Correio Braziliense
postado em 28/06/2020 04:20
Na semana passada, escrevi aqui um convite ao amigo leitor para acompanhar a live SOS Rainforest, que arrecadou fundos para ajudar as populações indígenas afetadas pela covid-19. Foi um evento realmente magnífico, com a participação de diversos artistas, especialistas e lideranças indígenas, unidos pela proteção da Amazônia e dos povos que vivem na floresta.
Minha sensação foi parecida com a de uma rave, pois fiquei, ao vivo, durante sete horas ininterruptas! Foi exaustivo, emocionante, triste, mas, acima de tudo, muito informativo. Preparei para vocês, um pequeno apanhado das informações mais relevantes:
*A Amazônia, assim como outros ecossistemas, é um patrimônio nacional, e a nossa Constituição Federal impõe que sua utilização seja feita respeitando a lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
* Como maior floresta tropical do mundo, a Amazônia tem um papel e uma importância planetária para a manutenção da biodiversidade, das culturas, dos conhecimentos tradicionais e para o equilíbrio do clima. Assim, propor qualquer regramento ambiental que flexibilize o uso desses recursos não encontra respaldo em nossa lei maior e contraria os tratados Internacionais dos quais o Brasil é signatário, como o Acordo de Paris e a Convenção da Biodiversidade.
* Entre janeiro e maio deste ano, uma área equivalente a um campo de futebol foi desmatada na Amazônia por minuto.
* Pelo menos 4.500km² de florestas derrubadas na Amazônia aguardam pela queima na estação seca, que começa em junho. É uma área equivalente a três vezes o município de São Paulo e corresponde a 45% do que foi desmatado no período.
* Não existe fogo natural na Amazônia: é uma floresta tropical úmida e, para queimar, alguém sempre precisa acender um fósforo.
* Se a taxa de desmatamento nos próximos meses se mantiver como a do ano passado, podemos ter cerca de 9 mil km² desmatados prontos para queimar. Se 60% de tudo isso queimar, a estação de fogo de 2020 será tão ruim quanto foi a de 2019. Se 100% queimar, a região pode passar por uma calamidade de saúde sem precedentes, pela sobreposição com a pandemia.
* A grilagem é uma das maiores causas do desmatamento na Amazônia. Ela é o roubo do patrimônio dos brasileiros por alguns poucos, que invadem uma área pública, desmatam, queimam e depois vendem para outros usarem para pecuária ou agricultura. Os grileiros atacam florestas não designadas (terras devolutas), terras indígenas e unidades de conservação. E grileiro não respeitam quarentena.
* Este ano, uma estação de queimadas intensa pode criar uma “tempestade perfeita” com a covid-19 e piorar a situação de quem vive na Amazônia.
* A sobreposição de dois problemas – fumaça e covid-19 – tende a colocar a população da Amazônia em uma situação cruel: o sistema público de saúde da região é deficitário, muitos municípios do interior não têm UTI e algumas capitais já veem seus sistemas sobrecarregados.
* Os povos indígenas são especialmente vulneráveis. Hoje, eles já apresentam uma taxa 84% mais alta de infecção pelo coronavírus do que a média do Brasil e 150% mais mortes.
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