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Como é a biologia do isolamento social?

No cérebro, a solidão afeta negativamente a conectividade dos circuitos neuronais e o desempenho cognitivo, levando a um maior risco de desenvolver quadros demenciais

Correio Braziliense
postado em 17/06/2020 14:24

No cérebro, a solidão afeta negativamente a conectividade dos circuitos neuronais e o desempenho cognitivo, levando a um maior risco de desenvolver quadros demenciais 

O isolamento social como medida sanitária contra a pandemia que vivemos não é fácil, não é da nossa natureza. Somos criaturas sociais e nossas interações com o outro foi um dos maiores combustíveis para a rápida ascensão da cultura e civilização. Entretanto, a solidão é um fenômeno cada vez mais frequente nas últimas décadas. Dados do IBGE de 2019 mostram que 16,2% dos lares brasileiros têm apenas um morador. Essa cifra chega a 35% em países como Estados Unidos, Canadá, Itália e Inglaterra. Na Suécia, chegamos aos 50%.

Muitos desses moram sozinhos por opção e têm uma rica rede de relacionamentos. Outros não têm opção e frequentemente não têm essa rede. Esses são os mais vulneráveis ao fenômeno da solidão que afeta inúmeras condições da saúde física e mental chegando a reduzir a longevidade.    

No cérebro, a solidão afeta negativamente a conectividade dos circuitos neuronais e o desempenho cognitivo, levando a um maior risco de desenvolver quadros demenciais. Além disso, deixa a pessoa mais propensa a desenvolver transtornos mentais, como a depressão, e ser menos resiliente a essas doenças.

Uma vida solitária diminui a eficiência do sistema imunológico, levando a pessoa a ter mais infecções e responder de forma mais débil às doenças de uma forma geral. Já as pessoas socialmente integradas têm melhores marcadores de inflamação, melhor controle de peso e menor pressão arterial.

Alguns países, como a Inglaterra, estão atentos ao problema, especialmente entre os idosos, possuindo programas para reduzir o impacto da solidão no país, tratando-a como uma condição tão maléfica à saúde da população como é a obesidade e o tabagismo.

* Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília 

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