Correio Braziliense
postado em 05/07/2020 04:10
As irmãs Thais Castro Alves, 30, administradora, e Virgínia Castro Alves, 22, estudante de arquitetura e urbanismo, também começaram a confeccionar peças em tie dye graças à herança familiar. “Minha mãe faz trabalhos manuais de todos os tipos. Minha avó passou isso para ela e, agora, ela passa para nós. Ela já tinha feito muito tie dye quando era da minha idade. Já eu e minha irmã tivemos o primeiro contato agora, com a Tela”, explica Virgínia.
A marca Tela (@_____tela) surgiu em novembro de 2019 como fonte de renda extra para o casamento de Thais. A ideia era criar um espaço digital e produzir peças de processo artesanal que fossem atuais e fizessem sentido com o estilo das duas. Neste momento, estão dedicadas ao tie dye, e criam camisetas e conjuntos de moletom. “Vemos a volta do tie dye como parte de um movimento muito maior de valorização do artesanal, de apoio a pequenos negócios e à disseminação de tendências por canais digitais – o que faz todo sentido no contexto que estamos inseridas, conversando diretamente com nosso estilo pessoal”, afirma a administradora.
A produção leva, em média, três dias, desde a preparação da peça branca até a secagem completa da tinta. A dupla usa diferentes técnicas, de acordo com o tecido e a padronagem que querem criar. As irmãs costumam sempre fazer testes e adaptações para alçar o resultado desejado, que pode ser impactado por vários fatores, como clima e absorção da tinta. “Por isso, estamos sempre fazendo testes e adaptando a técnica”, explica Thais. Para Virgínia, o tie dye pode até parecer simples no estilo “faça você mesmo”, mas a venda requer uma padronização mínima dos produtos, que não é tão fácil de se obter.
A procura por peças tie dye, garantem, está em alta, e, em média, 70% das vendas da marca são para o público brasiliense. Um dos motivos, acreditam, é que a cidade, muitas vezes, tem temperaturas de verão e inverno no mesmo dia. “Os moletons quentinhos, confortáveis e coloridos poderão ser usados até mesmo depois da estação mais fria.”
DIY para criança
Crianças e adolescentes também parecem gostar da ideia de colorir e customizar a própria roupa, desfilar peças feitas por eles mesmos e exercitar a criatividade em uma atividade divertida. Para a advogada e empresária Iza Garcia, 39, essa é, inclusive, uma oportunidade de exercício. “Durante o processo de tingimento artesanal, as crianças praticam a atenção plena, ou mindfulness — um estado mental que se caracteriza pela autorregulação da atenção para a experiência presente, numa atitude aberta, de curiosidade, ampla e tolerante, dirigida a todos os fenômenos que se manifestam na mente consciente.”
Fundadora da Bela Mini (@belamini.vestidoteca), confecção brasiliense que oferece roupas artesanais para mães, filhos, bonecas e até pets se vestirem iguais, ela criou um kit de DIY (do it yourself, ou faça você mesmo, em livre tradução) para os pequenos criarem seu look tie dye. “O ateliê foi projetado para receber as crianças. Na quarentena, decidimos criar os kits DIY para que elas pudessem fazer a experiência na segurança de suas casas”, explica.
As peças disponíveis para tingimento são t-shirts, regatas com nó, legging e short-saias, que vêm acompanhadas de tintas, aplicadores, elásticos e itens de segurança, como luvas e aventais. Iza conta que fez diversos testes até chegar ao kit perfeito para o público infantil. “Escolhemos a tinta atóxica, fizemos um manual de orientações bem didático e já entregamos a tinta na diluição certa para evitar erros nesse processo.”
Fonte de inspiração para Iza fundar a loja, Bruna Garcia Demczuk, 9, filha da empresária, ama tudo o que é colorido. Recentemente, elas se divertiram pintando roupas e fazendo novas misturas de cores. “Como o processo tem etapas, passamos muito tempo juntas. Ela escolheu as cores e fizemos a técnica tradicional espiral, a mais fácil para crianças. Ela amou o resultado e ficou orgulhosa de ter feito a própria roupa. A brincadeira é tão divertida que, depois do look, tingiu panos de prato, roupas de boneca, máscara e até a fronha do travesseiro.”
A advogada vê a tendência como um lindo trabalho artístico e uma forma de reduzir, reciclar e reutilizar, uma vez que permite que peças sejam renovadas. “Gostamos de afirmar que não há dias cinzentos para quem sonha colorido.”
Para se inspirar
A consultora de imagem Thais Parreira comentou os looks de alguns artistas e influenciadores.
Caio Caramaschi, influenciador digital
Esse modelo de tie dye é bem versátil. Por ter apenas duas cores neutras, fica fácil de combinar com outras peças e pode ser usado, inclusive, para fazer um mix de estampas. Com a bermuda jeans, o look passa uma mensagem mais “informal”.
Lellê, cantora e atriz
O conjunto tie dye em um tecido mais refinado, combinado com um sapato de salto alto, deixa o look elegante. O legal do conjunto é que, depois, você pode usar as peças separadamente, multiplicando as possibilidades.
Preta Gil, cantora
Temos visto muito o conjunto de moletom com tie dye. É um look casual, ótimo para ficar em casa nos dias mais friozinhos ou em momentos que não nos exigem formalidade.
D Lex, DJ
Uma peça colorida, como essa t-shirt, deixa o look mais divertido. Uma dica é combinar com a parte de baixo neutra. Se a intenção for deixar o visual mais elegante, é possível usar com uma peça social, como uma calça de alfaiataria, ou até colocar um blazer como terceira peça.
Preston Konrad, diretor-criativo norte-americano
O tie-dye não precisa necessariamente ser na camiseta. Nesse caso, foi usado no casaco, com um tecido mais encorpado. Essa é uma ótima opção pra quem quer aderir à tendência passando uma mensagem um pouco menos informal.
Ingrid Guimarães, atriz e apresentadora
Para quem quer investir em uma peça tie-dye, mas não sabe qual, o quimono é uma boa opção, pois pode ser usado em diferentes ocasiões, como saída de praia, terceira peça para incrementar um look básico, ou até nos dias mais friozinhos, trocando apenas os acessórios.
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