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Mulheres estão falando mais de uma língua. Os homens podem melhorar

As meninas brincam cada vez mais com o que, em outras décadas, era coisa só de menino. Os meninos, por sua vez, não têm tido a mesma chance

Correio Braziliense
postado em 09/07/2020 16:18

As meninas brincam cada vez mais com o que, em outras décadas, era coisa só de menino. Os meninos, por sua vez, não têm tido a mesma chance

Existem muitas abordagens engraçadinhas sobre diferenças de gênero, como homens são de um planeta e as mulheres de outro, homens não perguntam o caminho enquanto as mulheres não perguntam o preço, etc. Tenho pensado ultimamente numa outra provocação: mulheres são bilíngues, homens monolíngues. Vou explicar.

 

Existem algumas diferenças no comportamento e nas habilidades cerebrais entre homens e mulheres já bem estudadas e reconhecidas. A visão geral da ciência é de que a maior parte dessas diferenças é decorrente do estímulo ambiental e não dos genes herdados.

As mulheres podem ter mais talento nisso e homens naquilo, mas, na verdade, eles foram criados numa cultura que impulsiona essas diferenças. As meninas começam a falar mais precocemente, leem e escrevem melhor, e as brincadeiras de boneca e de casinha estimulam essas capacidades. Já os meninos são mais ativos fisicamente e chegam à idade adulta com uma melhor capacidade de orientação visoespacial. Por serem mais ativos, foram mais estimulados por atividades esportivas que alimentam essa aptidão.   

Não há dúvida que, no desenvolvimento da identidade sexual das crianças, as simbologias de masculino e feminino são fundamentais. Entretanto, as meninas brincam cada vez mais com o que em outras décadas era coisa só de menino. Os meninos, por sua vez, não têm tido a mesma chance. São poucos os adultos, ou mesmo amiguinhos, que aprovam ou estimulam brincadeiras de casinha e boneca entre os meninos.

Não estou sugerindo que os meninos troquem o futebol pelo balé, ou o carrinho pela Barbie. Penso que eles poderiam ser mais estimulados a brincar com atividades que exercitem a fantasia e a criatividade que costumam ser mais explorados pelas meninas. Esse universo feminino pode favorecer a criação de circuitos neurais que permitirão os machinhos chegarem à idade adulta com muito mais talentos, falando outras línguas.

 

Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

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