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O luto transformado em ações significativas

Perder alguém querido representa uma dor imensurável, mas, felizmente, tem quem consiga fazer do luto algo positivo e ressignificar a vida. Conheça alguns desses exemplos

Correio Braziliense
postado em 26/07/2020 08:00
Vânia Borges escreveu um livro sobre a experiência de perder o marido, Jarismar, e os quatro filhos, Anna Beatriz, Júlia, Pedro e Rayran em um acidente. Atualmente, ajuda outras mães que também perderam filhos.Perder alguém nos coloca mais perto do óbvio da finitude, mas da qual pouco se fala. É tempo de viver o luto, de sofrer, de chorar e passar por todas as fases descritas por profissionais da saúde mental. É momento, também, de ressignificar a vida, adaptar-se à nova realidade, viver sem aquela pessoa. Como cada um passa por isso, varia – com ajuda psicológica e/ou psiquiátrica, focando no trabalho, com ações de solidariedade, colocando no papel o que viveu e o que sente.

As regras, explica a psicóloga Juliana Gebrim, são não tentar acelerar o processo do luto e não estacionar em uma das fases dele. “É preciso cumpri-las e não estacionar em nenhuma. Ter uma depressão e não superar, sentir raiva e não superar. Aí, configura-se o luto patológico, e a pessoa pode precisar até de um auxílio medicamentoso”, afirma.

A psicóloga clínica Elisa Leão, professora da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília e coordenadora do grupo de estudos e pesquisa psicossociais sobre desenvolvimento humano, acredita, no entanto, que o luto pode ser vivido em outras situações, que não a perda de alguém. “A gente usa a expressão para o tipo de sentimento que a pessoa tem em situações de separação, seja ela por falecimento, por divórcio, seja até pela morte de uma expectativa, de um plano.”

Depois de perder toda a família

Em dezembro deste ano, faz 10 anos do acidente que fez com que a professora Vânia Borges, 51, perdesse o marido, Jarismar, e os quatro filhos, Anna Beatriz, Júlia, Pedro e Rayran. Ela também estava na tragédia e ficou com 70% do corpo queimado e internada por três meses no Hospital Regional da Asa Norte.

No dia do acidente, ela tentou salvar as duas filhas, mas não conseguiu. Na ambulância, já sabia que as “havia devolvido a Deus”. Ali dentro, ao lado de Rayran, ela decidiu que escreveria um livro, e que ele se chamaria Pérolas no asfalto. A notícia da morte dos outros dois filhos e do marido, no entanto, só veio quando ela deixou o hospital. “No dia 17 de março de 2011, quando tive alta, eu fui para o apartamento dos meus pais para continuar o tratamento, e minha mãe me contou. Nós nos abraçamos, chorei, chorei e dormi. No dia seguinte, pedi força a Deus”, relembra.

Segundo Vânia, não existe superação para a perda que sofreu, mas ela diz que “a dor serenou”. Mesmo com um trauma encefálico grave, ela não perdeu a memória do acidente e, há seis anos, quatro depois da perda, lançou o livro sobre a experiência. Ela colocou no papel tudo o que viveu e sentiu, e admite que nunca conseguiu ler o resultado. “Foi uma catarse, para expurgar tudo que estava sentindo. Foi muito curativo”, ela conta.

Isso não significa, no entanto, que foi fácil. “Quando chegou à parte em que eu e o Rayran estávamos na ambulância, eu fiquei três meses sem digitar nada. Depois, com muito gás, eu continuei”, orgulha-se. Nesse trecho, Vânia conta que o filho pedia água e ela explicava que o garoto não podia tomar porque, se precisasse de uma cirurgia, tinha que estar em jejum. “O socorrista, muito comovido, pingou algumas gotinhas na boca dele”, recorda-se.

Especialmente depois do livro, mães ligavam para Vânia, em busca de um conforto, um consolo, para trocar sentimentos e alento. “Algumas já ligaram porque queriam tentar suicídio, outras estavam sem tomar banho havia semanas”, conta. Ela encontrou mais um sentido para a vida dela, além do trabalho como professora. Passou a auxiliar outras mães enlutadas. Entrou em um grupo de apoio com mais três mães, a Rede Api — Apoio a Perdas (I)rreparáveis. Tudo isso para enviar uma mensagem positiva para outras mulheres que também perderam filhos.

Vânia fez amizades, deu palestras e viajou. “Em 2018, fui chamada para palestrar em Portugal, fiz contatos que duram até hoje”, conta. Em 2016, voltou a morar na casa em que vivia com a família. Só no ano seguinte começou a encontrar amigos, recebê-los em casa. Antes disso, sentia-se culpada. “Mas, ainda, tem momentos em que eu choro, coloco as músicas que me lembram deles, pego o violão do meu marido, embora não saiba tocar”, relata.

