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Pelo fim do efeito sanfona

A perda e o ganho de peso em curto espaço de tempo são comuns. E também perigoso. Especialistas dão dicas de como emagrecer de forma consistente e, principalmente, saudável

Correio Braziliense
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postado em 17/11/2019 04:18
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No Brasil, 55,7% da população convive com excesso de peso, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Nesse cenário, a busca pelo emagrecimento rápido é comum, mas pode causar um resultado tão indesejável quanto perigoso: o famoso efeito sanfona.

O quadro ; caracterizado pela perda e ganho de peso em curtos espaços de tempo ; pode ser resultado de diversos fatores, principalmente as dietas restritivas. ;O problema é que a alimentação é algo muito individual, pois envolve hábitos pessoais. E, na busca pelo corpo sarado, o que mais se vê são pessoas seguindo dietas de revista e internet. O emagrecimento até acontece, mas quando a pessoa volta a comer da forma como fazia antes, o peso tende a voltar e, às vezes, de maneira até mais significativa;, explica a nutricionista Maria Caterine.

Isso acontece porque, durante esse processo de emagrecimento, o corpo perde não apenas gordura, mas massa magra, o que torna o organismo mais lento. Quando a alimentação volta ao normal, o corpo entende que é preciso reservar energia. ;O efeito sanfona também está ligado a quadros de ansiedade. Com o retorno do peso, a pessoa tem uma maior tendência a se sentir frustrada e desmotivada, achando que nenhuma alternativa a fará perder peso. Mas, na verdade, ela só optou por um emagrecimento que não contempla seu estilo de vida;, argumenta a nutricionista Patrícia Bezerra.

Além disso, o efeito pode ser perigoso. Segundo pesquisa publicada no periódico americano New England Journal of Medicine, engordar e emagrecer ciclicamente aumenta o risco de problemas cardiovasculares e de morte prematura, em especial nos grupos de risco para doenças do coração e nos das pessoas com níveis altos de colesterol.

Questão de equilíbrio

A pesquisadora e health coach Priscila Villas Boas, 36 anos, viveu o efeito sanfona durante boa parte da vida. Refém de remédios para emagrecer, ela conta que por muito tempo se alimentava apenas de produtos light e acreditava que se privar de comer o que queria era a solução para reverter o sobrepeso. ;Era sempre a mesma coisa: eu emagrecia e, em um ou dois meses, voltava para o mesmo lugar. Vivia passando fome, contando calorias, me matando na academia e nunca chegava ao efeito desejado.;

O cenário se complicou ainda mais ao se mudar para a Austrália, em abril de 2016, quando notou que os ganhos de peso vinham sendo muito mais significativos. ;Estava recém-casada, adoecia com frequência, minha pele estava cheia de espinhas e eu estava completamente infeliz e desmotivada.;

Foi conversando com uma amiga que Priscila se deu conta que poderia ser uma vítima do efeito sanfona e, assim, buscou profissionais que a auxiliassem. Deixou de consumir os alimentos que acreditava que a ajudavam a emagrecer. ;Eu parei de comer barrinha, pães integrais e passei a comer comida de verdade: arroz, feijão, carnes e tudo que eu me privava antigamente.;

Com a reeducação alimentar, aliada a exercícios físicos, como a ioga ; sua grande paixão ;, a pesquisadora conseguiu perder peso, só que agora sem ganhá-lo de volta. ;Muitas coisas

melhoraram, eu me sinto mais disposta, minha imunidade é outra, faz bastante tempo que não fico doente. Além disso, vivo em paz. Contar calorias me deixava ansiosa, dietas me deixavam ansiosa e hoje eu entendo que a busca pelo emagrecimento rápido não é um caminho, o que se deve viver não é uma dieta, mas um estilo de vida;, conta.

Após muito estudar sobre o assunto e devido à sua vivência, Priscila criou o programa Reconectar que busca ajudar mulheres a se livrarem do efeito sanfona de maneira saudável. ;Produzo conteúdos sobre estilo de vida saudável, baseado nas minhas experiências, e busco impactar pessoas para atentarem aos cuidados com o corpo e o peso, sem colocarem a saúde em risco.;



Buscando alternativas

Emagrecer de maneira saudável, considerando o estilo de vida contemporâneo, é um desafio, mas não é impossível. Pelo menos, é o que garante a nutricionista Patrícia Bezerra. ;É importante que a pessoa procure alternativas viáveis e vá fazendo as adequações de maneira gradual, pois, para emagrecer, é preciso mudar hábitos. E hábitos exigem constância e paciência para que a pessoa vá fazendo essas mudanças que está se propondo de maneira saudável;, detalha.

Para tanto, o educador físico Rafael Barbosa orienta que o indivíduo trace um planejamento. ;Criar uma rotina de atividades, horários corretos para comer e para se exercitar, de forma que isso se torne uma rotina, são algumas medidas que facilitam o emagrecimento. Além disso, é preciso entender suas necessidades alimentares e quais adequações precisam ser feitas. No geral, com a ajuda de um profissional;, recomenda.

A nutricionista Maria Caterine recomenda uma dieta variada, colorida e que contenha os nutrientes necessários para manter a pessoa ativa, disposta e satisfeita. ;Evite também a monotonia alimentar. Algumas dietas se baseiam em comer apenas ovo, batata-doce e isso não é saudável. Os riscos de ganhar peso após uma dieta dessas são muito significativos.;

Além dos exercícios e da dieta equilibrada, Rafael Barbosa recomenda exames periódicos, pois o efeito sanfona e a dificuldade em emagrecer ou manter o peso podem ser resultado de doenças, como problemas na tireoide. ;Com medidas simples, de autocuidado, e sem procurar fórmulas mágicas, é possível emagrecer de forma permanente e sem precisar debilitar a saúde para isso;, alerta o educador físico.

Maria Caterine recomenda, ainda, evitar grandes períodos de jejum e respeitar o processo natural de perda de peso. ;Quanto mais tempo a pessoa leva para perder peso, mais permanente e saudável será o emagrecimento.;

*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte


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