Todo mundo sabe que quem canta, seus males espanta, mas o dito popular pode ser modificado e até mesmo complementado para contemplar a companheira do canto: a dança.
Tão versátil quanto a música, a dança tem diversos ritmos, intensidades, estilos, modalidades e durante o período de isolamento social pode se tornar uma grande aliada para quem quer se manter ativo, mas não tem encontrado ânimo para malhar.
Com a música, que já é um incentivo, a dança, além de ser um momento de descontração, se torna a atividade física do dia a depender da intensidade, do ritmo e dos movimentos escolhidos.
E não é necessário ser especialista ou saber dançar para investir na modalidade. O professor de dança Aristocles de Oliveira Reis afirma que todos podem dançar. “Tem pessoas que se acham desajeitadas e descoordenadas, mas não existe a regra de que deve ser certinho. A dança é livre e precisamos dançar da forma que nos faz sentir bem”, incentiva.
Ari, como é conhecido, acredita, ainda, que o momento é propício para arriscar coisas novas, seja sozinho ou com a família. Assim como ele, diversos professores têm dado aulas de graça, pelas lives do Instagram, Youtube e outras redes sociais.
O professor acrescenta que os tímidos têm agora uma chance de se jogar na dança. Em casa, com a tela ensinando os passos e livre dos olhos externos, pode ser mais fácil se aventurar.
Ludmilla Marzano, especialista em educação de zumba, estimula as pessoas a aproveitarem as aulas virtuais, pois elas propiciam, além da atividade, uma interação com outras pessoas, professores e alunos.
Além disso, as aulas têm horário marcado, o que ajuda a manter uma rotina, mesmo durante o isolamento e é um incentivo a mais na hora de criar coragem de levantar do sofá ou da cama para uma atividade física.
Esses, entre muitos outros, são alguns dos motivos que fazem com que a publicitária Zalyphe Batista Soares, 37 anos, seja apaixonada pela dança, chegando a fazer até quase duas horas de aula por dia quando está inspirada.
Ela praticava zumba na academia, mas com a pandemia, tem afastado os sofás e aproveitado a sala de casa para fazer os passos e queimar calorias. Pela televisão, Zalyphe se conecta com os professores e colegas por meio de aplicativos, se diverte e aproveita para compartilhar com as amigas, uma forma de estarem juntas, de longe.
“Além da animação que muda todo o astral do meu dia, por elas serem ao vivo, eu tenho um compromisso, horário marcado e isso me ajuda a não ficar com preguiça ou trocar a atividade por um filme na cama”, brinca.
Zalyphe prefere a dança e acredita que os movimentos trazem mais leveza para o período de isolamento. “Faz bem para o corpo, para a mente, me dá mais ânimo e mexe com a espiritualidade, todo mundo deveria dançar”, aconselha.
A publicitária afirma que é fácil assistir pelas plataformas disponíveis. Ela conecta o celular na TV para o som ficar mais alto e se esquece dos problemas enquanto queima as calorias.
O ritmo preferido de Zalyphe é a zumba e aulas que misturam os passos com movimentos funcionais que trabalham pernas, braços e abdômen.
Quem não quer se aventurar em aulas, pode aproveitar para se mover ao som de músicas enquanto toma banho, faz faxina ou lava a louça, qualquer momento pode se tornar mais prazeroso.
Movimentando a mente, o corpo e a alegria
Entre os principais benefícios, está um que pode derrubar a desculpa dos que se chamam desastrados. Segundo Ludmilla, com algumas aulas, o aluno começa a entender e dominar os passos, melhorando a percepção e memória corporal, coordenação motora, equilíbrio e performance.
A dança também promove o relaxamento muscular, diminuindo a tensão, que pode afetar a postura e a coluna. A queima de calorias, que em uma aula de zumba pode variar de 400 e 1000 calorias perdidas, o emagrecimento e a tonificação muscular se somam às vantagens que dançar oferece ao corpo.
Trabalhando todos os grupos musculares, os passos animados otimizam o condicionamento aeróbico, aumentam a circulação sanguínea e ajudam a controlar a pressão arterial. Assim como outras atividade físicas, a dança também aumenta a resposta imunológica e aumenta a sensação de bem-estar, fundamentais para enfrentar a pandemia.
Ari ressalta o lado emocional da dança, que melhora a autoestima e libera endorfina, sendo um grande alívio para o estresse. A psicóloga Lílian Nobre corrobora e acrescenta que as atividades físicas, além da endorfina, liberam outros neurotransmissores, como a serotonina, dopamina e noradrenalina, que estão intimamente ligados ao nosso bem-estar.
Existem estudos que mostram que exercícios estimulam o crescimento de células no hipocampo, a região do cérebro ligada ao humor que regula os pensamentos depressivos. Dessa forma, as atividades físicas se tornam grandes aliadas no controle da ansiedade e do alívio da tensão de pensamentos e sentimentos negativos.
A dança surge como aliada para quem quer se exercitar mas não gosta de musculação ou esportes. “Não podemos esquecer a cereja do bolo: música. Um antigo ditado diz que a música amansa as feras, e tem um efeito poderoso sobre nós”, diz Lílian.
A psicóloga explica que ao ouvirmos uma música, as áreas auditiva, límbica e motora são ativadas, independentemente do estilo musical, e automaticamente o cérebro responde seguindo o ritmo do som. “Se for alegre, sentiremos a necessidade de mexer o corpo, o astral se elevará. Uma música relaxante é transformada pelo cérebro em sensações de paz, sedação. Quando estamos tristes buscamos ressonância para esse momento e recorremos às músicas tristes que expressam esse sentimento. Assim como mente e corpo são inseparáveis, dança e música também são”, completa.
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