Depois da publicação de diversas edições do Pérolas no Asfalto, Vânia acredita que a que está à venda, atualmente, será a última. O trabalho ajudando outras mãe, no entanto, não vai parar.

Serviço
O livro Pérolas no Asfalto pode 
ser comprado com Vânia.
Contato: 99993-8173

Homenagem por meio do trabalho

Perder alguém querido representa uma dor imensurável, mas, felizmente, tem quem consiga fazer do luto algo positivo e ressignificar a vida. Conheça alguns desses exemplos
Vai fazer um ano que a designer de moda e estudante de engenharia Sofia Emi Maia Pinto Ishihara, 23, perdeu o pai. A morte foi repentina, inesperada. Uma queda causou uma fratura craniana, que levou a uma hemorragia cerebral. Justamente no Dia dos Pais. Ele ficou no hospital alguns dias, entrou em cirurgia, mas dormiu e não acordou mais. A dor ainda faz com que os olhos se encham de lágrimas e a voz tremule. “A impressão é de que o luto não passa. É como se nós fôssemos nos acostumando. Como se fosse um degradê.”

Sofia estava no último semestre de design de moda quando aconteceu a tragédia. As aulas haviam acabado de começar e ela precisava pensar no que faria como projeto final. Enquanto muitos teriam dado um tempo no curso, ela decidiu continuar. “Não foi uma decisão consciente. Não sei o que foi. Eu, simplesmente, decidi que ia fazer. Foi uma vontade de escrever sobre aquilo que eu estava sentindo, porque era muito forte e era uma mistura louca de sentimentos”, relembra.

Atrasou-se em alguns prazos, nos momentos de luto latente, mas correu atrás e, em seguida, reergueu-se. E o projeto final não podia ter mais a ver com tudo que ela estava sentindo. Como padrão, os estudantes devem desenvolver uma marca, desenhar uma coleção e confeccionar pelo menos quatro looks. A coleção foi toda baseada não só na experiência dela com a internação repentina do pai, a morte e o luto, mas em teorias acadêmicas sobre esse processo.

As peças traduziram todo o desespero do momento: a impotência, a esperança, a dor, o desamparo, a fragilidade, a tensão, a preocupação, a ansiedade, o cansaço e, claro, a vontade de chorar. Ela canalizou tudo isso no trabalho, e o resultado foi positivo, ainda que as emoções fossem pesadas.

Processo catártico

Ao escolher a experiência que vivia como tema, Sofia, ao mesmo tempo, distraía-se – quando escrevia sobre a sua marca, a Emi (do japonês, essência) – e processava a perda do pai. “Como eu comecei a fazer tudo logo depois do falecimento, nas partes mais emotivas, eu escrevia, chorava, eu escrevia, chorava. Colocava meu coração, então, teve essa coisa catártica”, conta sobre o processo.

A marca, por hora, está parada, até que Sofia termine a segunda graduação. Como engenheira de produção, ela acredita que fará a Emi evoluir muito, ainda. E que será uma grande memória do pai, ainda que ele, a princípio, não gostasse da ideia da filha fazer moda. Embora tenha sempre apoiado as escolhas dela.

Dor solidária

Perder alguém querido representa uma dor imensurável, mas, felizmente, tem quem consiga fazer do luto algo positivo e ressignificar a vida. Conheça alguns desses exemplosMantendo-se exclusivamente de doações, o Instituto Doando Vida por Rafa e Clara funciona nos arredores da Chácara Santa Luzia, uma das regiões mais vulneráveis do Distrito Federal, desde 2018. Rafa e Clara são filha e neta de Luciana e Henrique Andrade. Elas sofreram um acidente, no Canadá, em agosto de 2013, e não resistiram aos ferimentos.

Embora os dois, fundadores do local, ajudem, ali, 66 crianças e diversas famílias, eles acreditam que, na verdade, o instituto doou vida, principalmente, para eles mesmos. Segundo Henrique, estar lá é uma terapia. “Eu falo que é o encapsulamento da dor em doação, porque a dor nunca vai passar. O instituto é a perpetuação delas na minha vida”, afirma.

Diante da perda dolorosa, o casal precisou ressignificar a vida. E fez isso por meio da solidariedade. Foi uma forma de sentir a filha e a neta perto, de manter viva a memória delas. Eles admitem que continua sem ser fácil falar das duas e sobre a perda repentina. Quando o mês de agosto começa a se aproximar, o casal vai ficando mais sensível. Mas, no coração de Luciana, “vai se consolidando que elas estão aqui perto de mim”.

