Revista

Relação de paz com a comida

Correio Braziliense
postado em 24/05/2020 04:18


Assim como a preocupação em se manter produtivo a todo momento, a busca pela dieta e rotina de exercícios perfeita parecem mais intensas durante o isolamento social. Essa angústia está, em parte, ligada ao temor de perder ou ganhar peso nesse período. Mas, será que realmente existe a dieta perfeita e que funcione para todos?

Na opinião da nutricionista Talita Reis, 31, e da psicóloga Caroline Elisa da Silva, 34, o caminho para fazer as pazes com o corpo e com a comida tem origem no autoconhecimento — e não em dietas com cardápios restritivos.

Juntas, elas construíram o programa Nutrimind — por uma relação de paz com seu corpo, com a comida e com você mesma — que une os conhecimentos da fisiologia com as relações emocionais, afetivas, ancestrais e culturais que o paciente desenvolve com a comida para buscar as raízes do comportamento alimentar e possíveis gatilhos. “Trabalhamos para identificar os gatilhos sabotadores que levariam ao retrocesso. Na proposta do autoconhecimento, a Carol ensina a trabalhar com esses gatilhos”, explica Talita.

Toda proposta é cocriada junto ao paciente e tem como pontos chaves, além do autoconhecimento, os sinais do corpo, a percepção de saciedade, das comidas nutritivas para a alma (vontades específicas) e para o corpo e a inclusão de novos grupos de alimentos que possam ajudar em demandas específicas, como controle de colesterol ou glicose.

Para as profissionais, não julgar a comida e o próprio corpo é uma importante habilidade a ser desenvolvida durante a jornada e que vai de encontro com muitas das preocupações e pressões do momento que vivemos. “Às vezes, tomar aquela vitamina vai te fazer reviver um momento, relembrar alguém da família, porque tem uma relação afetiva. Ficar contando essas calorias e levar em consideração apenas a parte fisiológica na quarentena é cruel. Tem chocolate que vai te dar um abraço e até que substitui presenças!”, afirma Carol.

O ideal é compreender a ansiedade e os medos que a pandemia trouxe, respeitar e acolher os sinais e algumas vontades do corpo, buscando o equilíbrio e bem-estar. A psicóloga complementa dizendo que: “O momento da quarentena é de conexão consigo. Uma paciente estava se cobrando por não conseguir fazer exercício 3 vezes por semana como fazia antes. Reajustamos para 1 vez e isso abriu espaço para a gratidão e para enxergar que essa frequência era suficiente para se conectar com ela nesse momento de quarentena”

Talita esclarece que, assim como nossas emoções flutuam durante o dia, nossas vontades seguem a mesma regra e o que acontece com o peso não muito diferente. “Mas isso não é falado. Sempre vamos nos pesar com a expectativa de que esteja igual ou menor”.



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