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Reconectando-se às origens

Estilistas brasilienses resgatam, por meio da roupa, um pouco da história negra

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 22/09/2019 04:09
Estilistas brasilienses resgatam, por meio da roupa, um pouco da história negra
Muito mais do que apenas vestir, a moda possibilita reconexão e empoderamento por meio de uma peça ou acessório. Para além desses ideais como ponto de partida, a marca Diáspora 009 e o estilista Fernando Cardoso têm outro ponto em comum: a representação ; e história ; da moda afro no mundo fashion.

Comandada por Lia Maria, a Diáspora 009 ; que representará Brasília no próximo Veste Rio ; busca as raízes da cultura negra ainda no material usado nas peças: todos os tecidos usados são provenientes de um país do continente africano. ;Cada tecido é uma trama e conta uma história;, afirma a estilista.

O diferencial da marca vai além. Lia Maria comenta que nunca se identificou com numerações convencionais, por isso a Diáspora trabalha sem a ideia do P, M ou G. A modelagem das peças pensa em tamanho universais e que vistam bem diferentes corpos. E a produção? Toda slow fashion!

A inspiração para as peças glamourosas de Fernando Cardoso também é fundamentada na história negra. ;A costura está presente na minha vida desde muito pequeno. Via a minha mãe criando, bordando e era fascinado por aquilo. Muito mais do que apenas criar, busco fazer um storytelling e relembrar a história de mulheres fortes e marcantes, para vestir mulheres fortes e que querem deixar a sua marca;, pondera.

Os modelos sofisticados de Fernando escolhem um ponto de sensualidade, seja por meio de uma fenda, seja de um decote mais desenhado. Em seus desfiles, o estilista busca dar visibilidade às modelos negras de tonalidade de pele mais escura, que não costumam ser inseridas no casting das passarelas. ;A representatividade é necessária, porque mesmo quando as marcas colocam uma modelo negra, ela costuma estar dentro de um padrão.;

Cada um atuando em sua esfera e segmento, as marcas deixam bem claro para o mundo o seu objetivo: empoderar. ;Historicamente a população negra, dentro do contexto de moda, arquitetura e design tem um estereótipo, um referencial não tão positivo e que não traz empoderamento;, afirma Lia Maria, que completa: ;A Diáspora 009 vem na linha dos últimos movimentos negros e busca a exaltação da beleza, do pensamento, da identidade e diversidade dos negros.;

A Revista convida a conhecer os modelos inspiradores dessas duas marcas brasilienses que já estão fazendo o seu nome dentro ; e fora ; do quadradinho. Confira!

*Estagiárias sob supervisão de Sibele Negromonte


Longe de peças minimalistas, a Diáspora 009 combina saia longa em camadas ; e muito babado ; com body azul. Para a estilista Lia Maria, as peças combinadas conferem sensualidade, identidade, e muita feminilidade na medida certa. Nós pés, a modelo arremata o look com sandálias de salto prateada ; tendência renovadíssima para as próximas temporadas.


Estampa colorida e étnica? Confere! O vestido intitulado Mama Benz, da Diáspora 009, brinca com as cores e estampas ; o tecido ganês dá vida e movimento à peça.


Inspirado na cor ; e história ; do Rio Nilo, o macaquinho com calda desenhado pelo estilista Fernando Cardoso soma sensualidade e modernidade. Na produção, a peça em tafetá foi combinada à sandália de tiras finas ; também na cor preta ;, à make iluminada e a nenhum acessório.


Digno de qualquer tapete vermelho, o longo preto e branco desenhado por Fernando Cardoso brinca com as linhas verticais e horizontais. Valorizando o colo, o decote ; que dispensa o uso de qualquer acessório ; é o ponto de sensualidade da peça. ;Foi desenhado pensando em empoderar a mulher que o vestir;, comenta o estilista.


O vestido trapézio da Diáspora 009 foi inspirado na feminilidade das criações de Coco Chanel. Com tecidos originários de Senegal, a peça esbanja personalidade com mangas de babado e comprimento acima do joelho. Na produção, foi combinado com sandálias de salto em tom nude e acessórios neutros.

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