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Eu, repórter:sobre duas rodas

A moda de academias e estúdios focados só em exercícios na bicicleta levou a Revista a experimentar não só a modalidade como também outros tipos de treinos em bicicleta

Correio Braziliense
postado em 15/03/2020 04:19
A moda de academias e estúdios focados só em exercícios na bicicleta levou a Revista a experimentar não só a modalidade como também outros tipos de treinos em bicicleta

Desde o ano passado, academias como Velocity e Spin n Soul (ambas em São Paulo), especializadas em um treino inovador com bicicleta, têm feito a cabeça de quem procura por atividades físicas diferentes. Há cerca de quatro meses, foi aberto, aqui na capital, o primeiro estúdio no modelo, a marca brasiliense Spin Cycle. Em breve, a Velocity chega também aqui.

Embora um sucesso, eu me perguntava: qual seria o ponto de se matricular em uma academia que é só de bicicleta (sendo ela mais cara), se há academias mais baratas ou de mesmo preço que oferecem diversas aulas (inclusive de bike), além de aparelhos de musculação? Questionados, quem já tinha feito respondia que a modalidade era totalmente diferente de qualquer outra com bicicleta, mas diziam que “não dá pra explicar, tem que fazer”.

Segui o conselho e não só fiz uma aula na Spin Cycle, como também duas de cycling indoor, com metodologias diferentes, em academias tradicionais, na Bodytech e na Runway. Uma coisa é certa: todas foram diferentes e desafiadoras de alguma forma.

O treino novidade

Quando cheguei à Spin Cycle, não imaginei que deixaria meu tênis no armário. Todos os alunos recebem uma sapatilha que prende aos pedais das bicicletas. Fica bem presa mesmo. Tive dificuldade para encaixar e depois para tirar. Entendi a necessidade daquilo durante a aula, quando vi que podia me desequilibrar do alto.

Uma das características que me chamou a atenção foi que quase não fiquei sentada na bike. Na maior parte do tempo, a turma pedalou em pé. Segundo a coach de corrida e proprietária do estúdio, Larissa Pacheco, isso faz com que os alunos usem o corpo inteiro. “É dinâmico e faz com que a pessoa fique focada e não consiga pensar em outra coisa”, afirma. A aula trabalha muito a concentração. É quase impossível tentar mexer no celular, enquanto se está ali. O local é livre de telas. Não usamos nem mesmo a da bicicleta.

Embora, de acordo com o que a professora pede, a gente coloque mais ou menos peso na bicicleta, a velocidade é o ponto principal da aula. Junto com ela, coreografias com os braços, que fazem com que o equilíbrio seja importante e aprimorado ao longo do tempo. Fizemos flexões em cima do guidão; revezamos entre uma mão no ombro e outra nele e até tiramos as duas do apoio. A coordenação motora também é importante para todo esse malabarismo.

Em outro momento, pegamos halteres de dois quilos, um em cada mão, e fazemos exercícios para outros músculos do braço. Agora, com a rotação do pedal mais baixa. A música tem um papel importante, porque dá o ritmo para a aula e para as nossas pernas. “A música cresce aos poucos para o aluno se encaixar. Fica dinâmico”, explica Larissa. Ela ainda conta que há aulas temáticas com tipos de música: funk, sertanejo, pop rock, rock internacional. Tem para todos os gostos.

O cycling indoor

Embora com metodologias diferentes, os treinos de cycling indoor foram mais parecidos. Em ambos, precisei baixar um aplicativo no meu celular. Com eles, eu podia controlar a quantidade de rotações por minutos do pedal e acompanhar o desempenho dos colegas em uma televisão lá na frente. No fim, eles também me davam um resumo do meu desempenho. Incrivelmente, em uma aula, gastei 356 calorias; na outra, 358 calorias.

Diferentemente do treino na Spin Cycle, os professores de cycling não pedalaram conosco, mas nos motivaram falando nossos nomes sempre que começávamos a sucumbir ao cansaço. Outra motivação nas aulas é a competição entre os alunos. Em um momento da aula na Runway, o aplicativo nos divide em times e devemos correr o mais rápido possível por alguns minutos. O time que percorrer a maior quilometragem ganha. O meu perdeu. Na Bodytech, os alunos disputam a quilometragem semanal, já que fica tudo registrado no celular. Quando o professor pede para pararmos de pedalar para alongar, muitos continuam pedalando.

As modalidades são mais parecidas com o que um ciclista faz na rua mesmo. Em ambas as aulas, fizemos “treino de montanha”, com várias subidas.  “Nós temos muitos atletas que vêm quando está chovendo ou quando não têm tempo”, explica Luciano Lima, professor da Bodytech. Na aula dele, só ficamos sentados na bicicleta. “É o retrô, é a volta para as origens mesmo do ciclismo. E o ciclista só fica em pé quando tem que descansar a virilha ou, em sprint, na competição, para ganhar maior força”, esclarece.

Por conta da tecnologia da bicicleta, quem programou o percurso com subidas e descidas foi ele. Aos alunos, só cabia tentar manter as rotações mínimas que ele pedia e controlar a marcha da bicicleta estacionária, que funciona como a bicicleta móvel. Se ficava difícil manter as rotações, eu diminuía a marcha, se estava muito fácil, eu aumentava.

Já na Runway, a gente se sentava e se levantava, e quem aumentava e diminuía a carga era o aluno, nos momentos em que o professor Roberto Menescal pedia. Ele explica que a vantagem disso é que cada um consegue fazer em seu próprio 

ritmo, respeitando as rotações por minuto. “As pessoas acham que já precisam chegar com condicionamento, mas elas vão fazer como conseguirem, no ritmo delas, e evoluir aos poucos”, garante.

De toda forma, ele relembra que toda e qualquer atividade física promove a limpeza do motor, melhora o metabolismo, a saúde cardiovascular e, claro, a estética. “O importante é procurar algo de que goste”, afirma. E se algo incomoda no ciclismo, como o selim no bumbum, ele indica o uso de bermuda com acolchoado, própria para a atividade, e banco de silicone.

"As pessoas acham que já precisam chegar com condicionamento, mas elas vão fazer como conseguirem, no ritmo delas, e evoluir aos poucos"
Roberto Menescal, professor de educação física


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