Revista

Observe os sinais

Correio Braziliense
postado em 24/05/2020 04:18


Segundo as profissionais Talita e Carolione, nesse período nossas maiores questões podem aparecer. Por isso, é importante estar atento aos comportamentos que indiquem excessos ou o desenvolvimento de algum transtorno alimentar — quadro esse que necessita da orientação e acompanhamento de um profissional da saúde. Fique atento.

Talita, que já sofreu com a ortorexia, e Caroline, que já teve compulsão alimentar, esclarecem que muitos desses transtornos convergem na vontade de querer se encaixar em um padrão. Elas indicam que, se detectada, o primeiro passo é acolher essa nova realidade. “Tudo o que repelimos volta com mais força”, explica a psicóloga. O segundo, seria fazer uma limpeza em conteúdos que reforcem esses pontos. Depois, buscar ajuda de profissional especializado em transtornos alimentares e compreender que essa é uma jornada para encontrar a paz individual — e que as comparações só pioram o quadro.

A contadora Cristiane Ramalho, 25, percebeu que sua relação com a comida não ia bem e buscou ,na união da psicologia com a nutrição, um tratamento. “Caiu a ficha que não era somente sobre quanta fome eu sentia. Percebi que toda alegria, animação e o brilho dos meus olhos tinham desaparecido. Os sentimentos que estavam me acompanhando eram de tristeza, frustração, desespero e ansiedade incontrolável. A única área que sempre tive controle, que era a financeira, estava um desastre, gastava boa parte do meu dinheiro com comida”, lembra.

Ela classifica a relação que mantinha com o corpo, na época, como a mais tóxica e abusiva que já teve. O fato de ter o quadril largo e pernas grossas, fazia com que sentisse que destoava das amigas. “O ódio pelo meu corpo começou aos 14 anos, eu me achava gorda e queria a todo custo ser magra. Foram 11 anos de dietas restritivas, efeito sanfona, me exercitando na força do ódio, não sentia nenhum prazer em fazer atividades físicas”.

Cristiane conta que deixava de estudar em seu horário de almoço para ir à academia. Na época, ela conciliava seu primeiro emprego com a faculdade que fazia durante a noite e com toda pressão sobre seu corpo. “Eu ainda tinha que encontrar tempo para emagrecer, pois, meu corpo estava fora do padrão, então eu estava ficando feia perante a sociedade”.

Durante os cinco meses de tratamento, seus aprendizados mais libertadores foram saber amar o corpo do jeito que é e entender que não precisa ficar dando explicações se engordou, emagreceu ou sobre suas celulites — além da consciência de que nada pode definir ela ou qualquer outra mulher.

Hoje, a contadora explica que fez as pazes com seu corpo e que continua o aceitando no isolamento social. Ela também compartilha que têm se exercitado em casa, se alimentado de forma equilibrada e se permitido sentir as emoções e não comê-las. “Em tempos de pandemia com várias restrições e preocupações, será que é realmente necessário restringir a alimentação? Acho que o melhor caminho é trazer consciência e clareza para as nossas emoções”, afirma.

Ela finaliza dizendo que quando estabelecemos uma conexão verdadeira, garantimos a saúde da nossa mente e das emoções e nos libertamos de ter que pertencer a um padrão. “É possível ter uma relação de amor com o corpo e com a comida. É possível se desapegar desse relacionamento abusivo, entendendo sobre merecimento, e é possível viver bem e feliz comigo e com os outros”.




Evite e viva melhor

* Pesar-se com muita frequência — como se não estivesse autorizando seu corpo a ter mudanças que podem ser necessárias

* Comparações com outras pessoas e corpos

* Medo excessivo de engordar

* Pensamentos recorrentes sobre comida, como ir dormir pensando no que vai comer no dia seguinte

* Fazer compensações  do tipo comer um chocolate e pensar que precisa compensar pegando pesado no exercício

* Uso de diuréticos e laxantes porque comeu algo

* Evitar se olhar no espelho

* Contar calorias

* Evitar comprar o alimento que acredita não ter controle do consumo — para Carol, essa restrição é absurda e pode levar a problemas mais sérios.





Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags