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Correio Braziliense
postado em 01/03/2020 04:17
O dois primeiros terapeutas da parteira Rita Pinho, 54 anos, concluíram que ela era pitta vatha. Depois, um mapa astrológico a definiu como kapha vatha. “Mesmo essa discordância fez muito sentido para mim. Porque eu tinha esse desequilíbrio pitta vatha, que parecia que eram meus doshas. Acho que eu virei pitta para sobreviver, para ser mais reativa e não me machucar. Mas como kapha faz mais sentido”, reflete.

A parteira sempre meditou e fez ioga, mas o primeiro tratamento ayurvédico foi há quatro anos, depois de uma hemorragia no olho direito, por conta de uma seca muito forte em Brasília. Foram sete dias voltados para a visão e mais 40 de dieta de desintoxicação. “Não é fácil, tem que ter disposição, boa vontade.”

A meditação, que estava um pouco de lado, voltou com tudo para a vida dela. Rita também retomou as caminhadas que fazia periodicamente. Mas, principalmente, ficou mais atenta às combinações de alimentos. “Eu tinha bastante muco nas vias respiratórias, meu ouvido entupia muito”, conta. Embora adore queijo e derivados de leite, percebeu que eles não lhe faziam bem. Diminuiu o consumo. “E, quando como queijo, acrescento ingredientes que acelerem a digestão, coisas quentes, como orégano e pimenta”, recomenda.

Depois da primeira intervenção, ela passou três anos, todos os dias, aplicando óleo de gergelim nos orifícios, nariz, olhos e ouvidos. Agora, já não precisa disso, mas procura ter uma rotina que esteja de acordo com o dinacharya: o ritual matutino pregado pela ayurveda. Ela acorda bem cedo, faz a higiene da boca, raspa a língua, bebe água morna com limão, toma banho, coloca uma roupa limpa e vai meditar. O café da manhã, só às 10h. Dessa forma, tenta viver uma vida equilibrada.

Rotina matinal

É possível manter a saúde com algumas rotinas do sistema ayurvédico. Uma delas é o dinatcharya, que deve ser feito pela manhã. Aprenda como com a terapeuta Mima Mascarenhas.
  • Deve-se acordar antes do nascer do Sol, por volta das 7h
  • Escovar os dentes
  • Raspar a língua (de preferência com um material de cobre, ouro, prata ou aço inoxidável): “A película branca que fica na língua são toxinas e, se não for retirada, vai para o estômago e atrapalha a digestão”, esclarece Mima Mascarenhas.
  • Fazer o gandusha: bochecho com óleo de gergelim. “Tem quem faça com óleo de coco, mas ele tem qualidade fria, diferentemente do de gergelim. Tem que ser um quente. Ele vai melhorar o paladar, tirar toxinas, fortalecer as raízes dos dentes, evitar nevralgia”, explica a terapeuta.
  • A pasta de dente deve ser natural, com ervas amargas ou adstringentes.
  • Fazer oleação dos orifícios. No nariz e nos ouvidos, pode ser usado óleo de gergelim — em se tratando de pessoas saudáveis. Alguém que tenha muita otite vai precisar de um óleo específico, com alguma erva adicionada. Nos olhos, passe uma gota de manteiga ghee de boa qualidade em cada.
  • Olear a cabeça.
  • Tomar banho.
  • Depois, praticar atividade física. “Tradicionalmente, a ayurveda fala da ioga, mas pode ser tai chi chuan, alongamento, pilates. Nada de alto impacto ou que o deixe ofegante”, ensina Mima. Ela também acrescenta que a ioga deve ser feita já limpo, durante a chegada do Sol, que é interpretada como a chegada de Deus.
  • Desjejum: não coma nada frio. Não coma frutas cruas. Coma cereais de boa qualidade. A comida representa 50% dos cuidados com a saúde na ayurveda. “Deve ter cuidado com as combinações, mudar a dieta de acordo com a estação, refletir sobre o que comer, dependendo do humor e do clima, e diminuir ou parar com as comidas ultraprocessadas”, diz a terapeuta.

O que são os doshas?