O trabalho assistencial foi inspirado pela própria Rafa e pela Clara. “A Rafaela era uma pessoa diferente, ela tinha muita fé e sempre quis muito ajudar pessoas carentes. Por ser nutricionista, a desnutrição de crianças era uma preocupação muito forte dela”, relembra a mãe. Já Clara, mesmo com apenas 2 anos, foi capaz de salvar a vida de outras duas crianças por meio da doação de órgãos. “Foi um choque para a gente. Mas fazia cinco anos que ninguém doava órgãos na cidade em que elas moravam, e houve uma mudança cultural lá”, conta Luciana.

Doando amor

Em 2014, Henrique e Luciana fizeram uma campanha de doação de sangue. A neta Clara precisou de transfusão, e eles viram a importâncias dos estoques adequados. Acabou que a ideia se expandiu e passaram, também, a arrecadar outras doações (alimentos, roupas, objetos de cozinha). Encheram um caminhão. Mas viram que não ficariam satisfeitos com eventos pontuais.

O casal decidiu conhecer a região de Santa Luzia justamente por saberem que é um local de baixíssimo índice de desenvolvimento humano. “Nós nos encantamos com aquelas pessoas que precisavam de tanto e com a possibilidade de ajudá-las. Na época, era uma comunidade formada, basicamente, de catadores de lixo”, lembra Henrique. Antes de criarem a própria instituição, ajudaram na construção de outra. Mas queriam fazer ainda mais.

Criaram o Instituto Doando Vida por Rafa e Clara. Além de uma creche, em que as crianças podem ficar, com todo o apoio pedagógico, para os pais poderem trabalhar, a instituição emprega pessoas da região e ajuda a comunidade com cursos de capacitação, preparação de currículo e de entrevistas de emprego. “Como participar de uma rede social de forma profissional, como fazer fotos para vender um brigadeiro gourmet”, exemplifica Henrique.

Luciana faz questão de ressaltar que, ali, eles querem o melhor para as crianças. “Não queremos oferecer qualquer coisa. Queremos dar dignidade a elas”, afirma. Mas isso não significa que fechar as contas seja sempre fácil e que ajudas não sejam importantes. Até porque permitem que, a cada ano, o instituto receba mais meninos e meninas.

Com a pandemia, as portas do instituto estão fechadas, mas, toda semana, eles garantem doação de alimentos e de materiais de limpeza às famílias assistidas. Além disso, as monitoras das crianças entregam atividades para serem feitas em casa e fazem vídeos de histórias para serem assistidos no YouTube.

“Alguns pais levam os filhos ao instituto quando vão pegar as doações. Muitos não querem ir embora. É gratificante. E a gente conseguiu trazer as meninas para mais perto da gente, porque foram elas que nos inspiraram. A cada menininho que abraça a gente, a gente sente a Clarinha perto”, conta Luciana.

Serviço
www.institutodoandovida.org.br
https://www.facebook.com/institutodoandovida/
Instagram: @institutodoandovida
YouTube: procure por “instituto doando vida por rafa e clara”

Um luto simbólico

Perder alguém querido representa uma dor imensurável, mas, felizmente, tem quem consiga fazer do luto algo positivo e ressignificar a vida. Conheça alguns desses exemplos 

 

Noah Carneiro acabou de fazer 1 ano. O menino sorri, brinca, toca instrumentos. Toda segunda-feira, vai ao hospital fazer uma sessão de quimioterapia. Lá, também faz uma farra. “Por conta da pandemia, a gente fica sempre em casa, então, é o dia que ele passeia, anda de carro. E lá, ele é a estrela, o centro das atenções”, conta o pai, Leonardo Carneiro, 34, analista de dados. A alegria do pequeno, que teve até uma festa de aniversário na última sessão, tranquiliza bastante tanto o pai quanto a mãe, Paola Carneiro, 32, analista financeira.

O casal recebeu o diagnóstico de fibrossarcoma (um tumor maligno) do filho quando ele tinha apenas 6 meses. Depois de tomar uma vacina na coxa, a perna do bebê inchou por vários dias. Os pais levaram ao médico e, a princípio, a pediatra afirmou que era apenas uma reação do imunizador. O edema não foi embora e Leonardo e Paola levaram a outra médica, que pediu uma ecografia e uma biópsia. “Engolimos em seco”, conta a mãe.

Ao descobrir que era, de fato, um câncer, os pais de Noah sofreram um grande baque, bem característico de um luto. “É o que chamamos de luto simbólico, de morte simbólica, porque se espera que a vida vá andar de uma forma e acontece algo que provoca a morte da expectativa anterior”, explica a psicóloga Juliana Gebrim.

