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Crônica da Revista

Correio Braziliense
postado em 05/01/2020 04:09


E o Oscar vai para...

Desde que fui mãe, nunca tinha assistido a tantos filmes que devem concorrer ao Oscar antes mesmo do dia da premiação. E você deve estar se perguntando: o que tem a ver maternidade e sétima arte? Tudo. Ou melhor, nada, já que com crianças pequenas em casa uma simples ida ao cinema torna-se uma verdadeira operação de guerra. Exceto, claro, quando os lançamentos são da Disney ou da Pixar — esses nunca deixaram de ficar em dia.

Como uma boa apaixonada por cinema, acabei substituindo os longas pelas séries — vistas comodamente no sofá de casa e que, justiça seja feita, muitas sem deixar nada a desejar a nenhum bom filme. Mas, em 2019, os serviços de streaming decidiram dar um passo além e entraram de vez em produções cinematográficas dignas da estatueta. Em 2018, eles já até tinham ensaiado investir nesse universo, com o belíssimo Roma, uma produção Netflix, com direção do mexicano Alfonso Cuarón e ambientada na Cidade do México.

Mas no ano passado, a Netflix subiu para outro patamar. A começar pelo mais recente longa de Martin Scorcese. Antes mesmo de ir ao ar, O irlandês já podia ser considerado uma obra-prima. Também não era para menos. Estrelado por Robert De Niro, Al Pacino e Joe Pesci, tem tudo para se tornar um clássico, assim como Os bons companheiros e Casino — também dirigido por Scorcese e estrelado por Robert De Niro e Joe Pesci.

Com três horas e meia de duração e uma narrativa cronológica passada em ao menos três fases — e não na ordem em que os fatos acontecem —, confesso que não consegui vê-lo de uma tacada só. A meu favor, vale lembrar que as crianças estão de férias escolares.

Mesmo assim, O irlandês já faz parte da minha lista (ela é extensa, vai) de filmes preferidos. E aí vai um conselho, mesmo estando em casa, separe a pipoca, desligue o celular e faça de conta que está na sala de cinema. Ainda conseguirei fazer isso, pois pretendo, sim, revê-lo em breve.

Na sequência, assisti a outro longa com boas chances de indicação ao Oscar — pelo menos pela belíssima atuação, tanto do ator principal, Adam Driver, quanto da atriz, Scarlett Johansson. História de um casamento foi uma gratíssima surpresa, até porque não tinha nenhuma expectativa sobre ele. Basicamente, é a narrativa do que foi uma relação a partir do momento em que ela termina, mas contada sem as romantizações que estamos acostumados a ver em Hollywood.

Também pudera, História de um casamento é escrito e dirigido por Noah Baumbach, um adepto do movimento cinematográfico nova-iorquino Mumblecore — um subgênero de cinema alternativo que busca dar ênfase mais no diálogo do que na trama em si. Além de tocante, foge dos clichês.

Por último, foi a vez de conferir Dois papas — esse, sim, envolto em muita expectativa. E não me decepcionou. A atuação, tanto de Anthony Hopkins, como Bento XVI, quanto de Jonathan Pryce, como Francisco, está impecável, assim como a direção do brasileiro Fernando Meirelles. Orgulho define. O longa é divertido, denso — quando tem que ser — e os diálogos de uma inteligência primorosa, tão rara nos dias de hoje.

Enfim, começo 2020 com a alegria de uma cinéfila que conseguiu assistir ao menos três belos filmes. Vamos ver se eles estarão, de fato, na lista de indicações ao Oscar, prevista para sair no dia 13. E que este ano as idas ao cinema sejam mais frequentes. Feliz ano-novo!




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