Correio Braziliense
postado em 12/01/2020 04:09
Na época, a família buscou o Amtigos, em São Paulo, e entrou em uma longa fila de espera. Desde então, as roupas de Duda mudaram, ela deixou o cabelo crescer e escolheu o novo nome, no qual já pensava desde os 8 anos. “Perguntei para a minha mãe qual seria meu nome se eu tivesse nascido menina, e gostei muito de Maria Eduarda. Ali, decidi que queria que esse fosse meu nome”, lembra.Entre 11 e 12 anos, começaram as mudanças na escola — como a do nome social na chamada e a do uso do banheiro feminino. A família lembra que enfrentou algumas dificuldades com uma das funcionárias, mas, ao entrar em contato com os responsáveis pela escola, tudo foi resolvido, os direitos de Maria Eduarda respeitados. Apesar de usar o nome social, a família ainda não iniciou o processo de retificação dos documentos.
Aos 12 anos, com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, Duda começou o bloqueio hormonal para impedir o avanço da puberdade masculina. Ela toma injeções com os bloqueadores uma vez por mês e realiza uma bateria de exames a cada 90 dias, além de fazer acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
O plano de Duda é iniciar a hormonização aos 16 anos, por meio do projeto de pesquisa do Amtigos, coordenado por Alexandre Saadeh. “Está dando certo, vai chegar o grande dia, que vai ser depois da cirurgia de ressignificação sexual”, conta Duda. Patrícia completa que, até chegar lá, ela tomará a decisão com mais maturidade — no Brasil, a cirurgia só é feita após os 21 anos.
Duda afirma que, tirando algumas ondas de calor e oscilações de humor que teve no início do tratamento de bloqueio hormonal, sente-se calma e estabilizada. “Eu me olho no espelho e já estou feliz, finalmente me sinto satisfeita com a minha aparência e me vejo no reflexo”, revela a adolescente hoje com 13 anos.
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