postado em 29/12/2019 04:17
O futuro está demorando muito. Daqui mais algumas horas, 2019 termina e nada do que foi prometido em O Caçador de Androides, o filme de Riddley Scott ; que se passa precisamente em 2019 ; apareceu. O mundo continua dividido em países, não houve colonização de outros planetas e os carros ainda usam rodas. Para piorar, a PanAm faliu ; a empresa aparecia com destaque, como uma corporação intergalática.
Também se frustrou a construção da base lunar prevista para 1970 pelo filme Project Moonbase ; talvez em 2069, diz a Nasa. Notícia boa é que passamos ; faz tempo ; o 27 de agosto de 1997 e o mundo não acabou, como estava claro em O Exterminador do Futuro, embora a gente não saiba se Sarah Connors, mãe do revolucionário John, que daqui a nove anos lideraria um levante contra os robôs para salvar a humanidade, teve neném.
Estamos também atrasados em relação à previsão de Arthur C. Clark; para ele, os primeiros contatos com seres de outros planetas se dariam, não em 2001, como o livro e o filme sugeriam, mas em 2010 ; a culpa é dos alienígenas, que não vieram. Serve de alívio o fato de ainda não terem sido inventadas as pizzas desidratadas mostradas em De Volta para o Futuro, com aqueles skates voadores.
O mais perto que chegamos do futuro é o de 1984, de George Orwell, mas, em vez daquele governo totalitário e paranoico que vigia a todos permanentemente, o controle é exercido por corporações, como confessou recentemente o dono do FaceBook, Mark Zuckerberg, ao admitir, em carta enviada ao Congresso americano, que seus clientes são monitorados mesmo quando escolhem desativar o serviço de geolocalização. Ou seja, ele sabe exatamente onde você está agora. Provavelmente sabe o que você está fazendo.
Mas as pessoas não estão nem aí. E sem interesse em saber do futuro distante. Nem mesmo as antigamente famosas previsões de esotéricos emocionam mais.
O povo parece se contentar em conhecer o calendário com os feriadões do ano e que podem valer uma esticada à praia ou uma sextada mais radical; no máximo, se o Wesley Safadão vem tocar no Parque da Cidade. As emoções andam cada vez mais baratas, como se fossem folhas de um carnê de loja, em que a felicidade é paga em módicas prestações.
De certo, sabemos que 2020 será o ano da saúde das plantas, mas também da tabela periódica de elementos químicos (agora com 118 elementos) e o ano internacional do som; também é o ano internacional das enfermeiras e parteiras. Ou seja, à escolha do freguês.
Xangô será o orixá de 2020; para quem acredita, bom presságio, promessa de inteligência e justiça. Para os chineses ; a partir de 25 de janeiro ; será o ano do rato, propício a sair de situações complicadas. Para os astrólogos, será regido pelo sol, o que pode significar abundância, mas que oferece riscos. Para mim, um ano como todos os outros, com a vantagem de ter um dia a mais; espero aproveitá-lo.
Venha como vier, feliz ano-novo!