Correio Braziliense
postado em 31/05/2020 04:15
Por estarmos o tempo todo conectados, recebemos uma enxurrada de informações, incluindo padrões estéticos inalcançáveis, que podem interferir na maneira como lidamos com o nosso corpo. O atual momento que vivemos, recheado de angústias e incertezas trazidas pela pandemia do novo coronavírus, juntamente com o isolamento social, pode surgir como um agravante e impulsionar relacionamentos perigosos com a alimentação.
Essa tentativa de se inserir em modelos pode levar ao desenvolvimento dos chamados transtornos alimentares. “É um padrão de comportamentos alimentares disfuncionais prejudiciais. Os padrões apresentados constantemente nas mídias tendem a ser reproduzidos na vida real, gerando em muitos uma busca para ter os mesmos padrões estéticos”, explica Andrezza Botelho, nutricionista.
Um dos sintomas recorrentes de alguns quadros e que está ligado à insatisfação com o corpo é a distorção da imagem corporal, onde os indivíduos passam a focar em algo que consideram um defeito e se veem de forma distinta de como realmente estão, podendo se enxergar com mais peso, menos músculos, entre outros.
Diogo Lara, médico psiquiatra, esclarece que, além dos aspectos fisiológicos, os transtornos têm essa forte ligação com as emoções e a autoestima, além dos fatores externos que enfrentamos. “O isolamento social pode contribuir, principalmente, para o desenvolvimento da compulsão alimentar, que está fortemente ligada à frustração, como um comportamento compensatório que alivia o desconforto emocional.”
Ademais dos sintomas, os transtornos alimentares se caracterizam pela relação distorcida com o alimento. “Quando falamos de comportamento, estamos falando da relação dos pensamentos e sentimentos com a comida. Essa relação afetiva e cognitiva, no caso dos transtornos alimentares, é uma relação disfuncional, que difere das atitudes espontâneas adotadas pela maioria da população”, explica a nutricionista Talita Reis, uma das fundadoras do programa Nutrimind — por uma relação de paz com seu corpo, com a comida e com você mesma.
Ela defende que atender e respeitar os sinais de apetite, fome e saciedade é um dos pilares que permite o restabelecimento do relacionamento positivo com a alimentação. Junto a ele, há um trabalho para a mudança de crenças, que diz respeito à cognição e à mudança dos sentimentos que desenvolvemos com a comida.
Os perigos à saúde ligados aos transtornos alimentares são muitos, como desnutrição, perda de peso excessiva, obesidade, ficar refém da restrição alimentar, ansiedade, fobia social, desenvolvimento de depressão e outras consequências que podem colocar a vida em risco. Por isso, é preciso estar atento aos sinais de disfunções no relacionamento com a comida para procurar o auxílio de profissional especializado para tratamento.
*Estagiária sob supervisão de Taís Braga
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