Revista

Saudades sem fim

Correio Braziliense
postado em 21/06/2020 04:27
Quando sua golden retriever Eva faleceu devido às complicações da leishmaniose, o advogado Fábio Duarte, 61, encontrou no memorial o lugar que procurava. “Eva morreu muito jovem, tinha um ano e pouco. Os goldens são alegres, doces e gostam de brincar muito quando jovens, ela não deu sinal de que tinha contraído a doença e, quando começou a dar sinais, já tinha comprometido alguns órgãos. Estava desnorteado e apareceu esse folheto informando sobre a existência do memorial. Entrei em contato com eles, que prontamente atenderam”.

Na época, em 2012, ele acompanhou o velório e conta que a paisagem e atmosfera do local, que fica em uma colina, foram importantes no momento. “É uma hora de reflexão, de oração e de pedir que o espírito deles seja recebido e lá é um lugar encantador”, afirma.

Com o passar dos anos, outros companheiros de quatro patas, como a basset hound Nina, a golden Mel, a dachshund Meg e, há alguns meses, o maltês Frederico passaram a fazer parte do jardim junto à Eva e o advogado faz questão de ir visitá-los frequentemente.

A saudade de seus animais é inevitável e hoje, tendo a golden Lola, a yorkishire Flor, a vira-lata Maria Cecília em casa e à espera do novo membro da família, o maltês Bento, Fábio confirma: “Você não vai encontrar esse amor, essa fidelidade no ser humano, por melhor que ele seja. Os animais de modo geral, já nascem sabendo amar”.

Assim como Duarte, a personal organizer Adriana Amaral, 53, enterrou seu pet no ano de 2012. Ela lembra que o sepultamento de Flick, poodle com quem viveu durante quase 13 anos, foi triste e libertador ao mesmo tempo, uma vez que ele vinha sofrendo há alguns meses por causa das complicações depois de uma cirurgia na coluna e de um tumor.

Um diferencial para ela foi a oportunidade de poder deixar um recado para Flick. “Lá tem uma sala onde as pessoas deixam mensagens, dedicando seu amor pelo bichinho. Nosso animalzinho recebeu uma passagem digna. Pudemos retribuir todo o amor que ele nos dedicou naqueles anos”, explica.

Adriana conta que sempre guardará lembranças do persuasivo, cativante e amoroso Flick e compartilha uma de suas memórias especiais: “Quando acabava a água de beber, ele dava um tapa certeiro para tombar a vasilha, carregava pela borda de baixo com a boca e soltava na minha frente, como quem diz: mãe, tô com sede!”.









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