Segundo a terapeuta Mima Mascarenhas, a medicina ayurvédica tem origem na filosofia sankhya, que vê o Universo como integrado e formado de cinco elementos: éter, ar, fogo, água, terra. Nesse contexto, os humanos seriam microuniversos. “A combinação dos elementos em cada um de nós dá origem a uma força celular e metabólica”, explica.

O éter é o espaço oco; o ar, o éter em movimento; o fogo representa o metabolismo e está presente, principalmente, no sistema digestivo; a terra representa as estruturas sólidas do corpo, como ossos, músculos, tendões, cartilagens, unhas, pele, cabelos e tecidos; e a água manifesta-se nas secreções, sucos digestivos, glândulas salivares, nas mucosas, na parte líquida do sangue (plasma) e citoplasma.

Os arranjos dos elementos dão características anatômicas, fisiológicas, emocionais e espirituais diferentes, que são classificadas como os doshas: pitta, vata e kapha, que podem ser divididos ainda em cinco subdoshas. Um tratamento para diabetes, por exemplo, pode ser prescrito de forma diferente para pessoas com cada um desses doshas. “As técnicas podem ser as mesmas, mas as plantas, a alquimia dependem do dosha da pessoa, das qualidades da mente dela”, afirma Mima.

Pitta é uma mistura de fogo e água. Daniel Sales explica que, para que se entenda visualmente, indivíduos com a predominância desses elementos têm tamanho mediano, metabolismo acelerado e sentem muita sede. Tendem a ser ativos e críticos. Pitta se caracteriza pelo que é quente, líquido, azedo e oleoso.

Vata é éter e ar. São pessoas magras, com pouca musculatura, longilíneas e friorentas. “A prisão de ventre é comum nelas”, afirma Daniel. Costumam ser ágeis, entusiasmadas, comunicativas e indecisas. Vata reúne qualidades como seco, leve, frio, móvel, áspero e claro.

Kapha é terra e água e é uma combinação associada a uma estrutura física forte e larga, com tendência a ganhar peso. O trato digestivo é preguiçoso. Pessoas desse tipo são estáveis, lentas, pacientes e mais preguiçosas. Kapha é pesado, suave, oleoso e adocicado. “Na emoção, são pessoas mais melancólicas, que se decepcionam facilmente”, afirma Daniel.

Produtos ayurvédicos

Depois de uma carreira na indústria da alimentação não tão saudável assim, Nicole Vendramini decidiu mudar de lado e se tornou também health coach e especialista em nutrição ayurvédica. Já havia também percebido uma lacuna: “O universo da alimentação saudável estava muito focado no fitness. Faltava um olhar mais holístico para a saúde”.

Foi assim que surgiu a ideia de criar a Holistix, um site que não só vende três produtos que ajudam na desintoxicação do corpo de todos como funciona como uma plataforma de conteúdo. A empresa comercializa um raspador de língua de cobre, para retirar a capa branca, uma escova a seco para a pele que, além de ajudar na liberação de toxinas, melhor a circulação, e uma mistura chamada Golden mix”, de cúrcuma e leite de coco. “Hoje, até a ciência moderna já está olhando para a cúrcuma. Existem mais de 12 mil estudos registrados sobre elas. Ela tem propriedade anti-inflamatória”, afirma Nicole.


Golden Milk Latte
  • 2 colheres-medida de Golden Mix Holistix (aproximadamente 2g)
  • 1 xícara de leite de coco para beber ou outra opção vegetal ou comum
  • 1 colher pequena e rasa de óleo de coco
  • Mel a gosto (opcional)

Molho para salada
  • 2 colheres-medida cheias de Golden Mix Holistix (aproximadamente 2,5g)
  • 3 colheres de sopa de tahine
  • 1 pitada de pimenta-caiena
  • Sal a gosto
  • 1/2 dente de alho assado (opcional)
  • 1/2 copo de suco de limão
  • 1/2 copo de água (ou mais se quiser chegar em uma consistência mais líquida)
  • Misture tudo e sirva. Se escolher a receita com alho, use um mixer ou aparelho de sua preferência para triturar e misturar os ingredientes por aproximadamente 2 minutos.
 

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