postado em 29/12/2019 04:17
O amor pode ser o caminho para a reabilitação de Eugênia, personagem que Helena Fernandes vive na novela das 19h da Globo, Bom Sucesso. A trama de Rosane Svartman e Paulo Halm está na reta final e Helena é só comemoração pela personagem.
A atriz apressa-se em esclarecer que Eugênia não é uma vilã. E olha que Helena já viveu algumas malvadas na telinha. ;Muita gente fala isso; Mas ela não é uma vilã. É uma mulher elitista, preconceituosa, mas não é uma vilã. Embora eu não tenha nada contra uma vilã. Pelo contrário, já fiz algumas, e adoro;, afirma, em entrevista ao Correio.
A confusão se dá porque Eugênia e Paloma, a mocinha de Grazi Massafera, tiveram o que Helena classifica como um ;desarranjo; no início de Bom Sucesso. Mas a chegada de Vera (Ângela Viera), mãe de Eugênia, e o amor pelo filho Vicente (Gabriel Contente) podem salvar a personagem. ;Espero que isso se modifique daqui até o final da novela, por conta do amor que ela sente pelo filho, que ela educou mal (risos), e que, na realidade, está se acertando agora com a entrada da avó na trama. O Vicente está se modificando por causa da chegada da Vera, e acho que a Eugênia também. Eu acredito que o amor modifica mesmo;, diz Helena.
Eterna Silvana de Caça talentos (uma das vilãs da galeria da atriz), Helena comemora a reprise da novelinha, estrelada por fada Bela (Angélica), no Viva. ;Para mim, é importante revisitar para você se ver e ver o quanto você amadureceu, o quanto você cresceu;, avalia.
Entrevista // Helena Fernandes
A Eugênia acaba meio que sufocando, superprotegendo o Vicente com esse tanto de amor, o que pode atrapalhá-lo. Você também é assim?
Não. Eu tenho três filhos homens, com idades entre 16 e 31 anos, e eu posso até sufocar com um bocadinho de amor (risos). Mas sou completamente o oposto da Eugênia. Para mim, educar é formar caráter, é uma responsabilidade muito grande na vida de qualquer pai, de qualquer mãe. Para eles, dedico o melhor de mim, o melhor do meu afeto. Na minha cabeça, estou formando seres humanos melhores para esse mundo que está cada vez mais louco. Procuro mostrar sempre o olhar para o outro, porque a gente não vive nesse mundo sozinho e ensinar os filhos a ter um olhar generoso para o outro, a ter respeito pelo outro, é fundamental.
Você mudou o visual para fazer a Eugênia, ficando loira. O quanto isso ajuda na composição de uma personagem?
Sempre ajuda. É como se fosse uma roupa a mais que você veste. Fora isso, você experimenta não só como personagem, mas na vida mesmo ; tem aquele visual que você acha que nunca teria porque não combinaria com você, que não tem a ver com sua personalidade. É sempre maravilhoso você mudar o visual em nome da personagem, porque você vai descobrindo que você pode também na vida ser diferente. A minha alma é morena, mas fiquei muito feliz de mudar o visual, de ficar loira para fazer a personagem. Eu gosto também do cabelo enrolado dela, que é diferente do meu, que é liso.
Fazer 50 anos foi um problema, um peso, para você?
Eu tenho várias amigas da minha geração que tiveram crise dos 40, crise dos 50. Eu, graças a Deus, não vivi a dos 40, a dos 50 e espero, de verdade, não viver a dos 60. Eu sou feliz com o que eu vejo, com o meu espelho.
Até hoje imagino que as pessoas se lembrem de Caça talentos e de A diarista, dois trabalhos do início de carreira. Isso te incomoda de alguma forma?
Nada! Tudo que sou hoje é por causa do que vivi lá atrás. A carreira é uma construção. Tenho maior orgulho. Caça talentos é o início da minha carreira, eu tinha feito uma novela só e fui chamada. Hoje está sendo reprisado no Viva e recebo mensagens de fã-clubes falando da personagem. Adoro qualquer lembrança que venha de um personagem do passado. Eu nunca seria quem eu sou sem a Ipanema, sem a Silvana, sem tantas outras personagens a quem dei vida, muitas bem distantes de mim. Tudo é uma soma.
O artista, além de entreter, tem uma função social que você exerceu ao tocar em temas como o câncer de mama (Helena fez o autoexame numa cena de Malhação ; Sonhos, de 2014) e abuso sexual (a atriz relatou um caso pessoal a Fátima Bernardes). Sente que vocês podem ajudar outras pessoas com essas experiências?
Acho superimportante. Quando fiz Malhação, a minha personagem teve câncer e fiz o autoexame às 18h. Então, era aquela mulher que aparecia com os seios de fora. Na época, assustou as pessoas. Mas isso ajuda porque, às vezes, a pessoa que desconfia que tem a doença e não procura o médico por ter medo de investigar se identifica com a personagem que está no ar. Fui tão acolhida naquela época e acolhi tanta gente... Fiz campanha alertando para o Outubro Rosa, para a importância do autoexame, de você ser vigilante com respeito à saúde. O artista tem uma voz diferenciada e deve usar isso para ajudar, para contribuir com o outro de alguma forma. Acho isso fundamental.
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