Segundo Paola, embora tenha sofrido um susto maior com o diagnóstico, depois dele, ainda vieram várias situações que ela descreve como “socos”. A princípio, seria possível, simplesmente retirar o tumor, já que não havia metástase (tumores secundários em outras partes do corpo do filho). No entanto, na avaliação do cirurgião, seria necessário retirar praticamente todo o músculo da coxa. “Ele com 7 meses; nem engatinhava ainda”, lamentou Leonardo. A oncologista, então, ponderou que seriam melhores outras alternativas de tratamento.

Com a decisão por um tratamento, vieram as diversas pesquisas dos pais sobre ele e a negativa do plano de saúde. Os dois precisaram entrar na Justiça para conseguir acesso ao medicamento, que é muito caro. Algumas semanas antes de começar a usá-lo, Noah começou a sentir dor na perna, o que também foi difícil para a família. O remédio solucionou a dor, mas, alguns meses depois, chegou-se à conclusão de que não estava sendo tão eficiente quanto o esperado. Mudança de tratamento. Mais uma vez, negativa do plano de saúde. Justiça. E, finalmente, quimioterapia.

Esperança

Agora, Paola e Leonardo esperam com apreensão pelo próximo dia 4 de agosto, uma terça-feira, quando Noah fará uma ressonância magnética e será possível avaliar os resultados das sessões de quimioterapia. “A diferença de um luto comum para o nosso é que a morte, por mais difícil que seja, é uma queda única. As nossas oscilam, ao longo do tempo. A gente fica cheio de esperança, aí o tratamento não dá certo, aí vem outra coisa. A poeira abaixa e levanta, sempre”, avalia Leonardo.

Mas, na última semana, uma ideia deu um gás e um ânimo a mais para o casal. Já há algum tempo, Paola e Leonardo pensavam em fazer algum gesto solidário quando Noah completasse 1 ano. Mas não sabiam exatamente o quê. Talvez uma doação. Quando o momento chegou, porém, tiveram uma ideia muito mais expansiva.

Mesmo sendo extremamente reservado, o casal decidiu abrir o coração e contar a história da família nas redes sociais. Tudo isso para arrecadar doações de todo tipo — financeira, de alimentos, peças de roupa — para a Abrace (Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias), instituição que oferece assistência social a crianças e adolescentes com câncer e outras doenças graves. “Nós vimos o trabalho deles de perto e vimos como é relevante”, garante.

Com duração de um mês, a campanha foi um sucesso. Arrecadou mais de R$ 7 mil, sem contar cestas básicas, mantas e outras doações. E, além de ajudar diversas famílias, revigorou o casal. “Deu uma recarregada forte nas nossas energias, porque a nossa sensação de impotência é constante”, diz Leonardo. O casal sempre reforça a ideia de que, se a situação já é difícil para eles, que moram em Brasília, estão empregados e têm plano de saúde, imagina para pessoas sem isso. Leonardo e Paola acabaram ajudando de outra forma: com informação. Após ter contato com a história de Noah, muita gente conversou com eles para tirar dúvidas sobre os tratamentos, medidas judiciais.

Eles também tiveram uma pessoa que lhes ajudava com algumas questões, quando descobriram o diagnóstico do filho: uma médica cujo filho também teve câncer. “No diagnóstico, a gente fica tão sem chão, que encontrá-la foi uma luz”, relembra Leonardo. Por isso, o casal avalia manter o perfil para, quem sabe, dar um norte a outras pessoas.

Por enquanto, o casal está na luta. Com momentos de altos e baixos, mas com muita esperança, vislumbrando um bom futuro, em que, finalmente, poderão respirar aliviados e tranquilos e “juntar os pedaços”.

Serviço
Instagram: @noahdeboa

Fruto de solidariedade

A Abrace surgiu, também, do luto que se transforma em solidariedade. Há mais de 30 anos, um grupo de pais e mães cujos filhos tinham câncer e eram tratados no Hospital de Base do Distrito Federal, insatisfeito com o atendimento, decidiu criar a instituição. A princípio, os pais com mais condições financeiras ajudavam os com menos. Mas, depois, começaram a organizar diversas atividades, serviços e campanhas de assistência social. A Abrace construiu, por exemplo, uma Casa de Apoio para hospedar crianças e acompanhantes que não moram no DF. Em 1995, os membros da Abrace, com apoio dos médicos da unidade de pediatria do HBDF, perceberam a necessidade de um centro especializado na atenção a crianças e adolescentes. O GDF cedeu um terreno para o novo hospital, que foi construído com recursos doados pela sociedade brasiliense e ergueram o primeiro bloco do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS).

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