Correio Braziliense
postado em 05/04/2020 04:29
Há mais de uma década participo de um movimento batizado de “Uma gota no oceano”, que acabou se transformando numa ONG, cuja vocação é comunicar a necessidade de uma nova consciência com relação ao meio ambiente.
Usamos a popularidade de artistas muito respeitados pelo público, unidos à inteligência de jornalistas, editores, arquitetos, diretores de cinema e ambientalistas cujas vidas vêm sendo dedicadas à pesquisa e à comunicação dos dados científicos que possam ajudar as pessoas a se guiarem em suas escolhas, de modo a protegerem a biodiversidade do nosso lindo planeta azul.
Na companhia de vários outros grupos pelo mundo afora, mostramos a importância da transformação dos hábitos para minimizar o impacto das mudanças climáticas. Estamos consistentemente preconizando a mudança da matriz energética, a demarcação das terras indígenas, o respeito aos povos quilombolas e ribeirinhos, a coleta inteligente do lixo e a reciclagem consistente, a diminuição do uso dos pesticidas que envenenam nossos alimentos, nosso solo e nossos mananciais... Mas a mensagem mais importante que vem sendo dita por esses grupos é a de que o planeta está adoecendo, e uma mudança radical em nossos hábitos precisa acontecer com urgência!
Nas últimas semanas, de forma inesperada e assustadora, está mudança aconteceu: o mundo parou! As ruas de quase todos os países estão vazias, o planeta todo precisou se recolher.
O motivo, infelizmente, foi a ameaça de um vírus capaz de causar a falência do sistema respiratório, e a maneira de evitar que isso aconteça é o isolamento social. Que curioso, não? A Terra, que vinha num processo de deterioração da camada de proteção de sua atmosfera e, portanto, perdendo a capacidade de respirar, vê-se acometida por um vírus que causa a morte dos seres humanos por asfixia!!!
Por um lado, sinto a tristeza de ver tanta gente sendo levada pela doença, mas, por outro, percebo que essa pausa planetária já está dando sinais de que a regeneração é possível. Os céus das grandes metrópoles já não estão escurecidos pela poluição, alguns rios já começam a apresentar sinais de purificação da água.
Enfim, o que parecia absolutamente catastrófico, de repente, oferece a possibilidade de que algo praticamente impossível aconteça.
Infelizmente, a pausa planetária não é pela tomada de consciência de que o crescimento constante das economias, da forma predatória como vinha acontecendo, é uma roleta russa que bota em jogo a nossa própria vida.
Mas nos dá uma chance de que a lição seja amplamente absorvida e de que, na hora da retomada de nossas atividades, quando o perigo da Covid-19 passar, nossas estruturas sejam reconfiguradas pela experiência transformadora que estamos todos passando. E que uma reorganização planetária mais inteligente possa acontecer, em que uma economia colaborativa, com foco nas reais necessidades do coletivo, possa se estabelecer, dando um novo rumo ao destino da Terra!
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