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Gravidez psicológica pode afetar a saúde de cadelas e gatas

Cadelas e gatas apresentam sinais de gestação, mesmo sem ter cruzado. Especialistas explicam e orientam como tratar

Correio Braziliense
postado em 13/05/2020 17:30
Cadelas e gatas apresentam sinais de gestação, mesmo sem ter cruzado. Especialistas explicam e orientam como tratar

Não só os humanos são mamães, as cadelas e gatas também são quando têm filhotes. Quando estão no cio, esses animais têm muitos estímulos hormonais. Algumas fêmeas são muito sensíveis, após o período de receptividade sexual, e apresentam sinais de gestação mesmo sem ter tito contato com um macho. Essa síndrome é chamada de pseudociese, mais conhecida como gravidez psicológica, explica o médico veterinário Pedro Rodrigo Hillesheim Soares. “É caracterizada por comportamento materno e sinais físicos de prenhez em fêmeas não gestantes. Geralmente, ocorre no final do cio, e a fêmea desenvolve hiperplasia das glândulas mamárias (as mamas ficam inchadas)”, diz.

“Também há lactação (produção de leite), alterações comportamentais, como cuidar de forma ‘maternal’ de objetos inanimados, falta de apetite e até se esconder”, expõe Pedro, formado em veterinária pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

Ele explica que há diferença da gravidez psicológica entre gatas e cadelas. “É mais comum em cadelas, pois basta a fêmea ciclar para desenvolver os sinais clínicos. Nas gatas, é menos frequente, pois elas devem ser induzidas à ovulação pela cópula, e somente, desenvolvem caso não ocorra a fecundação”.

Segundo o veterinário Alexandre Merlo, as fêmeas com gravidez psicológica podem ter os sintomas, geralmente,  entre um e dois meses após o cio. “Vale lembrar que o período de gestação da cadela e da gata gira em torno de 2 meses, então não é surpresa que os sintomas surjam entre um e dois meses após o cio”, diz. “Ou seja, o organismo das fêmeas passa a funcionar como se elas estivessem grávidas ou acabado de parir”, explica ele, formado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP). 

Ketlyn Silva, 25 anos, tem uma labradora, chamada Jade, e conta que está preocupada. “A cadelinha da minha sogra teve várias vezes gravidez psicológica. Eu fico com receio de Jade ter também”, relata. A jovem já decidiu castrar o animal para o bem dele. “Ela é novinha, mas tenho muito medo de ela ficar sofrendo com isso depois.”

Cuidados e perigos 


O primeiro passo para ajudar esses animais é levar ao veterinário, para se certificar de que a fêmea, de fato, não esteja grávida. “Pode parecer óbvio para um animal que fica sempre em casa e sem contato com machos. Mas pode gerar dúvida nas fêmeas não castradas com acesso à rua”, afirma o médico veterinário Alexandre Merlo.

Há alguns medicamentos que ajudam a secar o leite e que podem ser úteis. “Evite que a fêmea lamba as mamas, com o uso de roupinhas protetoras, pode ajudar a reduzir a produção do leite”, aconselha ele, residente em clínica médico-cirúrgica de cães e gatos.

 “Como elas tendem a repetir a condição de gravidez psicológica ao longo da vida, a castração acaba sendo o tratamento definitivo, uma vez que remove os ovários e útero, responsáveis pela alteração hormonal que leva aos sintomas”, diz Alexandre, mestre em Clínica Veterinária na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.

O veterinário explica que sair leite das mamas é comum na gravidez psicológica, e o leite pode ter uma cor um pouco mais escura do que a normal. “Esse líquido acumulado pode levar a um quadro de inflamação e até infecção das mamas, conhecido como mastite. O profissional pode intervir com medicações apropriadas, se necessário. Não há evidência de que a gravidez psicológica em si provoque câncer”, informa.

Para o veterinário Pedro, um risco maior é o de piometra (infecção uterina), por isso a castração das fêmeas após o controle do quadro é importante. “Existem algumas opções de tratamento, mas, normalmente, usamos um hormônio sintético, chamado metergolina”, diz ele, especialista em aperfeiçoamento em dermatologia veterinária de pequenos animais pela Dermatovet Cursos.

“É usado para a interrupção da produção do leite (para usuários dos tratamentos naturais, pode-se usar o chá de salsinha) e a remoção de qualquer objeto que a fêmea tenha adotado como filhote”. Após o controle do quadro, o indicado é a castração para interromper o ciclo hormonal que age como gatilho para a gravidez psicológica.  

Conheça os sinais

Fêmea canina

Sintomas clínicos
  • Aumento das glândulas mamárias
  • Dores nas mamas
  • Produção de leite
  • Aumento no volume abdominal

Alterações comportamentais
  • Organização do ninho
  • Adoção de objetos como cria
  • Agressividade
  • Depressão
  • Uivos incessantes
  • Falta de apetite
  • Diferenças: a cadela ovula espontaneamente, dando início à fase lútea, que é caracterizada pelo aumento da progesterona. Sendo assim, em todo cio ela corre o risco de desenvolver a pseudociese, ou seja, a gravidez psicológica. Diferentemente, as gatas ovulam apenas por estímulo durante a cópula, sendo poucas as vezes em que não há fecundação e, consequentemente, havendo menores chances. 
 
Fonte: Juliana Packness, especialista em patologia clínica veterinária e Petlove, empresa que vende produtos para pets.
 
*Estagiária sob supervisão de Taís Braga

 

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