital tende a crescer. Um dos novos projetos das amigas é, inclusive, a capacitação para o reaproveitamento de resíduos sólidos da indústria. ;Queremos reproduzir o trabalho que fazemos e multiplicar isso.;

Lurdinha faz eco às amigas e evidencia que, como uma das primeiras gerações criadoras da cidade, elas são privilegiadas: ;O que criamos aqui é muito único, tem uma identidade diferente. E temos a sorte de ver os jovens encontrando esse espaço e criando uma linguagem nova;.

Juntas, elas criaram o Coletivo Ponto 1 ; Economia Circular e Moda, que tem como objetivo desenvolver projetos com foco ambiental. Elas oferecem consultorias para empresas na criação de projetos de reutilização de resíduos sólidos e auxiliam na administração de projetos sociais com foco em formação profissional e geração de renda para a população de baixa renda.


Fulanitas de tal

Formada em jornalismo, em 2011, Eunice Pinheiro acabou estudando design de calçados por gostar muito de modelos retrô e ter dificuldade de encontrá-los no mercado. Depois de desenhar dois modelos e pedir que um sapateiro os fizesse, as amigas adoraram o resultado e começaram a encomendar sapatos a Eunice.

Assim nasceu a marca Fulanitas de Tal. Com o crescimento da demanda, Eunice buscou fábricas para aumentar o estoque e passou a expor em feiras da cidade. Em 2013, abriu o primeiro espaço físico, na Asa Norte. Depois de expor no Capital Fashion Week em 2015, precisou se mudar pra um lugar maior.

Em 2017, Eunice começou uma especialização no curso Shoes and Bags no Instituto Europeo di Design ; IED, de São Paulo. A partir de então, começou a criar também bolsas retrô e roupas over sized. Este ano, após entrar no projeto de reutilização com as amigas Lurdinha e Sandra, busca trabalhar com produtos sustentáveis, que gerem o mínimo de resíduos para o meio ambiente ou danos sociais.


Veterana do Capital Fashion Week

Pedagoga e pós-graduada em educação, Sandra Lima começou a carreira na moda em 2005. O sonho era antigo. Quando criança, brincava em uma antiga penteadeira e ensaiava criações com as roupas e adereços da mãe.

Na hora de escolher o que estudar, os cursos de moda se concentravam nas grandes capitais e não eram uma opção viável para Sandra, que optou pela pedagogia como legado familiar. Quando surgiu a oportunidade de voltar ao mundo da moda, ela não hesitou. Apenas um ano depois de se formar e iniciar a carreira de estilista, ganhou o prêmio Capital Fashion Week, participando de 13 edições da semana de moda, até o evento entrar em um hiato.

Com estilo irreverente e conceitual, Sandra resolveu investir em modelagem tridimensional. Ela aprendeu a técnica com Jum Nakao e Shingo Sato, especialistas da área. Os coletes são peças de destaque em suas coleções e suas peças já foram expostas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM).


Brasiliense por opção

Única das três artistas que não nasceu em Brasília, Lurdinha Danezy é de Anápolis (GO) e veio para a capital com 14 anos. A carreira como artista plástica começou no fim dos anos 1990 e, ao ter contato com ferro oxidado, esse se tornou sua matéria-prima preferida.

Percorrendo terrenos à beira de estradas, Lurdinha coletava resíduos descartados da construção civil, como chapas de ferro, restos de arame, latas de tinta e até mesmo pregos. A sua arte foi crescendo e, na terceira exposição que fez, resolveu criar um acessório para a inauguração do projeto. A partir daí, começou a se concentrar na criação de joias feitas com materiais descartados, o que faz há 18 anos.

Exportação candanga

Conheça outros artistas da área de moda e design que também tiveram suas peças exportadas do quadradinho para o resto do mundo


Joias
  • A designer Flavia Amadeu, 38 anos, teve suas peças em campanhas de moda no Reino Unido, figurando como destaque no Museu de Design de Londres e expostas na Semana de Design de Milão. Em 2004, Flávia firmou parceria com o Laboratório de Tecnologia Química da Universidade de Brasília (UnB), que estava desenvolvendo uma borracha colorida vinda do Norte do país, mas não sabia o que fazer com o material. A brasiliense, então, criou joias orgânicas que valorizam a matéria-prima.


Sapatos
  • Fundada em 2012, a Miti Shoes tem DNA brasiliense. A paulista e brasiliense de coração Natália Miti é a criadora e designer dos calçados da marca. A paixão de Natália começou durante um estágio em uma alfaiataria. No início, criava acessórios e bolsas, mas logo voltou sua atenção para os calçados. Defensora do consumo consciente, tem cerca de 15 modelos em sua coleção. No fim de 2017, Natália foi convidada, junto com outras quatro marcas nacionais, a participar da Semana de Moda de Nova York. A produção é inteiramente baseada no Brasil, mas, com a loja on-line, envia encomendas para diversos países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Portugal e Austrália.


Roupas
  • Nascido em Brasília, Sann Marcuccy teve seu début no mundo da moda no Capital Fashion Week. Depois de estudar moda em São Paulo, mostrou a primeira coleção na semana de moda brasiliense, em 2007. Suas criações com formas plásticas e artísticas chamam a atenção pela ousadia. Depois de fazer sucesso na capital, expôs no Salão Prêt-à-Porter e no Festival de Cinema de Cannes. Suas coleções chegaram a ser vendidas na França. Hoje, o Atelier Sann Marcuccy funciona na Asa Norte.


Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação