postado em 10/11/2019 04:10
[FOTO1]Um gato dócil, com alta expectativa de vida e menos suscetível a doenças. O cenário é tão animador quanto possível. Basta uma única ação para que se torne realidade: a castração. O procedimento é simples, rápido e consiste na remoção do útero e ovários ; no caso das fêmeas;, e dos testículos, nos machos.
A veterinária Camila Maximiano explica que a castração deve ser realizada o quanto antes, já que o período de reprodução dos gatos é rápido e pode gerar até cinco filhotes de uma vez. ;Castrar é um ato de responsabilidade, pois contribui para reduzir a quantidade de ninhadas indesejadas, que, com frequência, favorecem situações de abandono.;
Ao contrário do que pensam alguns tutores, os gatos não precisam cruzar ou ter filhotes antes de passarem pelo procedimento para se sentirem satisfeitos ou completos. Esses são valores humanos. ;Quando agem por instinto, os animais estão, na verdade, mais sujeitos à frustração. Isso porque, durante o cio, possíveis parceiros são percebidos a distância, e isso significa que o seu gato, instintivamente, vai querer cruzar, sem nunca conseguir;, justifica.
Além de contribuir para o controle da natalidade, a remoção dos órgãos reprodutores traz ganhos à saúde do animal. Em fêmeas, por exemplo, o procedimento diminui o risco de câncer de mama entre 40% e 60%. ;Em machos, a castração reduz a inquietação sexual e a necessidade de sair de casa, o que minimiza o risco de fugas, atropelamentos e brigas com outros machos;, explica Camila.
Bem-estar em primeiro lugar
Para que o procedimento possa ser feito de maneira segura, o ideal é que o tutor procure o veterinário qualificado para o procedimento, seguindo algumas recomendações. ;O período ideal para a fêmea é entre o primeiro e segundo cio, enquanto os filhotes machos poderão ser submetidos à castração a partir dos 6 meses. No caso de animais adultos, eles podem ser castrados em qualquer idade, desde que aptos para passar por procedimento cirúrgico;, orienta a veterinária.
A castração nos primeiros meses de vida foi um dos primeiros pontos analisados pela estudante de psicologia Alexia Beatriz, 21 anos, quando decidiu adotar a segunda gata de estimação, a siamesa Diná. ;A minha primeira gata passou por dois períodos de reprodução (cio), que foram muito inquietantes, tanto para ela quanto para minha família. Ela miava bastante querendo sair, se esfregava pelo chão, cheguei até mesmo a dar uma dose de anticoncepcional para ela, mas aí, umas semanas depois, notei que ela parou de fazer xixi. Depois disso, levei ao veterinário, que me informou que a causa era a injeção;, conta.
Quando a pequena Diná chegou à casa da estudante, em 2015, o animal ainda era filhote, e a castração foi providenciada para o sexto mês de vida. ;Precisamos colocar uma roupinha nela, pois ela lambeu bastante o corte, e não queria ficar quieta, além de querer ficar pulando entre os móveis, o que não é o recomendado. Mas esse foi o único problema no pós-operatório. Depois disso, o temperamento dela ficou mais tranquilo, além de ter engordado um pouco.;
A veterinária Camila orienta que, antes da cirurgia, o animal passe por exames sanguíneos e esteja em jejum por, no mínimo, 12 horas. Após a intervenção, que dura cerca de 1h30, o gato deve permanecer com a roupa cirúrgica ou colar elizabetano por todo o período de recuperação ; em média 15 dias, até os pontos caírem.
Capturar, esterilizar, devolver
Apesar das campanhas de conscientização serem eficiente para tutores, o maior problema no controle dos felinos é quanto aos que estão em situação de rua. Vanessa Negrini, coordenadora do Grupo de Estudos sobre Direitos Animais e Interseccionalidade (Gedai), explica que, nesses casos, o indicado é praticar C.E.D (capturar-esterilizar-devolver), método adotado por muitas ONGs. ;É uma excelente prática para controlar a população de animais de rua, quando não há adotantes em vista;, recomenda.
Nesse caso, a coordenadora orienta a pessoa que vai fazer o resgate a ter uma gatoeira, que pode ser adquirida em petshop ou emprestada por ONGs e grupos de protetores voluntários. ;O melhor horário para capturar gatos ariscos é à noite, pois causa menor incômodo ao bichinho. Após recolhê-lo, espere que o animal se acalme e ofereça água e comida dentro da gatoeira mesmo. Depois disso, corte a comida para iniciar o jejum pré-operatório e levar para castrar.;
Vanessa, que atua há sete anos como protetora independente de animais resgatando, castrando e encontrando novos donos, aponta que muitos chegam a alimentar um animal em situação de rua, o que é um gesto de compaixão, mas defende que é primordial que a pessoa se organize para capturar e castrar o animal o mais rápido possível. Caso contrário, logo haverá outros tantos para alimentar. ;A regra aqui é: tu te tornas eternamente responsável pelo animal que alimentas na rua; alimente e castre. Se conseguir doação, ainda melhor.;
*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte
Responsabilidade compartilhada
- Sancionada pelo então presidente Michel Temer, a Lei n; 13.426, de março de 2017, tornou o controle de natalidade de cães e gatos um problema também de responsabilidade do poder público. O texto prevê que o monitoramento será por esterilização cirúrgica, principalmente em regiões com alta população de animais abandonados, além de o programa de castração priorizar tutores de baixa renda.
Benefícios da castração
- As fêmeas castradas não desenvolvem infecções uterinas graves (piometra), inflamação ou infecção das mamas (mastite) e gravidez psicológica (pseudociese).
- Já em machos, reduz-se as chances de hiperplasia de próstata e evita-se o câncer de testículo, que podem ser fatais.
- As fêmeas não entram mais no cio, evitando problemas com o sangramento e possíveis gatos importunando a casa.
- Gatos machos sentem menos necessidade de marcar o território com urina.
- O animal de estimação também pode ficar mais dócil, facilitando a interação e reduzindo situações problemáticas.
- Em ambos os sexos, a castração evita a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis.