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Dias das Mães em tempos de isolamento diminui as reuniões, mas não o amor

O dia das mães deste ano tem um gostinho diferente, e filhos encontram maneiras criativas de superar a distância

Correio Braziliense
postado em 10/05/2020 10:00
Débora Maciel Nakamura e Bernardo
Bernardo Maciel Nakamura, nasceu há 11 meses, quatro dias antes do Dia das Mães. O processo complicado que a família passou no pós-parto, com o bebê internado, impediu que a servidora pública Débora Maciel Nakamura, 32 anos, tivesse uma comemoração apropriada. 

Débora e o marido, o empresário Pedro Henrique Marques Nakamura, 33, estavam com altas expectativas para o dia de hoje. Os planos incluíam um grande almoço em família com as duas avós de Bernardo e todo mundo reunido, mas foram modificados em função da pandemia.

Em casa, com o marido e o filho, Débora conta que a família tem sido rigorosa com o isolamento social. Na Páscoa, para aplacar a saudade das avós, fez um cartão com Bernardo vestido de coelhinho, assinado com o pezinho do bebê. No aniversário do cunhado, a família toda encomendou tábuas de frios em suas casas e fez um happy hour via videoconferência. 

O Dia das Mães segue os mesmos moldes. Com um almoço encomendado e passando a data grudada com Bernardo, Débora e a família devem se reunir e matar as saudades aos pouquinhos, pelas ligações de vídeo. 

Encarando o lado positivo 


Apesar de todas as dificuldades trazidas pelo isolamento, Débora consegue perceber o lado bom e afirma que o home office permitiu que ela e o marido acompanhassem momentos únicos com o filho. “Ouvimos ele dizer papai pela primeira vez, porque o mamãe veio bem antes”, brinca Débora. O casal também pode presenciar e filmar os primeiros passos de Bernardo e acompanhar pequenas etapas do desenvolvimento do filho.

“Independentemente da comemoração em si, eu venho ganhando esse presente que é estar com ele todos os dias, vivenciando cada etapa do crescimento dele, o que é o mais gostoso e mais importante para mim, como mãe”, reflete Débora.

Para registrar os momentos, o casal resolveu embarcar na iniciativa da fotógrafa Tainá Frota que fez as fotos do noivado, casamento e da barriga de Débora, e participar de uma sessão de fotografia remota, feita pela câmera do celular. 

Débora fez um tour pela casa com o celular na mão para Tainá ver onde a luz estava melhor e assim, pela tela do celular, a família teve uma sessão de fotos leve e divertida. “Pedro é tímido e ficou muito mais confortável. O Bernardo também sorriu mais e foi uma experiência ótima”, conta. 

E Débora também deixou sua homenagem para a mãe. “Minha mãe é meu maior exemplo de dedicação. A mulher que se doa, a todo momento, pela família. Minha inspiração!” 

Isolamento com colo de mãe 

Júlia acompanhada da mãe, da filha e do marido
Com a filha Helena, de um ano e meio, a servidora pública Júlia de Miranda Menezes Caputo Bastos, 32, que sempre quis ser mãe, vive uma experiência diferente passando o Dia das Mães em isolamento social, mas tem a sorte de estar passando a quarentena ao lado da mãe.

Júlia e o marido, o advogado Carlos Henrique Arrais Caputo Bastos, 39, estão em home office e precisavam de ajuda. Aposentada, Neusa Miranda, 66, foi passar o período de isolamento na casa da filha, ajudando com Helena e evitando a solidão. 

O processo permitiu que o laço entre avó e neta se fortalecesse, e em função do caráter único do período, Júlia quis eternizar os momentos e também participou do projeto de Tainá, registrando os momentos familiares que os quatro têm vivido durante a pandemia. “Quisemos marcar esse momento, minha mãe tem sido meu apoio incondicional, tem sido a nossa base aqui em casa”, declara. 

As comemorações


No ano passado, Helene teve a mãe, as duas avós, tios, tias e primos na comemoração de Dia das Mães. Este ano, a data será um pouco diferente, mas o amor e a união da família só aumentaram. 

A ligação por vídeo será a solução para todos se conectarem com a mãe e a irmã de Carlos, que moram na Itália, e com a irmã de Júlia, que também teve bebê na mesma época. 

A família é grande e algumas ligações chegam a ter 40 pessoas conectadas. “Ninguém escuta ninguém e não entende nada do que dizem, mas só de ouvir a voz e ver o rosto das pessoas, a saudade dá uma aliviada”, conta Júlia. 

Apesar da comemoração on-line, a servidora garante que assim que tudo isso acabar, a família inteira vai fazer uma grande comemoração com muita gente, muitos beijos e abraços.

Para homenagear o  Dia das Mães, Júlia fez questão de deixar a sua declaração: “Minha mãe é a base e inspiração para a nossa família. A nossa força diária nessa quarentena. Nosso amor incondicional.”

Imagens que guardam sentimentos 

Tainá e as duas filhas
Para Tainá Frota, 43 anos, que sempre gostou de fotografar casamentos, a fotografia sempre foi uma forma de catarse. Através das imagens registra amor, não apenas dos noivos, mas dos convidados que se reuniram. Com o tempo, os casais passaram a chamá-las para ensaios de grávidas, batizados e para fazer fotos dos bebês e famílias. 

Segundo ela, essa se tornou uma forma de contar histórias, e com a pandemia, se viu isolada. O projeto de fotografia remota surgiu da vontade de se manter conectada com as pessoas e vivenciar essa troca em um momento em que todos estão fragilizados. Com 12 ensaios remotos e mais 10 marcados, Tainá também encontrou na ideia uma forma de se manter financeiramente. 

Com os ensaios, ela e os fotografados esquecem um pouco do que está acontecendo e se concentram nas imagens que mostram o amor. No Dia das Mães, tudo ganhou mais força. As mães querem aproveitar e registrar os momentos novos que têm passado com os filhos. Os filhos aproveitam para homenagear as mães e enviar fotos suas e de suas famílias para matar as saudades. 

Além de mães e filhos, Tainá tem fotografado muitas avós que estão passando a quarentena junto dos netos e as imagens se tornam verdadeiros presentes para a data. “Tenho visto essa intensificação da dinâmica familiar, com resiliência e o amor de mães e filhos sendo levado ao extremo”, conta. 

Além de ajudar famílias a se sentirem conectadas, Tainá também é mãe, filha e neta. Ela só pode ver a mãe, de 69 anos, a tia de 60 e a avó de 91 pela janela do apartamento, quando vai levar mantimentos para as matriarcas. 

Apesar de ser triste não poder abraçá-las e ter muitas lágrimas nos encontros à distância, Tainá se mantém firme na proteção às idosas da família. “Apesar de toda dor, quando isso acabar, espero que a gente passe a valorizar mais o toque, a presença física e o convívio familiar”, deseja. 

Em casa, com o marido e as duas filhas Stella e Malu Frota, de 8 e 3 anos, o Dia das Mães também vai ser cheio de amor e ligações por vídeo. 

*Estagiária sob supervisão de Taís Braga


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  • Foto: Tainá Frota/Divulgação
  • Foto: André Luis da Cunha/Divulgação

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