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Da engenharia à gastronomia: a história do chef do novo Aglio Gastrobar

Lucas Cappai mudou-se para a capital por conta do convite para chefiar a cozinha do Paris 6, franquia de São Paulo. Agora, abriu um gastrobar cujo cardápio tem pegada bem brasileira

Correio Braziliense
postado em 01/03/2020 04:17
homem de óculosFoi um professor de Lucas Cappai, durante uma festa com os colegas da faculdade para comemorar o fim do sétimo semestre de engenharia, quem fez a profecia: “O seu futuro está na comida. Você gosta mesmo é disso aqui”, disse, apontando para a “paella mineira” que o jovem universitário tinha preparado para a celebração. “Era um sábado. Na segunda-feira, tranquei o curso de engenharia e, logo depois, me matriculei em gastronomia.”

Neto de italianos, o mineiro Lucas cresceu em uma casa onde tudo acaba em festa. E sempre ao redor de uma mesa farta, claro. “Na minha família, até morte de cachorro é pretexto para nos reunirmos”, brinca. Ainda na adolescência, cozinhar passou a ser uma das paixões do rapaz. “Eu era convidado para as festas e, quando chegava lá, descobria que tinham me chamado para preparar a comida”, diverte-se. E ele não reclamava. Ao contrário, curtia deixar todos felizes com suas criações gastronômicas.

Dois meses após o início da faculdade de gastronomia em Belo Horizonte, um professor de Lucas o indicou para trabalhar como auxiliar de cozinha em um restaurante japonês. Uma semana depois, o dono chamou o rapaz para chefiar a cozinha. “Eu já fui chef de cozinha logo no início da faculdade, o que não foi necessariamente algo bom”, analisa.

Como um dos donos do restaurante onde Lucas trabalhava era jogador de futebol, o jovem acabou conhecendo vários outros atletas e músicos. E muitos deles começaram a contratá-lo para cozinhar em suas casas. Assim, ele acabou se tornando, também, personal chef.

Com o diploma em mãos e a passagem por várias casas de Belo Horizonte no currículo, no início de 2018, surgiu o convite para o mineiro vir para Brasília chefiar a cozinha do Paris 6, franquia de São Paulo aberta havia poucos meses na capital. Lucas conta que foi uma experiência maravilhosa, principalmente para ele, que tinha começado a carreira já como chef, pois se tratava de um empreendimento muito grande. “Aí, sim, eu soube o que era comandar uma cozinha grande.”

Tinham, porém, dois problemas. O primeiro era que, por se tratar de uma franquia, o chef não podia criar receitas próprias; o segundo foi que Lucas começou a namorar a dona do restaurante. “Logo que comecei a me envolver, pedi para sair. Não queria misturar as coisas”, justifica.

O poder do alho

Lucas passou, então, a prestar consultoria para casas de Brasília, cidade que adotou. Ao mesmo tempo, começou a maturar um projeto antigo: abrir o próprio estabelecimento. Adepto de uma cozinha simples, cheia de afeto, mas sem deixar a qualidade de lado, pensou em montar uma espécie de boteco gourmet, onde as pessoas pudessem comer bem, ser muito bem atendido e não gastar muito. Surgia, assim, há menos de um mês, o Aglio Gastrobar — cujo nome é uma homenagem às suas origens.

“Dos 5 aos 10 anos, a minha avó italiana me fazia comer dois alhos crus por dia. Dizia que era bom para a minha imunidade. De fato, até hoje, nunca gripo”, afirma. E Lucas cresceu apaixonado pelo tempero, sempre presente na sua comida. “Aqui, todos os pratos saem com um dente de alho assado.”

No cardápio, pratos com uma pegada bem brasileira e muita comida de boteco. “Um dos carros-chefes da casa tem sido o Torresminho de frango, que nada mais é do que a pele do frango frita”, detalha. O croquete de costela bovina é outro sucesso da casa, assim como a panceta suína. Mas o menu não se restringe a petiscos. Entre os pratos principais, o ossobuco, que Lucas compartilha com os leitores da coluna, tem tido ótima aceitação.

“Eu quero que as pessoas tenham contato com a comida de verdade, sintam prazer em se deliciar com pratos simples, mas muito bem preparados”, resume. Outra prioridade do chef é o atendimento: “Aqui, tudo é muito informal, os nossos garçons recebem os clientes como amigos.”

Tudo isso tem uma razão de ser. Para Lucas, cozinhar é uma grande diversão. “No Aglio, nós cozinhamos felizes. Levamos muito a sério o que fazemos, mas estamos sempre nos divertindo.” E, para ele, isso se reflete na comida que serve aos clientes. Ainda bem que perdermos um engenheiro e ganhamos um cozinheiro!


Ossobuco


Ingredientes
  • 1 Ossobuco (de 550g a 650g)
  • 2 laranjas
  • 20g de sal
  • l 1 cabeça de alho descascada
  • 1 Cebola pequena
  • 1 cenoura pequena
  • 100g de alho-poró
  • 120g de salsão
  • 1 pimentão-vermelho
  • Pimenta-do-reino a gosto
  • 700ml de água
  • 150ml de azeite

Modo de preparar
  • Limpe o ossobuco usando uma faca para tirar todo o nervo que tiver em volta.
  • Coloque o ossobuco em um refratário com o suco de duas laranjas e uma pitada de sal e pimenta-do-reino.
  • Em uma panela funda, acrescente o azeite, uma cabeça de alho picadinha, uma cebola picadinha, uma cenoura em rodelas, alho-poró e salsão picados grosseiramente.
  • Acrescente o ossobuco e deixe que tudo doure.
  • Coloque água até cobrir todos os insumos, ponha em fogo brando e deixe cozinhando por quatro ou cinco horas. Para agilizar o processo, pode usar uma panela de pressão — o tempo reduz para 30 a 40 minutos.
  • Deixe cozinhar até atingir um ponto em que a carne do ossobuco fique bem macia e suculenta.
  • Sirva com arroz de açafrão e batatas rústicas fritas, como é no Aglio, mas também pode ser acompanhado por aligot, purê de batata-baroa, arroz com brócolis, fettuccine na manteiga de alho etc.!
 

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