postado em 03/11/2019 04:19
[FOTO1]Tradicionalmente, as joias eternizam momentos e marcam datas especiais, como pedidos de casamento, comemorações de nascimento e formaturas. Muitas vezes passadas de geração em geração, carregam um valor que vai além do material. E Brasília, uma jovem senhora prestes a completar 60 anos, já tem idade suficiente para ter sua própria identidade na joalheria, criando novas tradições que serão lembradas pelos que se encantam por seus traços talhados em ouro, prata e pedras preciosas.
Queridinha entre as jovens ; e futuras ; noivas de Brasília, a Bottecchia é uma dessas joias candangas. Criada há cinco anos pela brasiliense Ana Paula Bottecchia, 28 anos, a marca contempla em seu portfólio peças inspiradas na arquitetura da capital. O Solitário Catedral, por exemplo, combina os traços modernistas da igreja com o romantismo e a elegância dos diamantes. As alianças da própria designer e do marido, juntas, têm o desenho do traçado da cidade.
E foi na capital que tudo começou. Ana Paula, formada em jornalismo, trabalhava como assessora de imprensa e estava em busca de um hobby. Quando criança, fazia bijuterias com a avó e resolveu dar continuidade ao antigo hábito. ;Aos 10 anos, eu fazia bijus e os adultos compravam para me incentivar. Aos 22, resolvi retomar isso, mas dando um passo além;, lembra.
Mesmo sem uma relação tão próxima com as joias ; a primeira e única que ela tinha era um solitário, presente da mãe quando se graduou no ensino fundamental ;, Ana sabia que as peças tinham um apelo pelo caráter eterno e pelo significado que carregam. ;Eu ganhei o anel aos 14 anos e ele nunca saiu do meu dedo, sempre foi algo especial para mim;, exemplifica.
Na ausência de um curso de design de joias em Brasília na época, Ana investiu na ourivesaria, na qual trabalhava manualmente com ouro e prata. No início, criava a partir da prata, até mesmo pelo custo mais baixo do material, mas, então, recebeu a primeira encomenda.
Investigação particular
Uma tia queria presentear outra sobrinha por seus 15 anos, e foi ali que Ana começou uma tradição que segue até hoje. ;Queria saber do que ela gostava para criar a peça, e comecei a stalkear as redes sociais, pesquisando a vida dela;, conta, aos risos. O colar ficou pronto e, naquele momento, com sua primeira joia em ouro, Ana resolveu se profissionalizar. Criou a logomarca, o nome, a caixinha e providenciou o certificado. ;Gastei mais com isso tudo do que ganhei com a encomenda;, lembra.
O que começou como uma investigação nas redes sociais se tornou uma das marcas registradas da jovem. Além de andar com uma aneleira ; objeto usado para medir o aro do anel ; na bolsa, a joalheira faz enquetes sobre modelos, aros, tipo de ouro e de pedra e uma série de outras preferências das possíveis clientes. Com as respostas em mãos, Ana cria arquivos com as respostas de cada uma delas.
;Quando um noivo, marido ou namorado me procura sem saber o que comprar, eu já entro no arquivo para saber se tenho as respostas. Quando não sabemos ainda, crio outras enquetes para que aquela pessoa possa responder e escolher sua peça sem saber.;
Aos poucos, por meio da divulgação nas redes sociais, Ana começou a fazer sucesso em Brasília. Cada vez mais, se surpreendia com o cuidado e a preocupação que os noivos tinham. Como jornalista, sentiu a necessidade de dividir aquelas histórias de amor e, assim, seu Instagram começou a fazer mais sucesso. ;O storytelling é um tipo de marketing e, quando estudei depois, vi que comecei a fazer isso de uma forma muito natural, não para vender mais, mas para dividir aqueles sentimentos. E teve um resultado incrível.;
Longe, mas perto
A jovem acabou largando o jornalismo e se mudando para a Alemanha. Lá, faz cursos de especialização pelas cidades e países mais próximos. Vivendo no exterior, sentiu falta do contato com os clientes brasileiros e, assim, nasceu outra tradição da Bottecchia: escrever uma cartinha, que é entregue com a joia.
Com o crescimento da marca e a necessidade de estar sempre criando, Ana não tem mais tempo de colocar a mão na massa. Conta com parceiros, que fazem a produção das joias em Brasília, São Paulo e na Alemanha, mas está sempre de olho em cada etapa e faz o controle de qualidade das peças. ;Morro de saudades da ourivesaria, sempre foi uma terapia. Mas tenho me concentrado mais no design e nesse contato com os clientes.;
Por meio de enquetes, stories e áudios no WhatsApp, Ana está sempre em contato com as noivinhas e girl power Bottecchia ; como ela chama carinhosamente as clientes. As primeiras são as que têm os solitários de noivado ou alianças, já as segundas surgiram como uma forma de incentivar as mulheres a se presentearem com joias, independentemente da ocasião.
E a iniciativa fez sucesso e alavancou as coleções mais completas da Bottecchia, que, além de solitários, têm brincos, pulseiras, colares e anéis. Na mais recente, a Unforgettable, as clientes podem personalizar as peças e levar para qualquer lugar parte das suas histórias.
Anitta como inspiração
A coleção inédita de Ana Paula Bottecchia teve uma inspiração especial. Ao criar uma joia personalizada para a cantora Anitta, a designer teve a ideia de fazer um colar no qual usa pingentes para marcar a trajetória da artista. E a partir dessa peça, nasceu a nova coleção. Anitta virou girl power Bottecchia, assim como outras artistas. Entre elas figuram a atriz Camila Queiroz, a cantora Simone e a atriz Nanda Costa, que pediu a namorada em casamento com alianças criadas por Ana Paula.