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O amor romântico faz a diferença até entre os passarinhos

Estudo mostra que as aves têm parcerias parecidas com as dos humanos: costumam escolher um(a) companheiro(a) e seguem a vida juntos

Correio Braziliense
postado em 09/06/2020 13:28

Estudo mostra que as aves têm parcerias parecidas com as dos humanos: costumam escolher um(a) companheiro(a) e seguem a vida juntos

As pessoas paqueram, apaixonam-se, namoram, ora são aceitas, ora são rejeitadas, até encontrarem uma parceria que julgam ser a mais acertada para viverem juntos, terem filhos, etc. Isso costuma ser um processo longo e cauteloso e poucos vão dizer que é uma perda de tempo e energia. Para a perpetuação da espécie seria mais econômico procriar sem toda essa experimentação? A espécie precisa mesmo do amor romântico? Os passarinhos podem nos ajudar a responder.

Ornitólogos do Instituto Max Planck na Alemanha demonstraram resultados de experiências com passarinhos que têm parcerias parecidas com as dos humanos: costumam escolher um(a) companheiro(a), seguem a vida juntos e dividem o trabalho da criação dos filhotes.

Eles estudaram 160 passarinhos e promoveram uma paquera inicial entre grupos de 20 fêmeas que podiam escolher livremente um macho em um grupo de 20 também. Depois que os pássaros formavam casais, eles eram divididos em dois grupos: casais que se entenderam espontaneamente e casais que foram separados pelos pesquisadores que, em seguida, eram forçados a novas parcerias.

 

Os resultados não deixam dúvida que a escolha espontânea faz a diferença. Os filhotes de passarinhos que continuaram com seus pares espontâneos tinham uma chance 37% maior de sobreviver nos primeiros dias de vida, provavelmente um reflexo do cuidado dos pais. Não houve diferença na mortalidade dos embriões entre os dois grupos, o que sugere que a atração pelo outro não é uma escolha pela melhor genética, mas atração por atributos comportamentais que favorecem a complementariedade.

Aqueles com “casamento arranjado” tinham o ninho com mais ovos não fertilizados ou desaparecidos. Os machos deram a mesma atenção às fêmeas, independentemente de serem da turma romântica ou arranjada. Já as fêmeas arranjadas foram menos receptivas ao macho e copulavam menos. Os casais arranjados eram também mais infiéis.

Isso parece familiar?

Uma série de experimentos foi publicada por pesquisadores da Universidade de Rochester, nos EUA, em parceria com o centro Herzliya de Israel e aponta que, entre os humanos, a relação é sexualmente mais forte quando o(a) candidato(a) parece ser mais viável para uma parceria romântica no longo prazo. Poderíamos dizer que o turbilhão da atração sexual é potencializado pelo amor romântico, que sinaliza uma complementariedade e segurança. O mesmo fenômeno foi observado entre casais que já tinham uma relação estável. Os que demonstravam mais respeito mútuo, consideração e afeto eram os que tinham a maior atração sexual.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

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