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O mundo em Brasília

Embaixadas promovem a cultura dos seus respectivos países e oferecem ao brasiliense a oportunidade de desfrutar uma série de eventos únicos. Conheça alguns deles

postado em 15/09/2019 04:09
Nayara Chianelli frequenta, todo mês, evento promovido pela Embaixada da República Dominicana: ao som da salsa

Elas podem até parecer um mundo à parte ou apenas um lugar para resolver burocracias e tirar vistos em casos específicos. As embaixadas em Brasília, porém, têm muito mais a oferecer ao público da capital brasileira. Algumas fazem questão de, além de realizar trabalhos administrativos, políticos e econômicos, promover a cultura do país.

Quem ganha são os brasilienses, que têm a oportunidade de fazer programações culturais diferentes e internacionais sem sair da cidade. E, muitas vezes, gratuitamente. Para Damaris Jenne, primeira-secretária de assuntos culturais da Embaixada da Alemanha, a missão do órgão é fortalecer ainda mais os laços entre o país e o Brasil. ;Acreditamos que, ao abrir nossas portas e trazer um pouco da nossa cultura para perto dos brasilienses, estamos justamente nos aproximando das pessoas e estreitando esses laços.;

A Embaixada oferece sessões de cinema mensalmente, na última quinta-feira de cada mês, além de organizar o Dia das Portas Abertas, em que brasilienses podem visitar o local e desfrutar de várias atrações. Em parceria com as Embaixadas da Áustria, da Suíça, da Bélgica e de Luxemburgo, também é promovida a Semana da Língua Alemã, que, este ano, já na 4; edição, ocorreu em diversas cidades brasileiras e incluiu a exibição de filmes, aulas demonstrativas de alemão, workshops, atividades para crianças e apresentações musicais. ;Foram realizados mais de 800 eventos em todo o Brasil;, especifica Damaris.

Em agosto, a Embaixada de Gana também abriu as portas ao público no evento Uma Tarde em Gana. Com entrada gratuita, o encontro reuniu 60 crianças e adolescentes da Estrutural, além de toda a comunidade, e contou com várias atividades para imersão na cultura do país africano. O objetivo do evento era ampliar as trocas socioculturais a partir da convivência entre as duas nações, com feira de moda e artesanato, espaço gastronômico, mostra audiovisual, além de músicas e danças típicas de Gana.

O principal meio de divulgação dos eventos são as redes sociais. Vale a pena acompanhar as páginas das embaixadas que mais lhe interessam e ficar de olho nos eventos.

Noite para dançar

Quando Nayara Chianelli começou a dançar salsa, há cerca de 10 anos, havia uma boate famosa que tocava o ritmo. Tempos depois, o local foi fechado, e Brasília ficou carente de festas com músicas latinas. A pedagoga, que também já deu aulas da dança, foi uma das que perderam um de seus programas favoritos. Mas um grupo de colegas dançarinos bem unido passou a sempre compartilhar as oportunidades de ;bailar;.

E um dos pivôs dessas oportunidades eram as embaixadas. ;As latinas, principalmente;, Nayara ressalta. Há quatro anos, ela e as amigas têm destino certo toda última terça-feira do mês: a Noite Dominicana. É uma festa organizada pela Embaixada da República Dominicana há seis anos ininterruptamente, no restaurante Bier Fass. O evento reúne gente de tudo quanto é nacionalidade interessada na música, na comida e na bebida dominicana. ;Eu não perco uma;, conta Nayara, ofegante de tanto dançar.

No evento do mês passado, na pista de dança, estavam, além da pedagoga, cubanos, dominicanos, norte-americanos e outros brasileiros. Em volta dela, alguns mais tímidos, assistiam e apenas se balançavam um pouco. Talvez porque ainda não passava das 21h. Em uma mesa externa, um grupo fumava charuto dominicano com a embaixadora de um país da América Central. Em outra, o embaixador da República Dominicana experimentava um pouco da mamajuana, uma bebida ancestral de seu país, da qual, naquela noite, havia uma degustação, graças a uma parceria da embaixada com a empresa que a exporta.

A festa também tem um cardápio paralelo ao tradicional do restaurante, com três receitas e dois drinques dominicanos. Orly Burgos Castillo, primeira-secretária da Embaixada, conta que o órgão ensinou o chef do restaurante alguns pratos típicos. O DJ também recebeu treinamento para tocar, além da salsa e do merengue, mais conhecidos, a bachata, originada no país.

Profissão

Formado em relações internacionais, Pedro Mariano, 34, dançarino, professor de dança e DJ, acabou seguindo outro rumo profissional. Conheceu a salsa em aulas na Universidade de Brasília (UnB), e o curso superior foi que virou um hobby. Por conta dos contatos que fazia na faculdade, ficava sabendo de festas de embaixadas em que tocariam sons latinos, e não perdia uma.

Uma coisa foi levando à outra, e elas acabaram não sendo só uma chance de lazer, mas também profissional. Pedro já deu aula de salsa em diversas embaixadas, tem diversos alunos estrangeiros e uma carreira com a qual está bem satisfeito graças ao contato com esse mundo estrangeiro aqui dentro de Brasília.


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