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Vida social no hospital

postado em 20/10/2019 04:10
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Para a engenheira Maria Lúcia Ricci Bardi, 66, na vida adulta, ela sempre esteve em função do trabalho e dos filhos. Por isso, é difícil conhecer gente nova. ;Tenho muitos amigos do ginásio, que encontramos com certa frequência.; Conheceu outra paciente com quem criou uma grande amizade. As duas costumavam ir às consultas nos mesmos dias. ;Nós nos identificamos, porque ambas são separadas, com os filhos mais velhos, e somos parecidas em outras coisas também;, descreve Maria Lúcia, que começou o tratamento um pouco antes da amiga. ;Acho que eu também era uma referência para ela. Fiz, e estava bem. Acabava tirando o medo;, reflete.

Maria Lúcia explica que as conversas com alguém que passa pela mesma doença vão muito além da enfermidade. As pessoas conseguem se conectar. ;A gente não precisa explicar nada, que elas já sabem. Então, o papo passa disso para outras coisas;, avalia. Além disso, quando alguém aparecia mais ;down ou assustada;, as colegas acolhiam e tentavam colocá-la para cima, ;porque não é fácil mesmo;.

Muito focada no trabalho, a engenheira conta que o câncer, diagnosticado em outubro do ano passado, cinco meses após ter feito mamografia periódica com resultado normal, mudou a forma de ela encarar a vida. ;Eu sou outra;, radicaliza. Ela acredita que o gatilho para a doença foi o estresse e, com isso, resolveu tentar lidar de outro jeito com as coisas desagradáveis que acontecem.

Para isso, além das amizades e da terapia com alguém que também já tivesse passado pela experiência do câncer de mama, procurava frequentar as programações do projeto Mãos dadas. ;Porque o diagnóstico é como uma bomba na nossa cabeça. É quando a gente começa a pensar na morte. Na nossa morte. E entende que todo mundo morre, inclusive você.;

Uma das palestras mais marcantes para Maria Lúcia foi justamente sobre vida e morte. ;Convidaram um pesquisador de DNA e um padre. Foi muito interessante ver as coisas de diferentes pontos de vista. É bom vir para o tratamento e ainda ter essa parte social forte, de todo mundo se conhecer.;

Os tratamentos
  • Cirurgia: é mandatória para qualquer tipo de câncer de mama. Trata-se da modalidade curativa principal. ;Estudos comprovam que um procedimento conservador, ou seja, a quadrantectomia, tem a mesma eficácia e segurança que a mastectomia. A necessidade de retirada das mamas pode advir de dificuldades técnicas para a cirurgia conservadora, como no caso de pacientes com tumores grandes em uma mama muito pequena ou de pacientes com tumores ulcerados, em que há necessidade de uma mastectomia higiênica. A quadrantectomia, que é a retirada de um quadrante da mama, cada vez mais, é utilizada com grande benefício paras as pacientes;, afirma Andréa Farias, superintendente executiva e oncologista do Instituto OncoVida/Oncoclinicas.Radioterapia: aplica-se em indicações específicas, independemente do tipo de câncer de mama. Quem fez cirurgia conservadora deve receber. Quem tem comprometimento de pele ou de linfonodos faz também complementarmente.
  • Quimioterapia: protocolos semelhantes e com indicações específicas. A indicação se dá no risco de recidiva, de o câncer voltar. Quanto maior a chance de voltar, tanto na mama quanto no corpo, maior a necessidade.
  • Terapia anti-RER 2: para quem tem tumores com RER 2 positivo (cerca de 20% dos casos). O RER 2 é uma proteína de crescimento expressa na superfície do tumor. Um anticorpo monoclonal reconhece essa proteína. É uma medicação que se usa por um tempo por prevenção.
  • Hormonioterapia: mulheres com tumores que têm receptores hormonais positivos devem usar uma medicação oral de hormonioterapia, que são medicamento inibidores desses receptores.
  • Imunoterapia: utiliza-se, hoje, amplamente para tratar neoplasia de pulmão, pele e rim. Segundo Andréa Farias, há vários estudos em andamento com imunoterapia para câncer de mama. ;Atualmente, nos Estados Unidos, já foi aprovado o primeiro tratamento para câncer de mama triplo negativo envolvendo um quimioterápico e uma imunoterapia;, afirma.

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