Correio Braziliense
postado em 26/07/2020 04:18
Dos anos 1930 a 1950, mulheres que eram pintadas em quadros ou calendários eram popularmente chamadas de pin-ups. Essas imagens ficaram conhecidas ao serem penduradas nas paredes para embelezar ou para serem admiradas, especialmente pelos soldados da Segunda Guerra Mundial. Ao longo do tempo, muitas pessoas transformaram, porém, esse vocabulário em um estilo de vida.
“Normalmente, são ilustrações de corpos em poses sensuais, mas não vulgares, ou seja, mostrando bastante feminilidade da mulher”, define a piercer profissional e modelo pin-up Luciana Monteiro Maia. “As mulheres aparecem sempre atraentes, com shorts curtinhos e blusinhas mostrando um pouco da barriga. Também podem usar um maiô, um biquíni ou uma roupa mais justinha”, descreve o vestuário de uma clássica pin-up.
Ao longo dos anos, o termo evoluiu e, hoje, é muito mais do que um estilo, é uma estética. “Popularizou-se, também, pelo uso das roupas de bolinhas (poá), pelos penteados e roupas parecidas ou inspiradas na época. Também é muito usado como fantasia atualmente”, diz.
Luciana inspira-se em alguns looks e maquiagens da cantora Amy Winehouse para montar os seus looks. Ela dá dicas de como arrasar. “Deve ter um visual caprichado e sempre bem pensado. Uma pin-up gosta de estar sempre impecável e de criar combinações. Não há imposição.”
Do doce ao rock
A hairstylist Jéssica Pink começou a se interessar pelo estilo rockabilly aos 15 anos. Ela dá uma dica básica de como criar o visual. “A minha combinação favorita é calça jeans de cintura alta, camiseta e um lenço no cabelo. Com a polarização do termo, é muito mais fácil achar looks acessíveis e fazer adaptações com roupas de lojas de departamento.”
O jeito pin-up de ser não está presente só nas roupas, mas, também, no cabelo e na maquiagem. Na cabeça, vale apostar em acessórios ou lenços. E complementar o visual com brincos de bolinha ou uma argola e um batom vermelho.
Para Jéssica, em comparação com as pin-ups antigas, hoje em dia, elas têm mais liberdade de fazer o que quer e escolher ser o que quiser. “Não tem mais a obrigação de ser submissa a um relacionamento. Afinal, gostar do estilo retrô não significa ser retrógrado!”, diz ela, especialista em penteado vintage.
Há mulheres que não se consideram pin-ups, mas são admiradoras do passado e da fotografia antiga, dos desenhos, das ilustrações e dos calendários. Esse é o caso da fotógrafa Violeta Céspedes, 31. “Eu tiro fotos de modelos vestidas e maquiadas nesse estilo. É umas das vertentes em que me inspiro e trabalho nos ensaios temáticos”, conta. Alguns ensaios foram feitos no Parque da Cidade ou até em uma barbearia da cidade, com a modelo em posições sensuais e empoderadas.
Ela diz que se identifica com as décadas 1920 a 1950 e, também, com estilos, como burlesco, rockabilly e de divas de Hollywood. Violeta estuda sobre o assunto e já até escreveu um flyer digital. “Pesquiso sobre os visuais pin-ups para retratar bem nas fotos”, diz.
Deu clique!
A modelo Ayanne Siqueira, 23 anos, ama o estilo pin-up. “Abriu portas não só para uma estética mais ampla de corpos, mas, também, para um comportamento mais livre das mulheres”, justifica. A jovem observa que esse universo traz com ele a recepção de todos os tipos de corpos e, de quebra, de estereótipos. “Eu era uma pessoa antes de ser uma pin-up. Agora, sou outra, depois que me encontrei, pois a minha autoestima mudou”, constata.
Ela sempre gostou de história, de ver indumentárias de época, saber o porquê de cada estética. “Quando vi, cada vez mais, estava lendo sobre essas décadas, sobre a evolução da visão feminina e das posições das mulheres na sociedade. Eu ficava presa e apaixonada.”
A moradora do Gama começou o processo de testes de novos visuais entre 2012 e 2013. “Um ano depois, resolvi adaptar o meu estilo de vida, o guarda-roupa, por fim, entrar nesse mundo. O meu estilo é uma mistura de cheesecake com rockabilly”, explica.
Segundo ela, o cheesecake ficou conhecido entre os anos 1930 e 1950, ao comparar as mulheres com a sobremesa (um bolinho). “Era aquela mulher doce, meiga e provocativa. O rockabilly, também é dos anos 1950, mas recebeu esse nome porque as mulheres que aderiram gostavam de roupas mais chamativas e iam em ambientes que tocavam músicas.”
Para ela, seja no ônibus lotado, indo para o trabalho, seja na rotina de mãe ou em qualquer outro lugar, a pin-up sempre está presente. “A minha combinação favorita, é uma saia-lápis (justa), blusa ombro a ombro, um acessório na cabeça e um salto.” Antigamente, as pin-ups costumam ser modelos e estavam em pôsteres. “Hoje em dia, elas podem ser manicures, arquitetas, professoras, médicas, etc. e podem estar em qualquer lugar. Não é só mais uma arte, tornou-se um movimento de união de mulheres, ou seja, um lifestyle.”
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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