Correio Braziliense
postado em 07/06/2020 04:34
Desde que nasci, minha mãe esteve presente nos momentos mais alegres e, também, nos mais tristes. Preparou para mim cada brigadeiro de cada festinha de aniversário e, também, o remédio certo para cada dor. Ao perceber que eu ficava chorosa diante de conflitos, injustiças ou qualquer tipo de sofrimento, sempre tinha uma história para contar e aliviar minha cabecinha sempre cheia de opiniões!
Meu pai conta que, quando a conheceu, no interior de Minas, ela era a mais linda, a mais alegre e bem-humorada da cidade, e ele, imediatamente, se apaixonou.
Casaram-se numa cerimônia simples, ambos com 22 anos de idade. Ele havia lhe dito que a levaria para morar numa cidade moderna, cosmopolita... Em sua mente cheia de imaginação, ela concluiu logo: São Paulo.
Foi parar na capital da República, a recém-inaugurada Brasília.
Em vez de cidade cosmopolita, Brasília era um canteiro de obras. Ela conta que a casa vivia coberta por uma poeira vermelha, que insistia em voltar pouco tempo depois de ela limpar com cuidado qualquer superfície! Mas não seria uma poeirinha qualquer que iria estragar a felicidade dos pombinhos. Rapidamente, ela se adaptou à nova realidade e, sem reclamar, foi preparando o ninho para que eles pudessem receber a visita da cegonha! Meu irmão Cyro, um lindo bebê, perfeitamente saudável e alegre, chegou logo e encheu de luz o lar dos Fidalgo.
No ano seguinte, veio uma menininha, Cinira, e no ano seguinte, mais uma fofa, a Guta.
Em três anos, sua vida havia se transformado por completo. Casou-se com o amor da sua vida e, com essa novidade, todas as outras vieram. Havia deixado o interior do país, se mudado pra capital, e dado à luz três crianças maravilhosas!
Quando ela conta, todos ficam cansados só de pensar em criar, sem babá, três bebês ao mesmo tempo, numa época em que não havia fraldas descartáveis! Mas ela sempre comenta da enorme felicidade que sentiu.
Eu vim bem depois, quando ela já tinha adquirido enorme experiência. Com sete anos de intervalo, minha chegada foi mais uma grande alegria!
Em cada fase de sua vida, dona Gilka soube aproveitar o que havia de melhor. Mesmo nos momentos difíceis, ela soube perseverar, e hoje se orgulha de ter tido uma vida boa e um casamento que completa 60 anos em dezembro próximo. Meus irmãos e eu crescemos cheios de saúde e disposição para trabalhar muito e com um sorriso no rosto... Exatamente como ela sempre fez.
A família cresceu: sete netos e dois bisnetos carregam nas veias a beleza dessa mulher.
Esta semana, ela faz aniversário e, como estamos de quarentena em casas separadas, vamos comemorar de longe, mas com enorme gratidão ao universo por ter criado essa mulher maravilhosa que tenho a sorte de chamar de mãe.
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