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Isolamento une casais e companhia ajuda a superar momentos difíceis

Na pandemia, casais ficam mais unidos. A quarentena mostrou que ter alguém ao lado é importante para superar os sentimentos de incerteza e insegurança, comuns neste momento

Correio Braziliense
postado em 07/06/2020 15:00
Fernando foi para a casa da namorada Isabela e depois da quarentena, pretendem morar juntos

Durante a pandemia, todo mundo já ouviu alguma piada sobre a dificuldade de estar em casa com o companheiro ou companheira por mais tempo do que era a rotina. Mas a realidade de alguns casais é bem diferente: eles estão tentando curtir o momento mais juntos do que nunca. Mesmo morando em casas separadas, optaram por ficar debaixo do mesmo teto nesse período. “Pra quem mora sozinho, a alternativa pode ser muito boa para não se sentir sozinho”, recomenda a psicoterapeuta Hilda Chaves. Além disso, já que o ideal é ficar em casa o máximo possível, estar na mesma casa evita algumas saídas.

Neste Dia dos Namorados, conversamos com casais que estão experimentando, adiantado, um gostinho do que é estar casado, vivendo o dia a dia, dividindo a casa, as responsabilidades, o tempo, a cama, as tarefas domésticas, a família e as incertezas do momento. Em alguns casos, por muito mais tempo do que o normal, já que estão em home office. “Nesses casos, é muito importante respeitar o espaço do outro, ter sensibilidade e procurar não interromper os momentos de trabalho dele”, sugere Hilda.

Entre idas e vindas, a assessora jurídica Isabela Reple, 30 anos, e o empresário Fernando Resende, 30, namoram há 12 anos. Cada um vive em seu apartamento, mas, durante a pandemia, preferiram ficar juntos na casa dela. “Como agora a gente passa a maior parte do tempo em casa, ficar sozinho é puxado. Podendo ficar com ela é melhor”, esclarece Fernando. “E quando um está mais ansioso ou preocupado, o outro dá uma segurada”, completa Isabela.

Por um curto período, já haviam morado juntos antes, mas contam que essa experiência é completamente diferente. Os dois trabalhavam fora, viam-se rapidamente de manhã e um pouco mais à noite. Agora, ambos estão em home office, embora ele ainda precise dar algumas saídas a serviço, então, a convivência é mais forte. “A gente se aproximou de uma forma que não seria possível se não fosse por tudo que está acontecendo”, garante Isabela.

Outros momentos em que estiveram tão juntos foram apenas em viagens, quando a despreocupação com compromissos deixa tudo mais fácil. Mesmo assim, Fernando e Isabela consideram que estarem juntos tem sido muito positivo para o relacionamento. “Várias coisas que a gente precisava conversar melhor, pudemos fazer agora. A quarentena nos trouxe muito diálogo. Sobre tudo, e isso é muito bom”, avalia a assessora.

Os dois costumavam sair bastante para restaurantes, festas. Segundo o empresário, o primeiro mês de isolamento não foi tão sofrido, mas o tédio está começando a incomodar. Se não estivesse com a namorada, se sentiria pior. As únicas pessoas que os dois têm encontrado, e com pouca frequência, são a irmã dela, o irmão dele (casados um com o outro) e o sobrinho de ambos.

Para distraírem-se, os dois cozinham, bebem vinho. “Estamos bebendo bastante”, brinca Fernando. O Dia dos Namorados deve ser comemorado, pela primeira vez, em casa. Além disso, assistem a séries, lives, e, pra variar, de vez em quando, fazem uma caminhada para tomar um pouco de sol. E quando tudo isso acabar, devem continuar morando juntos. “Só resolver questões burocráticas de contrato de aluguel, mas vamos querer continuar assim”, diz Fernando.

Logística com muito amor

Rafaela Tairine e João Pedro estão na casa da família dele: difícil desgrudar
Por conta da pandemia, a babá e estudante Rafaela Tairine, 21, acabou se mudando temporariamente para a casa do namorado João Pedro Campos, 29, estudante.  A decisão foi tanto logística, quanto emocional: “Nós sempre nos ajudamos em tudo, eu amo isso no nosso relacionamento. No começo, a ajuda foi principalmente na questão emocional, estávamos bem preocupados com o que estava acontecendo, na questão dos empregos. Mas, agora, ele me ajuda, principalmente, me levando e buscando no trabalho”.

Rafaela sai para trabalhar todos os dias e, estando na casa dele desde o dia 20 de março, ele pode levá-la ao serviço e buscá-la e, assim, dispensa o risco de enfrentar transporte público. O casal namora há três anos e dois meses, mas o máximo de tempo que tinha ficado junto havia sido por cerca de uma semana. “Vai ser difícil desgrudar depois dessa quarentena. Sempre ficávamos juntos, mas nunca chegamos a morar na mesma casa, nos víamos praticamente todos os dias, mas é diferente, é melhor”, diz Rafaela.

Além dos dois, mora na casa a família de João: pai, mãe, irmã, cunhado e sobrinhos de 2 e de 4 anos. Rafaela já era amiga da irmã dele antes do namoro e, inclusive, é madrinha do filho mais velho. Ele é o padrinho. “Na semana que estávamos nos conhecendo, o Paulo (o afilhado) estava com seis meses e recebemos o convite para sermos padrinhos”, relembra.

A convivência com toda a família é ótima: “Eu os amo demais, amo estar com eles. Eu já era muito amiga da irmã dele, sempre ia para a casa dela, sou madrinha de um filho dela, então, eu já era da família antes de entrar na família”, brinca. Nas tarefas da casa, todo mundo se ajuda, em especial na limpeza. Rafaela admite que não tem dom de cozinhar e admira o namorado pelo talento que, segundo ela, puxou da mãe. “Ajudo no que posso. Mas sempre sou eu quem faz as gordices (sobremesas)”, brinca.

Morarem juntos não significa que lhes falte privacidade ou tempo para se dedicar a eles próprios. Enquanto ela trabalha, ele faz o que precisa e quer. Quando ela chega, ainda estuda um pouco, enquanto ele assiste a alguma série. Nos finais de semana, ele sai para correr, assiste ao futebol, e ela faz as coisas dela. “A gente sabe respeitar o espaço sem precisar pedir”, orgulha-se.

Para o Dia dos Namorados, eles ainda não têm certeza do que vão fazer, mas, com certeza, em casa. “Já pensei em várias coisas, até mesmo em fazer algo simples e depois, quando realmente pudermos, comemorarmos ‘de verdade’, mas ele geralmente tem as melhores ideias para esse tipo de comemoração”, diz Rafaela. Por enquanto, será uma surpresa.
 
 


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