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Combatendo tumores

Pets também podem ter câncer. Se descoberto no início, há grande chance de cura, mas, para tanto, o tutor precisa ficar atento aos sinais do animal e levá-lo para checapes anuais

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 17/11/2019 04:18
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Caracterizado pelo crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos, o câncer não é restrito aos humanos: cães e gatos também podem ser acometidos pela doença. A boa notícia é que, quando descoberto de forma precoce, há grandes chances de cura.

De acordo com médica veterinária Fabiana Volkweis, ao descobrir que o animal de estimação tem um tumor, o tutor deve primeiramente ter calma, já que a reprodução das células pode ser tanto maligna quanto benigna. ;Nos casos de câncer, o diagnóstico nas fases iniciais é o ideal, pois aumenta as chances de sucesso no tratamento, por isso exames de rotina são necessários pelo menos uma vez ao ano;, recomenda.

Determinados tipos de câncer têm maior incidência em cães e gatos, como é o caso do de mama, que, de acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), atinge cerca de 45% das fêmeas caninas e 30% das felinas. ;Uma boa maneira de prevenir é castrando o animal. Diversos estudos já comprovaram que a retirada dos órgãos reprodutores entre o primeiro e o terceiro cio ajuda a diminuir a incidência desse tipo de neoplasia;, explica Fabiana.

Outro tipo bastante comum é o câncer de pele, que atinge principalmente cães de pelagem branca ou que têm pouco pelo e são expostos ao sol sem a devida proteção. ;Nesses casos, cabe ao tutor adotar medidas que minimizem os risco de desenvolvimento, como passear com esse animal apenas em horários em que os raios solares não são tão incidentes e fazer o uso de protetor solar;, recomenda.

Mas como saber se o animal de estimação sofre com algum tipo de câncer? Além de realizar exames de imagem periodicamente, Fabiana explica que o tutor deve estar atento a mudanças de comportamento do animal e, com frequência, deve apalpar o pet para verificar possíveis nódulos. ;Apesar de os sintomas variarem de acordo com a tipicidade da neoplasia, alguns são mais comuns nos tumores, como inapetência, anemia, emagrecimento repentino e vômito;, explica.

Além disso, alguns fatores de risco podem aumentar a incidência da doença, como consumo de alimentos processados e ricos em conservantes, obesidade e uso em excesso de medicamentos para controle de pulgas e carrapatos. ;A idade também é um fator determinante para a incidência da doença, já que, quanto mais velho, maiores os riscos de o animal a sofrer algum tipo de mutação celular, que, ao se duplicarem defeituosas, causam tumores;, alerta.

No geral, cães e gatos podem ter dois tipos de tratamento em casos de câncer: curativo e paliativo. Enquanto o curativo é recomendado para fases iniciais da doença, quando há chances significativa de cura, o paliativo busca trazer qualidade de vida ao animal com a minimização de sintomas, como a dor. A eutanásia é recomendada apenas quando o tratamento paliativo não consegue diminuir o sofrimento do animal.

Um tempo a mais

Foi examinando seu cachorro que Patrícia Mendes, 49 anos, descobriu, há cerca de três meses, que Luca tinha câncer linfático. ;Era noite e ele começou a engasgar bastante, como se não conseguisse engolir. Quando apalpei a garganta dele, notei dois caroços do tamanho de ovos. Pelo horário, apenas o mediquei para que pudesse dormir e levá-lo ao veterinário pela manhã;, conta.

Durante a consulta e depois de uma bateria de exames, o veterinário alertou sobre a suspeita de câncer. ;Os exames saíram em três dias, e eu não acreditei. Cheguei a pedir que fizéssemos novamente os exames em outro local. Mas, novamente, deram positivo. Quando finalmente fui encaminhada para o oncologista, descobrimos que o câncer já estava atingindo o abdômen.;

Com a gravidade do diagnóstico, Patrícia optou por não entrar na fila do hospital público para realizar o tratamento, já que o câncer na corrente sanguínea necessita de tratamento no menor tempo hábil possível. ;Comecei a correr contra o tempo e estou bancando o tratamento por meio de uma campanha, na qual vendo rifas e faço bijuterias para revender a preço de custo. O tratamento é quimioterápico e deve ser realizado toda a semana. Caso ele responda bem, pode diminuir a periodicidade para a cada 21 dias;, conta.

Luca, atualmente, está na quarta sessão de tratamento, que tem duração mínima de seis meses. Por ser autônoma, Patrícia conta que vem dedicando a maior parte do tempo ao cão, já que o tratamento da doença é apenas paliativo. ;O temperamento dele mudou um pouco. A partir da segunda sessão, ele começou a passar mal, teve vômito, diarreia, mas melhorou. Não tem cura, mas tem qualidade de vida e possibilidade de ele viver mais alguns anos comigo;, anima-se.

Além do tratamento, algumas medidas foram necessárias, como deixar Luca afastado dos outros animais da casa para evitar queda na imunidade. ;Por recomendação médica, ele continua indo ao Parque da Cidade, que ama, e a alimentação é a mesma de sempre: frango e carne cozidas sem nenhum tipo de tempero junto à ração sem corantes ou qualquer outro tipo de conservante. E, é claro, muito amor;, conta.

*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte

Tratamentos mais comuns
  • Quimioterapia: o procedimento tem como base a eliminação das células cancerígenas por meio de medicação. Essa modalidade de tratamento costuma ser mais agressiva, pois afeta não apenas o tumor, mas todos o corpo do animal.
  • Eletroquimioterapia: menos invasivo, o tratamento é uma alternativa à químio ou à cirurgia, que são mais comuns. É uma técnica nova, que consiste na emissão de um choque de voltagem calculada, que é direcionado ao local onde há acúmulos de células cancerígenas.
  • Cirurgia: o método consiste na retirada do tumor, tanto benigno quanto maligno. No geral, após o procedimento, a quimioterapia é recomendada de forma complementar.
  • Radioterapia: A radioterapia é menos agressiva, mas é considerada uma medida paliativa, pois não tem o objetivo de remover a doença por completo. Por meio da radiação ionizante, busca-se a diminuição de células cancerígenas e, assim, a melhora na qualidade de vida do animal.

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