Revista

Se você puder, não deixe de fazer a siesta

O jornal Heart acaba de publicar uma pesquisa mostrando que a soneca uma a duas vezes por semana reduz para quase metade o risco de ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral

*Por Dr. Ricardo Teixeira
postado em 17/09/2019 15:34
O jornal Heart acaba de publicar uma pesquisa mostrando que a soneca uma a duas vezes por semana reduz para quase metade o risco de ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral
Uma boa parte das pessoas que tem o hábito da siesta diz que, na verdade, é a reposição de um sono atrasado. Aqueles que trabalham em turno invertido podem tirar os cochilos como forma de se preparar para uma noite de trabalho. Outros vão responder que fazem a siesta por puro prazer. Mas o fato é que a siesta traz muitos benefícios à saúde.

Os ganhos à saúde vascular são incontestáveis. O jornal Heart acaba de publicar uma pesquisa mostrando que a soneca uma a duas vezes por semana reduz para quase metade o risco de ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral. E os benefícios se estendem também às funções cerebrais não vasculares. O hábito de tirar um cochilo de uns 20 minutos depois do almoço melhora o humor das pessoas e dá uma turbinada nas funções cognitivas, como memória, atenção, raciocínio lógico e tempo de reação. Outro fato interessante é que os ;siesteiros; têm um sono noturno mais reparador.

Dez minutos já é uma soneca boa, mas parece que as de 20 minutos são melhores ainda. Siestas mais prolongadas não são recomendadas, pois deixam as pessoas com ;ressaca; ao acordar de um sono que atingiu estágios profundos. Além disso, siestas longas podem atrapalhar o sono durante a noite. Para melhor sincronia com o relógio biológico, o horário ideal gira em torno das duas às quatro da tarde.

É bastante tentador imaginar que no mundo contemporâneo, com todo o estresse que vivemos, temos menos chances de ter o hábito da siesta quando comparados aos nossos ancestrais. Mas a história parece que não é bem assim. O registro da rotina de sono de comunidades de caçadores-coletores na Namíbia, Tanzânia e Bolívia que vivem sem luz elétrica apontou que eles, como a maioria de nós, não têm o hábito de tirar cochilos durante o dia.

Por fim, para aqueles que têm insônia, deixem a siesta para os outros.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação