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Encontro com o Chef

Dona de bufê de comida árabe se reinventa durante a quarentena e passa a vender suas delícias em pequenas porções

Correio Braziliense
postado em 24/05/2020 04:18
Dona de bufê de comida árabe se reinventa durante a quarentena e passa a vender suas delícias em pequenas porções

Sabores da Síria em sua casa

Siham Massouh Ghaza fala sem modéstia que é uma artista. Pinta, borda, escreve, cozinha. Ao chegar à casa dela, a porta de entrada chama a atenção. Foi a síria quem fez. Além disso, ela e o marido, libanês, são empresários, fornecem produtos para hotéis, restaurantes e bares.

Quando chegaram a Brasília, nos anos 1970, a primeira coisa que fizeram foi vender quibes. Tinham apenas 15 dias na cidade e foi a primeira forma que encontraram de começar a vida. Siham já conhecia o Brasil e a capital. Veio para cá em 1963 se reunir à família, que já estava aqui.

Uma década depois, voltou à terra natal com a irmã. Lá, conheceu o marido, que estava a passeio na Síria e que, por conta da guerra no Líbano, trabalhava no Kuwait. Casaram-se e decidiram seguir o desejo dela de voltar ao Brasil. “Foi aqui que eu aprendi a nadar, tive a primeira bicicleta, amigos de infância”, explica, sobre o carinho que tem pela cidade e pelo país.

Em Brasília, tiveram três filhos, cresceram profissionalmente e já têm até netos. Foi a prole, além dos muitos amigos, que incentivaram Siham a encarar outro trabalho, o serviço de bufê de comida árabe. “Eu também via muita comida árabe malfeita por aí”, revolta-se. Ela cita as vezes que viu chefs renomados ensinarem a deixar o trigo hidratar de um dia para o outro, o que, na verdade, garante, estraga o ingrediente.

Passou, então, a fazer festas de aniversário, almoços beneficentes. Já chegou a preparar um jantar para 800 pessoas. E garante: “Eu tenho quem me ajude a enrolar charutos, quibes, mas os recheios, só eu faço”. O ingrediente principal, ela simplifica, é muito amor e carinho em cada receita.

Quem experimentava a comida dela, sejam amigos, sejam convidados de festas, sempre elogiava e pedia que ela vendesse de forma fixa, em pequena quantidade, para famílias ou até que abrisse um restaurante – hipótese que ela descarta.

Reinventando-se
Com a crise do coronavírus, o trabalho na empresa parado e o serviço de bufê também, uma das filhas, que também é empreendedora e está com a loja fechada, teve a ideia de fazer o que as pessoas sempre pediram: encomendas menores.“É uma forma de nos ocuparmos e de termos uma renda para aguentar todas as despesas sem demitir ninguém”, afirma Siham.

Além das pastas árabes típicas (só que melhores), ela incluiu no cardápio pratos menos comuns de encontrar em restaurantes árabes da cidade. É o caso do maklube, um arroz com frango e berinjela e amêndoas fritas. A coalhada seca de Siham tem um tempero especial, inventado por ela.

Muito comunicativa, ela também se satisfaz com o contato com os clientes e com os elogios que recebe. “Eles elevam meu ego e me tiram dessa aura de mau humor deste período de quarentena”, conta. Também aprende. Uma senhora lhe disse que tinha contato com uma família síria que, na hora de servir os charutos, colocava-os sobre uma grande folha de repolho, o que Siham achou interessante.

Quando o isolamento terminar, e a vida voltar ao normal, não garante que continuará com o serviço de encomendas de pequenas quantidades. A empresa dela e do marido lhe toma bastante tempo. Portanto, é bom aproveitar o momento para experimentar os Sabores da Siham!




Babaganoush (pasta de berinjela)

* Coloque as berinjelas com casca na brasa do fogão para defumar.
* Em seguida, coloque-as em água fria, para que soltem a casca.
* Amasse a berinjela já sem casca em um processador.
* Para uma porção de berinjela, tempere com um dente de alho e duas colheres de tahine (molho de gergelim).
* Acrescente uma colher de iogurte natural.
* Temperar com sal a gosto.
* Regue com azeite na hora de servir.





A escritora
Em 2014, Siham lançou o livro Siham, memórias de uma síria brasileira. Nele, caminhamos pelas superquadras de Brasília e pelas ruas de Marmarita, na Síria. Ela conta sobre a mudança para o Brasil, o retorno à Síria e sobre a adaptação tanto aqui quanto lá.



Serviço
As encomendas podem ser feitas pelo WhatsApp (9 8441-3488) e pelo Instagram (@saboresdasiham)





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