Baianidade na capital

O gosto pela gastronomia foi herdado das mulheres da família, mas o chef garante que cozinhar também é coisa de homem

Correio Braziliense

postado em 03/05/2020 04:24

Aos 16 anos, o chef Ray Neto, 42, de família muito simples, do subúrbio de Salvador, na Bahia, se matriculou em curso de cozinha industrial do Senac na capital baiana. Quando a mãe dele descobriu, tratou de tirá-lo. Cozinhar não era coisa de homem. “Hoje isso já foi desmistificado, mas já sofri preconceito”, conta.

A contradição, no entanto, é que foi com a própria mãe que ele aprendeu muito do cozinhar. Ela, a avó e as tias são suas referências. Ele lembra que a avó gostava muito de cozinhar e de programas de culinária. Era ele quem escrevia as receitas, já que ela não sabia escrever. Com isso, ele foi aprendendo.

Em 2015 — em Brasília desde o ano anterior para trabalhar na segurança da Copa do Mundo — Ray entrou no curso de gastronomia e aprimorou o que fazia. Para ocupar o tempo, começou a vender acarajé e abará em uma praça do Cruzeiro. “Diz que baiano é preguiçoso, mas não é. Eu, mesmo, não aguento ficar parado”, brinca.

Era só um tabuleiro com as duas delícias baianas. E vinha gente da cidade inteira. Em 2016, veio uma senhora do Lago Sul, que deu a Ray o incentivo que lhe faltava. “Ela chegou, disse que tinham recomendado pra ela, mas que, se não gostasse, ia reclamar. No fim, ela pediu mais um. E voltou no fim de semana seguinte”, relembra.

Na segunda visita, ela disse que ele deveria abrir um espaço para receber os clientes. Um restaurante. Ele não queria sair do Cruzeiro, onde já era conhecido, então, resolveu abrir o Casa de Mainha na própria casa. “As duas salas e a garagem eram os salões. Era uma casa-restaurante”, orgulha-se.

Em 2018, o restaurante entrou em listas que o colocavam como um dos melhores restaurantes de comida brasileira de Brasília. A casa ficou pequena, os vizinhos começaram a se incomodar. Abriram em outro lugar, também no Cruzeiro. 

A pandemia impôs um novo desafio ao chef. “Nós não trabalhávamos com delivery, porque a comida baiana tem que ser servida bem quente, de preferência na panela de barro”. Tiveram pouco tempo para se adequar: estudar embalagem, conversar com entregadores. “É complicado, porque quando eu coloco na embalagem e entrego para eles, eu perco todo o controle”, preocupa-se. O time, no entanto, está tirando de letra e na semana santa tiveram um recorde de entregas. 

Serviço

Casa de Mainha

Aberto de quarta a domingo para delivery pelo WhatsApp: [phone]

Instagram: @casad.mainha 

Moqueca de peixe para duas pessoas

Ingredientes:

• 2 postas de Pescada Amarela 
• 2 cebolas cortadas em rodelas finas
• 2 tomates cortados em rodelas finas 
• 2 pimentões cortados em rodelas finas 
• 2 limões 
• Cheiro Verde picado (a gosto)
• 6 dentes de alho
• 200ml de leite de Coco 
• 200ml de azeite de dendê 
• 50ml de azeite de Oliva 
• 100gr de farinha de mandioca branca

Preparo:

• Em uma panela (uso de barro), forre o fundo com um pouco de azeite de oliva e a cebola em rodelas, coloque as postas de peixe arrumadas e cubra  com os tomates em rodela e pimentões em rodelas, coloque o cheiro verde e pimenta branca a gosto. Em seguida, coloque o leite de coco e o azeite de dendê para finalizar, leve ao fogo e assim que levantar fervura verifique o sal e se o peixe está cozido! Pronto, sua moqueca está preparada!