*Por Dr. Ricardo Teixeira
postado em 13/12/2019 12:58
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Quando pensamos em sucesso, vêm às nossas mentes conceitos como boas ideias, trabalho duro, disciplina, criatividade, imaginação, perseverança e até sorte. O que uma pesquisa recente publicada pela Nature nos aponta é que os fracassos devem fazer parte dessa lista também. Mas não é qualquer fracasso. São aqueles que fazem a gente nos aprimorar para as próximas tentativas e que estas não demorem a acontecer.
Os autores do estudo mostram que o que separa os ;winners; dos ;losers; não é a persistência. Ambos tentam o mesmo número de vezes para alcançar o objetivo, só que os ;winners; chegam lá. Eles trabalham duro da mesma forma, mas de forma mais esperta. Os fracassos servem de guias para o aperfeiçoamento para a próxima tacada. Não agem com impulsividade diante de uma batalha perdida. Estão pensando em vencer a guerra. Os ;losers; não necessariamente trabalham menos, mas fazem mudanças de táticas além do necessário.
Outro ponto que diferenciava os projetos de sucesso foi a rapidez com que as novas tentativas aconteciam. Quanto mais rapidamente você perceber o fracasso e se organizar para uma próxima investida, melhor. O orientador da minha tese de doutorado, Fernando Cendes, me introduziu esse conceito de forma muito convincente. ;Ricardo, se você não encontrar os resultados que procura nessa amostra de 20 indivíduos, não adianta procurar em outros cem. Mude sua tática.;
As conclusões do estudo não querem dizer que disciplina e sorte, por exemplo, não tenham seu valor. Mas se todos têm esses atributos de forma equânime, usar o fracasso de forma inteligente e rápida faz toda a diferença. Os pesquisadores estudaram milhares de pedidos de financiamento de pesquisa e desempenho de startups. Curiosamente avaliaram também o ;sucesso; de terroristas e atentados sem mortos foram considerados fracassos. Os resultados foram aplicáveis para esses três diferentes universos e provavelmente para muitos outros que não foram estudados aqui.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília