Revista

Planos interrompidos

Correio Braziliense
postado em 21/06/2020 04:27
Antes da pandemia, o doutor em biologia Pedro Gatts, 30, esperava o resultado de três editais de pós-doutorado aos quais havia se candidatado. No início do ano, ele submeteu os projetos. "Por sorte, a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), deu um andamento rápido ao processo, mesmo na quarentena, para que os candidatos entrassem e começasse a vigência. Se não, perderíamos a bolsa", conta, aliviado.

Já as outras duas universidade, a Federal do Maranhão (UFM) e a do Espírito Santo (UFES), adiaram os resultados e, até então, estão sem prazo. "Por conta dos projetos que eu enviei e dos lugares, elas me tirariam da minha zona de conforto", esclarece Pedro, embora a predileção seja justamente por elas. A grande expectativa ainda é a UFM. "O projeto ficou bem amplo, bem legal. Seria um salto na carreira. E me mudar para um lugar tão distante também seria bom", admite. 

Ele revela que é uma pessoa que não costuma acumular coisas. "Nessa vida acadêmica, eu fui muito para lá e para cá", explica. Então, uma mudança não é tão complicada. Também não tomou nenhuma medida nesse sentido, pois sabe que pode se frustrar. "Medidas práticas, só tomo com o resultado", garante. Mas o plano de se mudar, seja para Alegre (ES), seja para São Luís (MA), continua na cabeça.

Os pós-doutorados de Pedro não foram as únicas projeções em suspenso. No momento, ele deveria estar voltando de uma expedição de um mês organizada pela Marinha do Brasil aos arquipélagos de São Pedro e São Paulo. Em fevereiro, ele e um grupo de pesquisadores de diversas universidades brasileiras foram a Natal, o ponto continental mais perto do conjunto de ilhas, para fazer um treinamento. "É um local que exige certos cuidados que não estamos acostumados, porque é uma região muito peculiar geologicamente e ainda com uma biota super diferente no meio do oceano", conta.

Um pouco antes da quarentena, no entanto, a Marinha cancelou as atividades de pesquisa, para evitar a exposição de todos. No início do mês de maio, eles adiaram as expedições para o ano que vem, mas ainda não há um cronograma. "Foi bem frustrante, porque cria-se expectativa, já que é uma coisa muito planejada, não acontece da noite pro dia", lamenta.








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