Todas essas tendências poderiam ser vistas pelas ruas de Brasília em 2020, antes do isolamento social, mas também eram o que se via em meio ao vazio da capital do Brasil recém-nascida, na década de 1960.
A stylist Roze Motta ressalta que muitas das mulheres de alta classe que viviam na cidade tinham a ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Jackie Kennedy, como a máxima referência de moda. Ternos bem cortados, assimétricos, saias um pouco acima do joelho, arrematado com maxióculos e lenços charmosos, eram a imagem de uma mulher elegante.
A libertação feminina fazia com que jovens mulheres mais modernas e rebeldes apostassem nas minissaias e vestidos curtos. E as cores fortes, tanto nas saias adolescentes quanto nos terninhos, traziam o ar de modernidade que a capital evocava.
O professor de moda e artes, Vagner Carvalheiro ressalta que, após os anos 1950, as pessoas passaram a imprimir nas roupas sua forma de pensar, sentir e agir. No surgimento de Brasília, com pessoas de todas as camadas sociais e lugares do país, veio a mistura da classe trabalhadora, que tinha na simplicidade do jeans e do algodão a praticidade necessária; e a classe política e empresarial, com ternos bem cortados e vestidos coloridos, que traziam a sofisticação que os ambientes solenes pediam.
A cidade também passou a ser ocupada pelos filhos dos candangos e primeiros moradores: os jovens rebeldes, que viram o rock brasiliense nascer debaixo dos blocos, enquanto imitavam estrelas do cinema com jaquetas e botas de couro e jeans modernos.
A costura e o feito à mão
Em Brasília, Sarah Kubitschek era grande incentivadora do trabalho das costureiras, entre elas, Zuzu Angel, que se tornaria um expoente internacional. A tendência de peças feitas sob medida, que valorizam o trabalho manual e local, é uma das riquezas que Vagner acredita que precisamos resgatar em oposição ao fast fashion.,
Para o professor, a valorização do produto nacional, dos pequenos criadores e da estética brasileira pode ser uma alternativa para encarar as incertezas que a moda enfrentará após a pandemia e a consequente crise econômica. Ele incentiva o uso da matéria-prima nacional, como as escamas de peixes, couro, rendas, bordado, tricô, crochê e macramê, entre outros.
“O ‘feito à mão’, tão íntimo de toda mulher dos anos 1960, pode ser uma grande saída para 2020, além de trazer um valor agregado à peça que jamais poderia ser alcançado pela massificação do fast-fashion”, completa.
Mínis
Os anos 1960 foram o momento em que as minissaias e os mini-vestidos de corte reto se tornaram must-have no guarda-roupa das jovens mais modernas. A tendência mini, é claro, continua como uma das mais atuais, se reinventando a cada década.
As botas
Nos anos 1960, as botas combinadas com os mínis eram puro charme. Indo até os joelhos e fazendo sucesso nas cores branca e vermelha, elas estão de volta às vitrines, e não só em preto ou marrom, mas em diversos tons e texturas.
O terninho Jackie Kennedy
A ex-primeira-dama dos Estados Unidos é um dos maiores expoentes dessa tendência no mundo. E o ar de mulher sofisticada e executiva continua fazendo, seja com minissaias ou calças, o blazer bem ajustado não sair de moda.
Hot pants e lenços
Peças que parecem ter saído do closet de uma blogueira ou influencer eram marca registrada das fashionistas da década de 1960.
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