Revista

Tecnologia da paz

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 01/09/2019 04:10

O que existe de mais avançado em termos tecnológicos, no momento, se relaciona à informação: as moedas digitais operacionalizadas em ;blockchain;, a inteligência artificial e a democratização radical de qualquer serviço são apenas alguns exemplos de como nossa sociedade está passando por transformações profundas, e os resultados de tantas e tão rápidas mudanças começam a se delinear no horizonte.

Se estamos diante de nossa autodestruição ou se o que está acontecendo é uma reinvenção de nós mesmos, é cedo para dizer.

Certamente, o avanço tecnológico contribui imensamente para a evolução da nossa sociedade, mas como podemos aproveitar o que se apresenta de melhor, e mesmo o que representa como um desafio, para transformar tudo em oportunidades de desenvolvermos uma tecnologia da paz?

Algumas perguntas, porém, precisam ser feitas: em nome de que estamos abrindo mão de nossas relações íntimas e substituindo-as pela vida nas telas? Como podemos transpor as infinitas possibilidades de conexão dos mundos virtuais para os reais?

Uma das maiores ameaças da vida ;on-line; é o isolamento. Quanto mais cedo o indivíduo entra numa vida virtual, mais difícil, geralmente, é para ele interagir ;ao vivo;.

Pesquisadores norte-americanos da Universidade de San Diego já têm dados concretos de pesquisas que relacionam o aumento do número de casos de depressão e até de suicídio na adolescência aos hábitos característicos da vida moderna, nos quais os jovens se relacionam com o mundo intensamente, porém intermediado por telas.

O primeiro e mais óbvio perigo está relacionado à falta de preparo para enfrentar desafios da vida real, uma vez que, em se tratando de acesso a informações e domínio de cena no mundo virtual, eles são muito experientes. No entanto, nas relações interpessoais presenciais, não apresentam maturidade comportamental correspondente.

As pesquisas vêm levantando outros perigos que dizem respeito ao enorme tempo dedicado pelos jovens às atividades virtuais, com a publicação de gráficos que relacionam a depressão com a privação de sono, tão comuns na vida dos jovens que costumam ;virar noites; pela necessidade de estar constantemente ligados nas redes.

Os desafios se apresentam e preocupam, mas servem também para acender uma luz nos olhos das pessoas que estão dispostas a observar a situação de forma equilibrada e refletir sobre o seu papel neste complexo tabuleiro de jogo. É importante termos sempre em mente que precisamos promover o cultivo de hábitos que promovam a paz.

Atitudes éticas e respeito às regras sociais são um bom começo.

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