postado em 08/09/2019 04:21
O poder de promover encontros e conexões entre as pessoas é algo que sempre encantou Thiago Pezão, um dos sócios-fundadores da Cervejaria Criolina. ;Assim como música e arte, a cerveja também é uma forma de integração;, afirma. A ideia de montar uma cervejaria surgiu em 2015, quando Thiago e os sócios, Rodrigo Barata e Fábio Bakker, promoviam festas em Brasília. Na época, Fábio já testava várias receitas na cozinha de casa e resolveu experimentar a aceitação da bebida. ;Foi quando percebemos que grandes marcas faziam o seu nome quando eram ligadas a festas. E pensamos: Por que não criar a nossa?;, conta.
Em 2017, os três amigos inauguraram a Cervejaria Criolina, que, além de servir os rótulos produzidos por Bakker, tem a proposta de ser um galpão multicultural. ;Esse sempre foi o nosso diferencial, é um produto que carrega cultura. Além de ser palatável, a Criolina é uma cerveja artesanal que representa um estilo, é aquele tipo de cerveja que você dá um gole e lembra de uma música, uma dança, que entra no imaginário da pessoa;, reforça Rodrigo.
Com 10 rótulos em comercialização, a Criolina ainda tem produção cigana, e os sócios pretendem expandir a distribuição, mas depois de fortalecer a marca. ;Para nós, é um desafio. Não é fácil colocar cerveja no mercado. A estratégia é investir cada vez mais no marketing, se estabelecer como uma marca consolidada para concorrer de forma mais equilibrada. E temos potencial;, acredita Thiago.
Além do próprio bar, os rótulos da Criolina podem ser encontrados em alguns estabelecimentos do DF. ;Não temos um sistema de distribuição, apenas alguns bares parceiros. Dentro da cervejaria também fazemos questão de fornecer cervejas de outros produtores brasilienses, pois acreditamos que essa valorização do produto local é uma das características mais engrandecedores da cerveja artesanal;, acrescenta Fábio.
Do barril para o copo
A valorização da cidade é uma caraterística da Hop Capital Beer, cervejaria fundada por Paulo Borges. Apesar de a atmosfera lembrar os tradicionais bares americanos, o pub foi construído ao lado da linha férrea que corta o DF e já virou ponto característico da cidade. ;Brasília ainda é muito carente de tradição, e a Hop veio assumir esse papel de cervejaria tradicional em solo brasiliense, longe das tesourinhas e do Plano Piloto.;
Com um ano e meio de funcionamento, o local é um misto de pub e fábrica. ;Quem nunca viu uma produção de cerveja de perto chega ao local e fica admirado. As pessoas vivem a cerveja, tendo a oportunidade de degustar sabores diferente, no local onde são produzidos. Não existe transporte, a bebida sai do tanque direto para as torneiras, ou seja, é a cerveja mais fresca que se pode tomar;, garante.
Engenheiro civil, Paulo Borges sempre foi apaixonada por cerveja, fato que o levou a buscar sabores exóticos em diferente cantos do mundo. ;Viajando por vários países pude provar cervejas que vão muito além da pilsen, que tradicionalmente consumimos aqui. Comecei a beber melhor, e isso é um caminho sem volta. Foi justamente essa vivência que despertou em mim o interesse de estudar a bebida mais a fundo;.
Paulo ingressou Universidade de San Diego, na Califórnia, onde se formou como mestre cervejeiro, e começou a produzir na garagem de casa. Ainda em solo americano, fez dos amigos, professores e vizinhos os primeiros clientes e conquistou as primeiras premiações. ;Comprei um equipamento de produção caseira, e a surpresa é que a bebida começou a ficar extremamente boa.;
A ideia de profissionalizar a produção, porém, veio apenas quando recebeu a vista do atual sócio, Guilherme Barros, que enxergou potencial na bebida. ;Antigamente, era muito caro beber uma boa cerveja, mas hoje a artesanal está muito mais democratizada. As pessoas estão tendo a oportunidade de experimentar bebidas de melhor qualidade;, analisa.
Ao todo, estão disponíveis na Hop Capital Beer 12 rótulos ; entre lagers, ipas, pale ale e stout ;, todas criações de Paulo. Hoje, muito mais que uma forma de sustento, a bebida representa o propósito do mestre cervejeiro. ;Quando não estou fazendo, estou estudando, bebendo ou sonhado. É extremamente prazerosa e gratificante a sensação de produzir algo que vai deixar as pessoas felizes.;
De olho nos concursos
Quais cervejarias de Brasília você conhece? Qual sua cervejaria local favorita? Qual o bar do DF favorito? Qual a cervejaria revelação do ano? Essas são questionamentos feitos Prêmio Beba Brasília 2019, idealizado pelo sommelier Euller Barros, e que tem o objetivo de divulgar a cena cervejeira local para o público consumidor e também reconhecer as marcas que estão se destacando no mercado. Podem concorrer aos prêmios as cervejarias e bares localizados no DF e Entorno. A votação on-line será realizada entre 1; e 31 de outubro. Para mas informações, www.bebabrasilia.com.br.
Seguindo os passos dos pioneiros
A escolha do nome Cruls Cervejaria Artesanal não foi uma ideia ao acaso. Cruls era a denominação usada pela Comissão Exploradora do Planalto Central ; que chegou aqui em 1892 para determinar o terreno da futura capital ; e, certamente, define bem a proposta da cervejaria fundada por Pedro Cappozi, Rodrigo Braga e Filipe Gravia.
;Era uma missão inovadora, audaciosa, e esses valores são muito semelhantes aos nossos. O mercado da cervejaria artesanal ainda é muito novo e precisa ser desbravado. E é justamente dessa forma que nos definimos;, garante Pedro.
A cervejaria já acumula 19 premiações nacionais e internacionais, motivo de entusiasmo entre os sócios, que tiraram a paixão do papel há apenas dois anos. Nessa época, decidiram dar vida ao projeto de graduação de uma fábrica de cerveja apresentado quando ainda frequentavam a Universidade de Brasília.
Localizada no bairro Saia Velha, em Santa Maria, a Cruls se define como uma cervejaria rural, com pilares de tecnologia, sustentabilidade e tradição. A produção, que começou como cigana, hoje tem capacidade para 20 mil litros. A perspectiva é que em alguns anos a marca tenha força para competir com grandes nomes da indústria nacional. ;O mercado de Brasília é maduro e pode atingir novos patamares;, garante Rodrigo Braga, mestre cervejeiro.
Marcos de Paula, gerente de qualidade, explica que o diferencial da cerveja produzida é a constância de sabores ; não há variação de qualidade entre os barris produzidos ; e o baixo uso de conservantes. ;A gente respeita o tempo de beber a cerveja, que tem que ser consumida fresca.;
Apesar da crescente procura pela cerveja artesanal, do ponto de vista mercadológico, a produção ainda enfrenta obstáculos. Filipe Gravia, responsável pelo administrativo da empresa, expõe que o preço ainda é um empecilho para o consumo da bebida, principalmente porque os impostos aplicados às microcervejarias é o mesmo taxado sobre as macroindústrias, o que torna a concorrência desleal. ;A gente luta pela democratização das artesanais, tirar essa ideia de que uma boa cerveja só pode ser adquirida e produzida por altos valores;, defende.