postado em 29/09/2019 04:19
A cumplicidade entre Rute Cronemberger e Maria dos Prazeres Costa, a Tê, começou ainda na infância, quando Tê foi morar na casa de Rute, em Campo Maior, no Piauí. Ainda meninas, elas não podiam encostar nas panelas, comandadas pela ;madrinha; Paulina, cozinheira da família, e pela matriarca, Isaura, doceira de mão cheia.
Rute lembra que as sextas-feiras eram reservadas pela mãe para preparar doces, bolos e outras delícias no fogão a lenha. ;A mesa ficava repleta de tabuleiros, e tudo era guardado em latas e potes para ser consumido ao longo da semana.; Nuca faltava um biscoito com café para quem visitasse a família.
Apesar de terem crescido em meio a toda essa fartura gastronômica, as garotas não tinham nenhuma habilidade com as caçarolas. ;A primeira vez em que fui fritar um ovo, derramei o saco de sal em cima;, diverte-se Tê. Rute se casou ainda muito jovem e, quando teve a primeira filha, a fiel companheira Tê se mudou para a casa dela para ajudar com o bebê. Veio a segunda filha e a notícia da transferência do marido de Rute para Brasília.
Era setembro de 1972 quando Tê, Rute, o marido e as duas filhas desembarcaram na capital federal. ;Minha mãe ficou preocupada porque eu e Tê não sabíamos fazer nada na cozinha.; De fato, o início não foi fácil. Foram muitos almoços em que o prato principal era frango de padaria.
Como não dava para viver daquele jeito, elas resolveram, então, aprender. Compraram todos os livros e revistas de gastronomia possíveis e passaram a pôr em práticas as receitas. Entre muitos erros e alguns acertos, começaram a sair alguns pratos. Menos ambiciosa, Rute iniciou os dotes culinários pelas sopinhas das crianças. Tê ficou encarregada pelo preparo das refeições.
Quando as gêmeas nasceram, a mãe de Rute passou uma temporada em Brasília para ajudar com as crianças. Aproveitou também para ensinar algumas receitas à filha, que logo revelou habilidade para a confeitaria. E, assim, Tê e Rute descobriram que levavam, sim, jeito para a gastronomia.
As filhas de Rute, que a essa altura já eram em cinco, e os amigos delas só tinham a agradecer. Assim como a mãe, Rute sempre gostou de casa cheia e nunca ninguém saía de lá sem um lanchinho. ;Quando a Tê avisa que vai fazer uma comidinha simples, já sabemos que vai ser melhor do que muito restaurante. Nas mãos dela, qualquer franguinho com legumes se torna algo divino;, atesta a primogênita, Lisaura Cronemberger.
Não à toa, um dos programas preferidos das filhas de Rute é levar a mãe e Tê para restaurantes. ;Sempre procuro reproduzir os pratos que como. Sou muito curiosa e pergunto o que vai na receita;, diz Tê. Recentemente, ela provou um prato com carvão mineral e logo tratou de comprar o ingrediente para arriscar alguma criação.
Um livro para elas
Depois de tantos elogios arrancados ao longo dessas nais de quatro décadas de aprendizado com as panelas, Rute tomou uma decisão: separaria as receitas preferidas das filhas e as escreveria, com a própria letra, em cinco caderninhos para serem distribuídos com a prole. ;Mas aí as sobrinhas começaram a dizer que queriam também, e eu percebi que não seria tão simples assim.;
Em um dos tradicionais almoços de sábado, quando todas as filhas se reúnem, veio a ideia que, a princípio, parecia ambiciosa: por que não colocar essas receitas em um livro? Lisaura, que é arquiteta, e a caçula, Daniella Cronemberger, jornalista, logo arregaçaram as mangas. Criaram uma página de financiamento colaborativo na internet e lançaram a pré-venda da obra para custeá-la. Em pouco tempo, mais de 250 exemplares já estavam vendidos.
Começaram, então, os testes e a seleção das receitas. ;Tivemos que refazê-las e ir padronizando as medidas para que não houvesse erro;, conta Rute. Em um fim de semana, montaram uma operação de guerra no apartamento da família para preparar os pratos para serem fotografados ; um desafio e tanto para Tê, que não gosta de ninguém metendo a mão nas panelas enquanto cozinha.
Em 29 de novembro, dia do aniversário de Rute, o livro Comida e cafuné será lançado em Teresina. Ao todo, são 70 receitas, de autoria de Tê e Rute, testadas e aprovadas por quem já experimentou. Lá, estarão o creme de goiaba com queijo coalho ; compartilhada com os leitores da coluna ;, a torta de nozes e marshmallow, a paçoca de carne seca, a moqueca de carne de caranguejo e tantas outras delícias. Os amigos agradecem. Afinal, tanta gostosura não poderia ficar restrita a uma família.
Creme de goiaba com queijo coalho
Creme branco
Ingredientes
- 2 latas de leite condensado
- 2 latas de creme de leite com soro
- 2 gemas sem pele (reserve 1 clara para o marshmallow)
- 1 colher (sopa) de manteiga com sal
- 1 colher (sopa) de maisena
Modo de fazer
- Em uma panela, junte todos os ingredientes e leve ao fogo baixo, mexendo sem parar. Ferva bem até ponto de creme. Deixe esfriar.
Calda de goiaba com queijo coalho
Ingredientes
- 300g de goiabada lisa
- 1 xícara (chá) de água
- 200g de queijo coalho ralado grosso
Modo de fazer
- Leve uma panela ao fogo médio e dissolva a goiabada na água. Deixe esfriar.
- Deixe o queijo coalho separado.
Marshmallow de goiaba (faça no dia de servir)
Ingredientes
- 150g de goiabada lisa
- 3 colheres (sopa) de açúcar refinado
- 1 clara
- 1/2 xícara (chá) de água
Modo der fazer
- Em uma panela, dissolva a goiabada, duas colheres de açúcar refinado e a água. Reserve.
- Na batedeira, bata a clara com uma colher de açúcar refinado até o ponto de suspiro. Sem parar de bater, vá acrescentando, aos poucos, a goiabada fervente e dissolvida. Bata bem até dar consistência de marshmallow.
Montagem
- Coloque o creme branco, já frio, em um pirex.
- Acrescente a calda de goiabada já fria, reservando um pouco para a decoração. Depois, coloque o queijo coalho ralado e misture suavemente com a calda e o creme branco, usando um garfo. Deixe na geladeira de um dia para o outro.
- Coloque o marshmallow por cima, alguns fios da calda de goiabada para decorar e sirva.
Serviço
Comida e cafuné
Instagram: @comida_e_cafune. Lá é possível obter mais informações sobre o livro e as autoras.